Postagem em destaque

"Concreto"

Pedra, barro, massa     Mão, calo, amassa! Levanta parede  No ar  D a hora Que se levante! Mora dentro     F ora   Vi...

sábado, 20 de dezembro de 2008

2008 vai tarde!

E saibam todos que 2009 vai ser pior, por causa da crise...
E além da mega turbulência (sim, eu também pus quase tudo na Bolsa!) criada pelo cassino do tio GW Bush, ainda tivemos que aguentar a Mallu Magalhães, essa chata da Madonna, a Banda Calypso e a Ivete Sangalo, sem contar as conhecidas celebridades (todas da Globo, da Record, da Band e da RedeTV, podem escolher e ficar com as que lhe agradem: pra mim quase sempre dá nojo!).
No mundo empresarial, o Roger Agnelli é o ícone: entope o cu de dinheiro no cassinão, quase janta a Alcoa e a Rio Tinto, ou Xstrata ou quejandos e ao menor sinal de revés propõe perda de direitos trabalhistas!!
"Nossos colaboradores são nosso maior ativo!", êta mentiraiada!
E vamos em frente: a vida é esse vale de lágrimas mesmo!

Bosta de fim de ano!

Raiva do trânsito e dos sorrisos forçados, das relações familiares hipócritas e do desamor, das merdas de festinha de empresa, de amigos ou de família, do jornal e das revistas de Master Bullshit Administration, do cassete da ida à praia, do cocô de ir pro interior, dos amigos filhadaputa que não aparecem pro abraço e dos filhas da puta mesmo que me abraçam mas querem mesmo é me tungar, e dos amigos chatos gente boa, uma bosta!
Chefe, nem falar, colegas, mais chatos ainda.
Velhos, adultos ou crianças: nenhum se salva!
O Lula, o Serra, a Dilma, o Obama, o Bush, o Zapatero, o Aznar, a falsa boa da Cristina Kirchner e a gorda da Bachelet: chatos, bostas humanas e viciados como o Aecinho, seja em pó, seja em cana, seja em poder, pouco importa, cada um com seu vício.
No fundo eu e todos somos tão ralé como o ex marido ex policial ex mala da Suzana Vieira!
Ninguém presta!
E feliz natal e próspero ano novo é o caralho e vai se fuder!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Calma

Mais que um estado atingido, um devir!
O ansioso (que corre sempre para ganhar tempo nos semáforos, mesmo que a pé, que termina o almoço pensando na janta) sabe que o certo seria deixar o tempo correr viscoso, denso e condensado...
Estou sempre em uma expectativa não atendida de uma plenitude que não atinjo.
O zen me foge, o nirvana se alija, o paraíso fica sempre dez passos além, entrevisto em frestas do presente para o futuro, do presente para o passado!
Que falta sinto da yoga, do relaxamento bom depois dos músculos solicitados a se estirar e contrair...
Essa incompletude e deslocamento me acompanham, talvez sejam mesmo minha essência!
Por mais que eu queira me mudar, é como se largar essa ânsia seja mesmo me trair, me abandonar, soltar a mão da criança grande que sou, com riscos de perder algo precioso.
Assim sigo, assim vivo, assim sou?
Fim de ano, Natal e Ano Novo: portas se abrem para encontrar a paz almejada?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Bomba!

O filho repetente nos joga o fracasso na cara!
"Onde foi que eu errei?"
Achar outro colégio?
Tirar as lições melhores das consequências piores!
Sera que doi mais em quem?

A vida são muitas batalhas e "não esta morto quem peleja"!

Meu "amigo" marroquino...

Desde a chegada, puseram a pecha em mim de um "reclamão"...
Pudera: parece que regredi cinquenta anos, seja no trato com os "de baixo", a subserviência aos "de cima", o ambiente conspiratorio, dissimulado e mesmo falso (quantos prazos mentirosos foram ditos e quantos atos de conivência com a corrupção foram perpetrados!).
Em suma, uma empresa brasileira mediana, em termos de gestão de pessoas e processos administrativos, esta bem a frente de uma empresa como a OCP!
Compartimentalização, "cada um no seu canto" e falta de assumir responsabilidades coletivas sem a presença dos "grandes chefes" são regras: um erro podera o levar a uma geladeira qualquer; melhor esperar pelas ordens e as atender com presteza, se for conveniente, ou enrolar jogando a culpa num fornecedor ou subordinado, se preciso!
Apos meses demandando participação, respeito pelas propostas e um minimo de colaboração, fiz uma piada (sobre a condição precaria da limpeza de "certos" escritorios), para um colega marroquino.
O fundo era sério : a condição precaria do trabalho "desses socios", eu especificamente em minhas funçoes de Planejamento e Controle, quase todas as boas condições de trabalho estão para os marroquinos e "nada" para os brasileiros, etc!
Meu "amigo", pelo visto esperando um "deslize" hierarquico (fui reclamar para ele, sem passar pelo meu chefe!) se apressou em reunir seus colegas (o Diretor estava ausente, mas duvido que ele nao tenha sido acionado, dado as orientações e disparado o "controle remoto") e foram em comitiva ao "meu chefe brasileiro" explicar por que o contrato de limpeza ainda não foi assinado e perguntar quais os meus problemas de comunicação (porque eu estava insatisfeito, porque eu represei essas insatisfações e não as expressei livremente quando eram pequenas, etc).
Me enquadraram totalmente; para alegria do meu chefe brasileiro que esta muito cioso em não causar nenhum conflito e louco para me dar sermão de como ser um bom "marroquino"!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Seis meses II

Pequena odisséia marroquina: trabalhar com bérberes arabizados, numa empresa estatal, mineira e arcaica em mil sentidos, e moderna em alguns...
Um complô: eles não dizem nada e esperam que não adivinhemos ou descubramos; temos o dever moral de tudo saber, mas sem muitas ferramentas, falta de liderança inclusive!
A crise financeira e a queda do preço das commodities vira um pouco o jogo, traz toques um pouco inesperados, complica alguns aspectos e pede mais eficiência e controle, o que talvez seja bom para o dia a dia, menos desperdicio, um pouco mais de gestão eficaz, quem sabe maiores desafios?!
O exilio duro, as amenidades do verão passadas, agora as chuvas e o frio do outono, inverno ainda por vir...
Tudo esquecido por enquanto: largar isso e se refestelar nas festas de fim de ano no Brasil, depois Madrid e Canarias; os problemas marroquinos ficam para o fim de Janeiro de 2009. Entrar na segunda antevendo o sabado: aeroportos, conexões, Cumbica!
Balanço otimista: sobrevivi a uma etapa importante, saltei obstaculos, fiz o que devia ter feito, venci mais uma vez. Entre os tropeços, não é pouco!

domingo, 23 de novembro de 2008

Seis meses

Não são seis anos, mas não são seis dias!
Esse é o tempo que já estou nou Marrocos.
Começo a contar a volta: faltam dois anos e meio!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Veneza

Voltando dessa cidade, sinto que não há muito a falar de uma cidade já tão decantada por poetas, prosadores e historiadores.
Mas tenho que, então...
Peixe dentro d'água, peixe fora dela (notem que seu mapa é a forma de um peixe), uma cidade lagunar é quase um caso único, sem carros, sem motonetas, mais estranha ainda!
E a riqueza do que já foi o centro do mundo (antes de Sevilha, dominando o Mediterrâneo, já que Lisboa esteve sempre um passo atrás desta no tempo das grandes navegações Atlânticas) gravada nos palácios e igrejas.
Falta-me erudição, mas a "Sereníssima" foi república (posso imaginar que não muito democrática ou popular) antecipando um movimento político que demoraria muito a se consolidar.
Mas vamos a coisas mais leves: caminhar, olhar e andar de vaporetto!
Deixar os olhos e os ouvidos sentirem a fleugma dos locais e a excitação dos turistas.
La vita è bella!

domingo, 2 de novembro de 2008

Domingo de manhã

Depois de mais de 40 horas, um raio de sol tímido aparece e os passarinhos se arriscam nuns pios esparsos... Esperanças refeitas, depois de uma noite longa de sono embalada pela chuva e frio ventoso!
Preciso sair, ir buscar o dinheiro da locatária, ir por gasolina no tanque do carro, todas boas desculpas para um café expresso bem forte num desses cafés que abundam aqui em El Jadida.
Um sábado inteiro dentro de casa, a casa fria (preciso de um aquecedor!) aquecida ontem pelo frango assado, hoje pela panela de feijão carioquinha (já um pouco velho, demorando a amolecer, ainda mais sem panela de pressão) trazido do Brasil como troféu-souvenir, quem brasileiro paulista não sente saudade de feijão, caldo grosso avermelhado (se carioca, preto!)?
Ou seja, salvo um longo papo em linhas de MSN com a prima Ana Helena de Águas da Prata, um dia inteiro dentro das paredes de mim: introspecção, sem tevê ("apagou" com a chuva, fui ver se havia problema na parabólica, mas nada visível). De novo a vida como espera, um xadrez, pensar longamente o próximo movimento, sem quem te apresse, motivo também para comemoração, afinal todos meio desesperados com obrigações e prazos vencidos e eu sem dever nada, pois nada me cobraram.
Agora é esperar pelo Massa, torcer como pelo Senna, Piquet e Fitipaldi, depois dois dias bestas no escritório e Veneza!
Espero que o teletransporte chegue logo!

sábado, 1 de novembro de 2008

"Tempo tempo tempo tempo"

Segredo de acordo sequer explicitado...
Vida eterna na memória, não memória de fatos ocorridos, mas inventados, botando todos desejos enfileirados e ir os pegando um a um...
No começo ainda meio deseperado, com medo de fins abruptos, depois pouco a pouco sabendo saborear os momentos de todos eles!
Enfileirar o tempo dos amigos, da bola, da água, do sol, do sal, das viagens intermináveis por terras de onde não tenho o menor conhecimento prévio e onde as línguas são estranhíssimas, das noites escuras, das aventurase, das leituras solitárias e das infindas festas de 800 talheres e os jantarzinhos íntimos.
Enfileirar o tempo dos amores: uma vida para cada um, um harém sucessivo de mulheres bonitas, filhos, casas a construir, ir de manhã cedo, depois do amor matinal que veio depois da noite bem dormida depois do amor noturno, pegar pão fresco na padaria, jornal novo na banca virgem da manhã zerada, uma cidade sem buzinas e sem fumaças, levar pela mão uma criança saudável, feliz e inteligente, vizinhos gentis, sucessos profissionais, salamaleques, celebridades merecidas, pelo menos vinte anos para cada coisa em seus apogeus...e lá se vão alguns séculos...
Que importa se da vida faltam poucas décadas, se posso sonhar eternidades?
Quem senão eu mesmo crio um mundo, de centenas de vidas nessa única vida, um Universo de muitos mundos, egotrip de onipotência, onde em todos eu sou o tal?

Fazenda Ibéria

Inventário geográfico gastronômico sentimental.
Tio Roque Villani, Rua Feijó, Rural Willis, Tia Cota, Maria de Cerqueira César Villani, Rua Gonçalves Dias, uma quadra nos separava pela Álvares Cabral, já ia com o gosto antecipado da sobremesa na memória olfato-gustativa da mexerica, da ponkan, do murkote e todos citros na boca, o cheiros dos sumos das cascas cortadas nas entranhas das ventas!
Na Rua Bandeirantes emendando com a Avenida Rio Branco (ainda sem o Teatro Municipal)já me vinha o barulho de jaca mole pesada madura passada caindo do alto da jaqueira e se espatifando nas folhas secas...Bum! Bomba doce para as abelhas e todo inseto dali... Tênis Clube das piscinas e ainda do vestiário feminino, onde minha mãe nos levava na infância (e onde vi, linda, cabeluda, anônima e inocente, na altura dos meus olhinhos tão baixos ainda, a primeira buceta, que depois demorei a reencontrar assim despreocupada, na intimidade a dois do casal, depois de muitos e ansiados anos!).
Avenida da Saudade, cemitério, meu pai Xandico, vô Luiz Egídio e vós Claudimira e Eugênia enterrados, vem os primo Nêgo, Hélio e Júlio e a prima Nana! Bolo de côco? Rosca doce no forno de barro, só a tia amorosa e Dona Benta pra me fazer comer a calda de margarina doce... E bala de alfeniz, massa quente e tixotrópica, viscosíssima, puxada nas mãos vermelhas da Nana, doceira e quituteira mór como a tia Cota!
Os primos Guto e Vivi e Maria e Paulo, menos vistos, pois mais velhos e atarefados já das coisas de adultos...mas habitantes também desse panteão de "santos idolatrados" do amor fraterno...
Depois do cemitério, escondida, a Zona, sim! a do meretrício, não tão baixo, onde muito depois eu soube de nomes como Geralda, Wanda, Nica e outras que tinham direito a luminosos de acrílico, e onde depois pude pegar fila, com os amigos de 15 anos na mesma paúra e penúria, para conhecer uma menina nova, morrendo de medo de sermos pegos pela Rádio Patrulha, vermelha e preta, da polícia militar ou preta e branca, da polícia civil...Lá entendi o que era uma "penteadeira de puta": mil e um perfumes, cosméticos baratos, bichinhos de pelúcia, às vezes uma tevezinha, o espelho enorme refletindo os corpos arfantes e as cortinas pesadas, as colchas e coxas, imagens de santos misturadas ao "pecado" do sexo!
Não tinha câmpus universitário, ninguém sabia quem era o Márcio Mesquita Serva!
Cavallari era uma loja de móveis da família de minhas amigas Virgínia e sua sobrinha, na Coronel Galdino de Almeida, acho que nem a madeireira precursora do loteamento existiam...
A Usina de Asfalto da Codemar veio depois, na Estrada de Avencas, mais íamos mais longe, cortar a chapada, itambés, vendo o Vale ao sul, depois saída da Fumares, o Rio do Peixe sem peixes, assoreado então, tão desprotegido sem suas matas galeria, areião, estrada de fazenda, o Córrego Água da Cobra, Amadeu Amaral!
A hérnia rota do tio de tanto trabalho, cortizona e analgésicos, colostomia e artrose, os tratores Massey Fergusson e Valmet roncando no arranca toco, no arar gradear, tombar, pasto vira cafezal, pasto velho vira melancial, na represa tem tilápia, lambari, peixe cachorro, carpa, traíra, já fritos na esperança do guloso!
Um churrasco mítico mora em mim, onde encontro e não em largo de todos eles, onde somos um, onde o sem tempo tem todo tempo do mundo, paraíso da memória, bons momentos congelados!
Exilado de mim, olho esse mundo com compaixão e choro a lágrima doce da saudade num dia perdido de frio e mau tempo no Marrocos, solito, solito, rodeado desses fantasmas camaradas, que vivos ou mortos povoam meu vasto coração de menino!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ser ou não ser?

O problema maior dessa vida é saber o que fazer com o tempo...
A vida como espera, não sei do que...
Contar os dias para regressar ao Brasil, ver a família, andar na "minha" cidade (quem diria que eu iria ser adotado pela grande moedora acolhedora de gentes), São Paulo!.
Amar o Marrocos é uma tarefa que tem se mostrado ingrata...
Não quero falar mal da vida deles: trabalho aqui, "invisto" aqui (eu com a mais valia, o dinheiro mesmo é de uma grande corporação, e há alienação no mais puro sentido marxista nisso tudo) e sempre achei que onde se ganha o pão merece todo o respeito do mundo...
Mas é um mundo estranho, apesar de nada humano me ser estranho, mas é estranho...
Eu sou estranho, eu me estranho, infantil o comportamento deles e o meu: erro as palavras, esqueço o rumo do norte, sinto frio e a umidade me atravessa os agasalhos inadequados!
São mais sensações da alma que do corpo! Exílio amargo de mim!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Solidão

Hora morta, primeira prece do Islam, 5 da matina, noite calma.
"solidão palavra cravada no coração
resignado e mudo no compasso da desilusão"
(Paulinho da Viola)
"solidão apavora
a lágrima clara sobre a pele escura"
(Caetano e Gil)
"solidão é fera a solidão devora
e faz nossos relógios caminharem lentos
causando um descompasso em nossos corações"
(Alceu Valença)
Hora viva: suco amargo da grapefruit,
A geladeira vibrando seu motor,
O galo que canta depois do muezim,
O carro que passa e leva meu pensamento
Que volta logo para o recolhimento
Das minhas paredes brancas.
O vazio que impera no Universo
Toma conta da minha cabeça...
Mas em breve se dissipa:
Azáfama de se barbear, tomar banho,
Vertir-se e dirigir até "lá em baixo",
Jorf Lasfar, visita do rei Mohamed VI.
Será que o verei, dentro de uma limusine
Ou outro blindado?
Quem sabe ele não me veja?
E talvez tenha inveja da minha vida "comum"
E um pouco vazia, como um palácio real?

domingo, 12 de outubro de 2008

Casablanca, Rick´s Café

Para a Kátia...
"As Time Goes By"
Jimmy Durante (letra) e Herman Hupfeld (música)

You must remember this,
a kiss is just a kiss,
A sigh is just a sigh,
The fundamental things apply,
as time goes by.

And when two lovers woo,
They still say "I love you,"
On that you can rely,
No matter what the future brings,
as time goes by.

Moonlight and love songs,
never out of date,
Hearts full of passion,
jealousy and hate,
Woman need man, and man must have his maid,
that no one can deny.

It's still the same old story,
a fight for love and glory,
A case of do or die,
The world will always welcome lovers,
as time goes by.

sábado, 11 de outubro de 2008

"Deus...

...é o silêncio do universo e o homem o grito que dá sentido a esse silêncio."!
José Saramago

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Granada

Quem viveu seus amores debaixo do cipreste do Generalife?
Quem furou poços vendo a água ser canalizada ao lados das escadas, e acalentou as rosas e gerânios e todas outras mil flores floridas do Patio da Acequia, refletiu no Patio de los Leones antes de dar audiência em salas régias??
Quem se não alguém que me legou uma gota de seu sangue?
Quem se não uma molécula de água, que foi um fluido corporal qualquer e hoje existe dentro de mim?
Quem se não um ancestral mesmo que inventado, mas cativado, cultivado, dentro aqui, que acalentou paredes e jardins, que amou e foi traído talvez, que viveu o apogeu e o declínio daqueles reinos, que fez alianças com outros mouros e com "cristianos", que lutou pela vida, que defendeu os seus, que pensou outro mundo melhor para os filhos???
Quem se não um homem que habita em mim, um menino que olha os pórticos da elevação e vê a planura, a muralha da sierra e sabe que além há um mar antigo, batido de ondas por atravessar, que a vida é não vida e a morte não morte?
Caminhantes sobre a terra, esses homens (seja o rei ou o seu jardineiro) são meus irmãos: damos as mãos, beijamos os rostos e repartimos nosso pão fraternamente, pelos séculos dos séculos!

Sevilla

O Guadalquivir, a Catedral com a Giralda, torre igual a Kotoubia de Marrakech e a Torre Hassan II de Rabat, a Plaza de Toros la Maestranza, Triana e Santa Cruz, sorvete no Mama Goye, bacalao fresco no El Buzo, porco, fonte de alegria no Sierra Nevada, ramón serrano de Jabugo, pata negra, ibérico, a movida por todos os bares, alameda de Hércules, terra antiga de Hispalis, modernidade um pouco passada da Expo, vibrante, a crise que chega não embaça o brilho da quarta maior cidade de Espanha, "minha España", pois me sinto Carrijo e Bengochea, galego, castelhano e basco, sou "dono" do Archivo das Indias, é minha a Puerta de la Carne, Santa Maria la Blanca, a Igreja do Salvador, e e meus os tesouros de Murillo, de Goya, de todos os outros que lotam o Museu de Belas Artes, as callecitas angostas, a medina transformada, moçarabe, andalous marroquina que deu certo, sonho universidades, indústrias e comércios de luxo como aqueles em todo canto, no Marrocos e no Brasil, descente orgulhoso desses ciganos, desses mercadores e nômades que aqui se sedentarizaram!

Andalucia

Al Andalous, terra dos vândalos, em árabe. O Marrocos é "isolado", está bloqueado na África, não "conversa" com a Argélia por rivalidades e a Mauritânia e o Mali tem o deserto a lhe dificultar...
Então, para os feriados do fim do Ramadan, fomos a Tânger (450 km ao norte de El Jadida) e daí um ferry (horas de espera, filas marroquinas com propinas para by passar-nos...) chegando em Tarifa, as belas autopistas da REd de Carreteras de Andalucia: 3 dias em Sevilha, 1 dia em Granada... anestesia para as marroquinagens que `as vezes nos enchem tanto o saco!
O sheik árabe que se instalou no Marrocos lá pelos anos 700, logo no fim da vertiginosa campanha que varreu a Arábia e o norte da África, e conseguiu subjugar os bérberes, mandou Tárik, um de seus comandantes, com 7000 bérberes (em quem eles não depositavam interia confiança) para o estreito (que então eram as colunas de Hércules e depois ganhou o nome do próprio Tarik, Jbel el Tarik, Gibraltar...).
Isso para dizer que a conquista árabe, a reconsquista cristã e tdos esses séculos não foram "simples": intrigas, vassalias e suseranias, sedições, alinças aqui e ali, desfeitas,´imposições, até termos o esplendor do Califado de Córdova (maior cidade da Europa nos séculos XI e XII, terra de Omar Khayan, Ibn Gabirol, Verroes, In Sina (Avicena) e Ibn Maimon (Maimônides) e depois a lenta derrocada do Reino de Granada já para os "Reyes Catolicos" Fernando e Isabel, na pulsilanimidade sensível de Abu Abdel Alah (nosso "Bobadilha", que conseguiu o trono pelas artes de sua mãe, contra o filho da concunbina cristã de seu pai; mesma mãe que lhe mandou enxugar as lágrimas pelo abandono do Al Hambra, o palácio vermelho e os jardins do Generalife na colina de Sabika ao lado do Albaycín, quando desciam de Granada para Motril para pegar o barco para o Marrocos após se render e entregar as chaves de Granada aos reis católicos dizendo: "Não chore como mulher o que não soubeste defender como homem!").
Ah, entendo bem as contradições dos homens sensíveis frente às agruras do poder e da condução de um reino!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Mercado e democracia

O governo do povo, pelo povo e para o povo, se e quando e onde existiu, existe e existirá, visando a felicidade do povo (= a maioria da população) só vingará caso supere em poder o reino do "deus mercado" (= uma minoria muito rica que detém as maiores empresas) que os liberalismos (nome capcioso!) sempre defenderam...
Vejam os EUA: um governo de poucos, que "defendeu" os estados unidenses "contra" o resto do mundo e proveu "crédito fácil" para uma população que falsamente não empobrecia enquanto seu país, capitaneado pela banca, "vendia" títulos da dívida imobiliária (e outras) do próprio povo... Irresponsabilidade tem seu preço!
A indústria manufatureira e agricultura deles há muito vão de mal a pior...vejam os déficits comerciais astronômicos, apesar dos subsídios e barreiras protecionistas! Agora vão jogar 700 bilhões de doletas para estancar a hemorragia aparente da banca! Haja PROER, mas há putrefações escondidas, internas, que falta sanear! E o pior é que se deixá-los quebrar, talvez seja ainda pior...pelo menos por uma boa década!
Mas voltando à democracia: ela precisa dar oxigênio para, mas estar acima das empresas! Parece simples, mas é um desafio enorme, não só no Brasil, mas a nível planetário. Vamos lá: é uma construção cidadã, internacional!

domingo, 28 de setembro de 2008

Polícias marroquinas

Pelo menos três: Gendarmerie Royale, Sureté Nationale e Sureté Provinciale...
Nenhuma é honesta e, os locais dizem, que a "jdid" (de El Jadida) é a mais corrupta delas.
O resultado é que vivem me parando para tentar tomar 400 dirhams (~100 reais) "no papel" ou "um café" (no Brasil seria uma cerveja), 50 ou 100 dirhams, "sem papel".
Paguei muitas multas, sempre no oficial (nunca corrompi um policial!) para surpresa dos malas que ficam dizendo: "Mas é muito caro"! enquanto esperam que você ofereça o "por fora"...
O melhor é ir falando logo inglês. Eu falo francês e mesmo algumas palavras em árabe, pior para mim...
Minha tática tem sido: "chorar".
"Sou brasileiro, (Kaká, Ronaldinho, para os mais velhos um Roberto Carlos), residente, não posso arcar com esses custos... tudo tão caro e salário, ó! (polegar e indicador que se aproximam...).
Geralmente eles me mandam embora, dizem que não foi nada grave (e nunca foi mesmo!)...

sábado, 27 de setembro de 2008

Auto Epitáfio Condescendente

Fulano de Tal, prócer da nossa sociedade!
Casado com Dona Sicrana de Qual, uma mulheraça!
Seus filhos Fulaninho e Sicraninho: bonitos, saudáveis e inteligentes!
Esportista correto, ótimo aluno e profissional exemplar.
Escreveu vários livros de sucesso e plantou muitíssimas árvores.
Ótimo cidadão, corretíssimo e deixará saudades eternas!
Será pranteado longamente por parentes e amigos inconsoláveis!
Aqui jaz santamente, com muito orgulho para nossa comunidade, a qual se enobreceu com suas grandes obras!
Do pó veio e a ele retornará.
Que sua alma receba o descanço dos justos!
Resquiecat in pace!
Amém!

Auto Epitáfio Rancoroso

Fulano de Tal: um Zé Ninguém!
Casado com Sicrana de Qual, outra!
Pai de Fulaninho e Sicraninho: nadas!
Não foi bom no esporte, nem na escola, não se dedicou à política e muito menos ao trabalho!
Não escreveu livros nem plantou árvores!
Morreu há pouco, corpo ainda quente.
Esse presunto sórdido vai esfriar e endurecer sem deixar nenhuma saudade!
A carne pútrida federá até virar pó inútil.
Os ossos que sobrarem de nada valerão!
Um bosta completo. Uma merda humana!
"Resquiecat in Pace" o cacete!
Que sua alma sofra como um cão!

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ode às máquinas de escrever

Agora jazem velhas, em ferros velhos, antiquários, ou guardadas em velhos armários. Acredito que no "interior", por exemplo em Registro, subsistam lojas antigas, afinal há formulários impraticáveis de outra forma...
Eu mesmo tenho ainda uma pequenina, aposentada, daquelas que a tampa de plástico forma uma caixinha até sutil. Já foram novas, saindo de caixas, embaladas em plásticos ou, antes, em panos. Filho de advogado, fui herdeiro de uma Olivetti Lettera parruda, sobre mesinha de rodas, e de uma alemã "moderna", porte médio, design mais quadrado e limpo, esmaltada em branco...
Foram rainhas de escritórios enormes, alguns com dezenas delas, seus barulhos às vezes nervosos, outras quase musicais, clicks e tecs e tacs e blins.
Duas folhas de papel no mínimo, se você quizesse preservar o cilindro de borracha, fazê-lo durar frente à árdua tarefa de receber incontáveis golpes dos tipos das letras, bracinhos precisos, descançando alinhadinhos em arco sobre o amortecedor de couro do apoio de metal... E um carbono entre elas, ou mais de um, se se quizesse cópias, num mundo pré copiadoras, pré xerox, onde os cartórios faziam cópias em folhas de "gelatinas" para os Livros de Assento de Escrituras, por exmplo!
E nas manutenções, fitas desbotadas, cansadas das marteladas, dedos sujos, pretos ou vermelho e pretos, muito antes das elétricas IBM, cujas fitas eram plásticas e não sujavam os dedos e "automaticamente" cobriam nossos inevitáveis erros...
E a "escola de Datilografia"? Eu fui com o Luiz Xavier na da Nove com a São Luiz, mais de trinta máquinas, no mínimo seis por cinco, era um "diploma" que a mim não fez tanta falta (com onze anos me faltou concentração e abandonei o curso), mas certamente mudou para melhor a vida de muita moça e moço pobre, que ia virar secretária, assistente administrativa, redatora...
Consegui terminar meu curso, aos treze, na companhia da minha irmã juíza, na muito mais moderna escola de datilografia do Senac, na Nelson Spielman, onde tínhamos um grosso manual a seguir. Começava no asdfg, qwert, poiuy, ~çlkjh, esse último não era assim, mas o "carro" ia aos tranquinhos, tlec, tlec, até o fim da linha, trim, empurrá-lo no fim da linha com a enorme alavanca de alumínio, trocar de linha, TAB, para o parágrafo, páginas inteiras...até chegar aos 130, 150 e os incríveis 200 toques por minuto, sem erros! Uso os cinco dedos de cada mão até hoje!
Viva, em outras dimensões, as Remingtons, aposentadas, findas as velhas oficinas de consertos, os profissionais doutores do ramo, viva o teclado de computador que os jovens não sei como se viram, sem curso, "catando milho", bem certo que vão usar essa "língua" taquigráfica da internet, visto que nunca puseram os olhos no manual do Senac, cartas comerciais, Prezado Senhor Sicrano, Atenciosamente, Mui Cordialmente, assinatura e, no caso da(o) datilógrafa(o) as iniciais em minúsculas embaixo no cantinho direito, fazer no capricho, levar para o chefe rever e, se correto, assinar. Carta bonita, zero erros! Quantas(os) voltavam possesas(os) ou chorando para a "máquina", refazer anotações marcadas com bic vermelhas para terminar de inutilizar o trabalho, uma ou mais folhas por uma letrinha errada, inadmissível!
No fim da vida delas surgiram as IBM, as Olivetti elétricas, arredondadas, já sem o arco dos tipos, mas com uma esfera intercambiável para signos e diferentes fontes, fazia movimentos quase inacreditáveis para acessar as últimas letras, mas trazia embutida uma fita corretora, fazíamos a esfera retroceder e aplicávamos a tecla de correção, lá ia o tipo certo, com a fita "branca", quase mesmo fazendo sumir a besteira, já tinha memória!
Vieram então os computadores com monitor de fósforo verde, o processador de texto, as primeiras versões pobrezinhas, depois a escalada sempre vertiginosa do fim do século vinte e começo do 21, LCD's, o Word 2007, e os lap tops de 300 gramas! Tenho mesmo um tecladinho de 1 x 2 polegadas, teclinhas de 3 x 2 milímetros no meu "telefone com emails".
Quase impraticável no começo, para essa pata de urso, dedos grossos que tenho; agora já uso até acentos e cedilhas no "track ball" do Blackberry...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Invencionices

Calmotivado
Solitudo
Tédiormal
Tranqüagitado
Nadudo
Furibondoso
Contraforme
Insanotisfeito
Desfatigado
Aperfolgado
Intervertido
Repetinventado
Fericurado
Apósantes
Extrocalado

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Historieta familiar III

Nome de anjo de segunda classe da primeira hierarquia, que também quer dizer menino gracioso. Caipira de Porto Feliz. Estudou Odontologia em Itapetininga, no tempo a primeira escola superior do interior de São Paulo, ou quase.
Organizava teatro, saraus de poesia, mostras de arte. Um agitador cultural.
Foi dividir consultório na Capital com um obscuro médico, Dr. Ademar de Barros, que virou político, o "Rouba mas Faz".
Na Revolução Constitucionalista, frente de batalha no Vale do Paraíba, com o "Teatro do Soldado", nosso Garcia Lorca! Dali a pendurar o diploma de dentista foi um passo. Foi ser radialista em Santos. Conheceu uma professorinha.
Casou, teve filhos e os altos e baixos da vida artística o levaram a pedir um cargo para o Ademar, mas sempre se manteve correto e obviamente rompeu com o "padrinho", que, depois, passando em frente à sua repartição na Coletoria de Santos, disse aos compinchas da sua laia: "Ali trabalha um homem honesto".
Não teve casa própria, não teve carro. Mas teve carne, peixe e vegetais frescos sempre sobre a mesa. E queijo reino, azeite "bom" e outras coisas boas que se achavam na "cidade". Pode descançar em paz no travesseiro a cabeça branca.
E na, sua velhice, eu tive o melhor vô do mundo!

Séculos

"Muitas coisas podem não ocorrer.
Esta acontecerá".
Philip Larkin, sobre a morte

"Agora e para sempre
Pelos séculos dos séculos, Amém"
Queria a vida assim eterna
E sei que a minha não terá mais 5 décadas
Pela frente...
Talvez cinco meses, talvez cinco dias;
Cinco minutos??
Mesmo vestido com as roupas e armas de Jorge
Minha inimiga, a dita cuja de quem fujo,
Ronda e me encontrará!
Me atará, me atingirá e me transpassará.
Encontrará a casa arrumada e vazias as esperanças?
E meus pensamentos, se esvairão?

Verses françaises

Je voudrais parler
Mais je ne parle pas
Parce que je...
"Je ne suis d'ici
Je ne ai d'amour"
Je suis de Marília
Je suis de São Paulo!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Outono Primaveril

Outono no Marrocos, Primavera no Brasil.
A temperatura do vento hoje dizia: "vou derrubar as folhas!".
Mas não sei quais árvores são decíduas aqui...tanto que a botânica me falta, pois gostaria de saber o nome de mil árvores, "árveres, arves, que somos nozes"...
Aqui chamam de araucária um pinheiro besta, "dez vezes pior" que nosso símbolo do Paraná e enfeite de Campos do Jordão!
Me revolta, mas quem sou eu para me revoltar, ainda mais por uma coisa besta dessa, sô!
Mas tenho vontade de fazer pôsteres de auracárias e colar em cima dos lugares que chamam Araucária (há cafés, "snacks", que são as lanchonetes daqui, farmácias e outros comércios), para eles saberem do que se trata, acabar com esse e outros equívocos daqui (por exemplo eles ficarem trinta dias jejuando do nascer ao por do sol, para sentir como os pobres, os que não tem comida, se sentem. Mas depois eles são incapazes de dar um sorriso para a maioria dos serviçais, quase como os indianos e suas abomináveis castas!).

Historieta familiar II

Fazia de um tudo pelos filhos, pelo marido.
Como a maioria das mães, rasgaria o peito, a la pelicana, para os filhos nutrir.
Temia: Deus sobre todas as coisas, mas a língua da vizinha, os afogamentos, quedas e atropelamentos, principalmente de bebês.
Teme o câncer, do qual já venceu o de colo de útero.
Teme o infarto, e por isso cortou carne vermelha e queijo amarelo da dieta.
Teme a demência. Tomava gingko biloba... fazia palavras cruzadas...
Temia pela vida dos netos e por isso, numa febre braba de um, fez promessa e a cumpriu por anos, de não beber álcool.
Relaxou recentemente: meia taça de vinho, uma bicada numa cerveja e basta!
Viveu e vive ansiosa na presença de estranhos. Prefere o lar, a família.
Não busca facilmente novas amizades, mas é caninamente fiel às antigas.
Foi modelo, professora e costureira.
Espera viver mais vinte anos com saúde.

Historieta familiar I

Acordava tarde e dormia tarde.
Evitava coisas de café da manhã com família, detalhes de vida escolar de filhos.
Saía para longas voltas na noite, dizia que assim evitava rolar na cama perdido em pensamentos conflituosos.
Anticlerical, quase agnóstico e muito e contraditório, começou em certa altura a exigir, à antiga, que os filhos lhe pedissem benção, com beijo na mão, para poder dizer: "Deus te abençoe!".
Temia câncer de pele, pelas pintas, mas fumava maços ao dia.
Odiou muito os "comunistas", mas no fundo tinha objetivos socialistas e equalitários.
Queria ser amado e legal, mas não sabia como.
Morreu besta e injustamente, lutando por causas justas bestamente, com sete tiros nas costas.
Mais um herói brasileiro que descança em paz!

domingo, 21 de setembro de 2008

Já vão tarde

Bush, Aznar, Bin Laden...
Aquecimento global, mais três bombas: uma bomba do ETA no País Basco, uma no Marriot de Islamabad e outra em Wall Street nessa última semana.
Não sei que sinais, que avisos mais precisaremos para entender que os caminhos tomados já apresentam suas claras consequências!
Cidadãos de bem do mundo, uni-vos!

Monarquia absoluta, blog perigoso

Ouvi a história ontem de um colega.
O rei daqui viajava recentemente com seu filho.
Um policial teve a oportunidade e elogiou, diretamente ao monarca, a beleza do principezinho.
O rei, agradecido, conversou com o guarda, e perguntou se estava satisfeito com a vida no reino ou tinha alguma demanda.
O guarda solicitou uma licença para ser taxista, no que foi prontamente atendido pelo rei, cuja vontade é soberana!
Um cidadão de Agadir reclamou, no seu blog, que o rei não deveria ter esse direito de "furar a fila", pois o país é pobre e muitos esperavam a oportunidade e tudo o mais...
Pegou dois anos de cadeia por desacato!

sábado, 20 de setembro de 2008

Bananeira não sei, bananeira será?

Isso é lá com vocês!
BR 116, Régis Bittencourt, estrada da morte ou da banana.
Musa paradisíaca, nanicão do Vale do Ribeira, rizoma radiculado, tronco mole, aquoso, se metamorfoseando em folhas, as maiores de um metro de largo, mastro de quatro a cinco metros de comprido, ao vento, bandeiras verdes quando novas, ainda mais depois das constantes chuvas ou de pulverizadas, muitas vezes de avião, com óleo e fungicida. Depois vão se amarelando, rasgando, ficando marrons, morrendo e revivendo como adubo.
E de repente do centro do tronco ali no meio das folhas novas ainda enroladas, sai um pendão com um coração roxo, cartucho com às vezes mil frutos embrionários!
Lá nas exposições tinham cachos campeões de mais de cem quilos, lindos, ainda verdes. Pois, fruta sensível, só se amadurece a banana comercialmente com um processo químico "artificial", dito climatização: numa câmara fria, através de um "catalisador borifador" elétrico alimentado com acetato de etila, se esparge no ar os produtos da quebra do acetato, que se transforma em etanol e acetileno (ou etino), este último o mesmo composto que as frutas geram em seu processo de amadurecimento.
Banana boa então, para nao bater e escurecer, precisa ser colhida sobre espuma, ou enganchada diretamente do pé em cabos de teleféricos, sistema mais tecnificado e caro, por isso pouco usado no Brasil, que perdeu seu lugar de exportador para o Equador, Costa Rica, Martinica, etc.
Banana que a criança e o velho comem, que faz bem, que tem potássio, açúcares lentos e vitaminas, que cicatriza, que nutre. My business was bananas!

Café

Avançando rápido junto com os trilhos da britânica São Paulo Railway Company, o "general café" pariu nos anos 1920, 30 e 40 as cidades do espigão entre o Peixe e o Tibiriçá, paralelos do Tietê e Paranapanema na busca do Paraná, que desagua em Buenos Aires.
Nem se falava em "robusta", o que se conhecia era "arábica", planta iemenita, que o pastor árabe sabia que animava as cabritas...
Folha comprida e levemente encrespada nas bordas, de um verde intenso, bandeira, e brilhante: posso vê-lo na imaginação, pés antigos, alguns de muitas décadas e de 7 metros de altura, só se apanhava o café das pontas com uma longa escada triangular, duas pernas com os degraus e a terceira fazendo tripé, já que os troncos são frágeis, ruas intermináveis serpenteando curvas de nível. Algumas plantações eram "orgânicas", fertilizadas no estrume de boi e "cama" de galinhas e na palha, do próprio café, de arroz. Já se fazia fertilização líquida, pulverização de micro nutrientes quelados, lindas as cores dos sais de cobre, zinco, boro, molibdênio, magnésio, etc, que meu tio Roque Vilani pesava numa balancinha de braços e separava em frasquinhos como um farmacêutico, como um agrônomo prático que era, para depois fazer a sopa que ia no tanque da traseira do trator. A florada era espetáculo de pequenas flores, rendinhas brancas nos ramos marrons, os "chumbinhos" crescendo verde claro, as "cerejas" se inchando e avermelhando até a colheita sofrida. Sofrida para as plantas, para os frutos e para os colhedores (será que já aprendemos algo com os cafeicultores colombianos?), que a esperavam ansiosos para ter "o" dinheiro do ano. Famílias enormes, patriarcais, molambas algumas, nessa hora muitos braços faziam diferença. Lembro de uma de treze filhos, o pai com lábio leporino, submisso e sorridente, cujo toquinho de 4 anos, último da escadinha que se ia amiudando, apanhava seu tiquinho para compor uns cascalhos e matar a fome dos quinze na tapera de barro!
Trator com carreta se enchendo, sacos de pano grosso de algodão sujo de terra, descarregar no terreirão calçado e ficar virando com uns rodos grandes de aço, recolher tudo de noite, para não apanhar o sereno e tomar muito cuidado com chuva, mas ningém era bobo de deixar o tempo virar sem se aperceber, juntar os cones montanhas, cobrir com as lonas enceradas, botar os pneus velhos nas pontas para não descobrí-las um vento forte, guardar quando seco na tuia... vender prá Cooperativa, para o benefício, mas na hora certa! A "poupança" e a "bolsa" de todo aquele sistema complexo e arcaico ao mesmo tempo...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Quem fazia o quê?

O Herculiani vendia peixe salgado por atacado. O Velanga arquitetava como o Lírio. O Clementoni, diziam, vendia terrenos na praça.
O Shimabukuro, pastéis e outros salgados. O La Valle, restaurateur, mas no tempo se dizia dono de restaurante. O Buonomo era importador de armas, armação de óculos e tudo mais que a Bota fazia e não entrava fácil no Brasil, mas fascista que se preza tinha costa larga na ditadura. O Puga era delegado. O "Pé de Veludo" roubava sem fazer barulho. Seu Chirnev tinha bar e venda. O Chirnevinho era jornalista esportivo e morreu cedo.
Seu Féres vendia pinga, mas não bebia e odiava bebum! O irmão dele vendia artigos de umbanda e dava risada das crendices do povo! (Uma vez perguntei o que ele fazia com as esmolas no pé do Zé Pelintra, se ele dava pros pobres, e ele riu e me zoou chamando de Tibúrcio). Knobel era "magnata" imobiliário. O filho extra matrimônio dele, pedreiro "pobre", ficou "rico" quando o DNA deixou. Os Freire vendiam e vendem carros, como o da Alpave e os Yazbek nos primórdios. Os Dantas faziam e consertavam guarda chuvas e sombrinhas. O Mori fazia carimbos. O Rosa vendia eletrodomésticos. O Nigro era fotógrafo. O Carvalho advogava como o Ramos, cuja cunhada, Bicudo, era dermatologista e a sobrinha ginecologista. Os Almeida usufruiam fortunas de terras herdadas, como os descendentes do Bento de Abreu Sampaio Vidal.
Pozzi construía casas e as alugava. Os Trad e os Macul, industriais têxteis.
O Scarabotolo era embaixador! Os Minei, farmacêuticos (comerciantes de remédio, não sei quem tinha ou não o diploma) como o Coneglian. O Silva era ofice boy do jornal no começo, meu colega de Cristo Rei e hoje dono da empresa e candidato. Os Tofolli tinham o tio padre que chegou a cônego (?). O Dr. Seixas, médico. O Camarinha era cartorário, o filho treinador de basquete. O Mesquita vendia diploma.
Casadei era médico, casdo com a Dra. Cleide, ginecologista, como o Dr. Salum, que me puxou e aos meus irmãos das entranhas da Dona Cida!
O Cabrini tinha marmoraria e o filho tá firme até hoje na dita!
O Giraldi fazia de tudo, filmava casamento, teve laticínio, ringue de patinação e padaria: um "Sebrae" avant la letre! Os Sasazaki faziam janelas, depois de implementos agrícolas... e o Arquer tinha óticas e fábricas de óculos.
O Cerqueira César era "cafeólogo" na Máquina União. Seu Antônio fazia de tudo nessa "máquina". Lá tinha uma legião de saqueiros, pobres anônimos cujos nomes nao sei, mas luziam de força bruta e suor. A Rosa japonesa, cabelereira, cheirava a laquê e tinha penteado B52´s.
O seu Justiniano, era fiscal da fazenda estadual e manso, a dona Vívian bibliotecária e brava. O Guimarães era fiscal colega dele.
O Matos era radialista, como o Mendonça, que também era dentista, como o Coimbra, como o Professor de Química Moraes! O Borges era sargento do Tiro de Guerra e professor de biologia. O Botino, cafeicultor, como meus tios. Muitas fazendas tinham café e gado de corte, mas lá nem tanto leite.
O Fernandes também era radialista, como o Santos e Vilani, cujo pai é radiologista...que foi casado com a Galvão, professora de biologia e dona de livraria. O Bento era (e é) professor de biologia, mas promovia bailinhos "de preto" no clube ferroviários (onde eu ia para dançar e me dar bem, beijar na boca sem muito compromisso, pois no Tênis as cocotinhas queriam mais do que eu tinha). O Mesquita consertava televisores, como o Paulinho japonês. O Doutor Eládio, anatomista dos bons, casado com uma Pessoa que vendia coisas do Ceará. Mocinhas do sertão vinham trabalhar e morar nas casas "senhoriais" e serviam a mesa quando tocavam um sininho! Os Gomes tinham empresa de ônibus, como os Brambilla. Quem fazia biscoito e macarrão eram os familiares da Ircemes, mas os Barion também. A dona Maria era lavadeira, a Marina até hoje cuida da casa e da minha tia Cota e agora do Nego, que tem madeireira. O irmão vende produtos zootécnicos, e o filho dele dá consultoria em informática, e a Belucci é fisioterapeuta. E quem são os frentistas de postos, as comerciárias, os bancários, ajudantes da construção civil? O povo, os muitos, que um dia serão o centro da história? Continue a lista você!
Stanno tutti benne!

Empório Cruzeiro e Casa Armando

O primeiro ficava na esquina da Rua Bahia com Carlos Gomes, vendia secos e molhados (o que para mim é uma forma de dizer "tudo", coisa de portuga!). De comer, talvez de usar na casa, produtos de limpeza e alguns utensílios.
Casa Armando eram as ferragens, no térreo de um dos prédios da Avenida, entre a Coronel Galdino e a Dom Pedro.
Lembro que os funcionários eram atenciosos e bem treinados, pareciam, para uma criança, conhecer todos artigos e cada cantinho, todas gavetinhas no caso da Casa Armando daquelas enormes prateleiras de madeira vetusta. Em todo caso, os donos trabalhavam quase de igual para igual com os subordinados, todos decentes em suas calças de tergal, camisas por dentro das cintas, dirimindo as dúvidas sobre especificações de parafusos ou características e qualidade de um comestível.
Veio o Dias Pastorinho e trouxe o conceito do supermercado, do auto serviço, da impessoalidade... e foram-se aos poucos a Dental Ramos, a Casa São Jorge, a Casa Ono, os cinemas São Luiz, Santo Antônio, Peduti e o Cine Marília, o Clube de Cinema, o Prêmio Curumin e se meu irmão não fosse apegado, nossa casa ia abaixo num desses booms imobiliários... Mas "tudo que é sólido desmancha no ar" e isso ja está indo pro saudosismo piegas! A classe média vai aos Shoppings Aquarius ou Esmeralda e se esbalda! Velhos tempos morreram, viva os novos tempos!

Coralatex e Algodão N'Oreia

Campinas, para mim de 1984 a 1986.
Regente: Marcelo Onofri e a auxiliar a ... depois o Gramani assumiu quando o Marcelo foi pra Áustria...mas eu também já tinha saido!
Sopranos: Pat, Lu, Taninha, as irmãs gauchinhas, quem mais?
Contraltos: Carminha, as meninas de Torrinha, quem mais?
Baritonos: Armandinho Onofri, Joãozinho, quem mais?
Baixos: Neco, Fábio, José Eisenberg, Ric, eu, quem mais?
Tomar fosfosol! To esquecendo nomes... pessoas queridas!
Filhos mais novos do Algodão n'Oreia, coral cênico, nos divertiamos e divertíamos as platéias, cuidavamos do corpo, da voz. Lembro que saía de casa como se fosse para a yoga, sabia que durante aquelas duas noites da semana não me preocuparia com mais nada além de cantar bem! Zen!

Taba

Em 1985 esse foi o embrião da futura moradia da Unicamp...a primeira do Brasil que merece o nome, pois a outra era o Crusp... vá lá, também foi um bastião! Tinha as casas de estudantes de São Carlos, da Bahia, mas a idéia nossa era outra, não sei se chegamos lá mas muito se caminhou!
O "pai da Taba" não esteve presente no seu nascimento: outros a pariram "tomando" a parte de cima do Ciclo Básico, que a Pedagogia tiva vagado! Deu a idéia, que vingou, e foi passar uns tempos filosofando, dando aulas e conhecendo a futura esposa!
Miltão, Ubaldo, Pimenta, Ricardinho, Juscelino, Lu, Tchezinho, Tchezão, Lampião, Takeo, Olalekan, os "função" (paulistanos envocados) da Alimentos: Mentira, Sérgio, Martin, quantos mais passaram por lá?
Depois de despejado (em conjunto com o casal amigo que compratilhava a república), morei lá alguns meses até achar um aluguel que eu pudesse pagar, tempos duros!
Turbilhão: coletivo anarquista, afronta ao futuro ministro Paulo Renato Souza, o então reitor cheio de ambições.
Meu rito: todo sábado eu limpava o banheiro (imundo, mesmo as minas eram meio porquinhas!), era minha contribuição importante e calada e até hoje prezo muito quem lava banheiro! "Quem não vive para servir não serve para viver" dizia minha avó Maria!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Politécnica e Unicamp

O tempo foi passando e acabei na Poli.
Minhas colegas de lá que me perdoem, mas tinha pouca mulher e a maioria a gente dizia que Deus tinha perguntado se elas queriam ser bonitas ou ir prá Poli...
Fui prá Química pra me livar da "Poli de baixo", foi melhor, mas continuava aquela coisa: pouca mina (mesmo a química sendo a campeã com honrosos 25% de mulheres), muito judeu e muito oriental (pera aí, não sou preconceituoso, não, eram os caras que tinham preconceito de caipira que nem eu!!).
Além do que a política tava em baixa, alienação geral... malufismo e alguns lampejos petistas. Deu prá mim! Tinha amigos na Unicamp e comecei a me interessar, até tomar coragem (empurrado por crises existenciais dignas dos vintes e poucos anos e uma orfandade recente, acho que vocês me entendem...).
Fui prá Unicamp, valeu. Coisa de interior, mas uma capital do interior, né!
Tinha City Bar e Paulistinha, festa a pampa, namoro e cerva no entorno do Centro de Convivência (ou Conivência, como brincávamos) Cultural!
Tempo bom, né. Aprofundar em Cinema, Teatro, Fotografia, Artes Plásticas em geral, Humanidades, cantar no coral (Coralatex) e acompanhar a cena de clássicos, jazz e mpb que rolava!

República

Depois de umas repúblicas até legais (salve Gu, salve Renato César de Souza), mas com algumas caretices(viva seu Hélion e viva seu Chuffi, viva seu Paulo Vidal!), nas quais morei em São Paulo, a república da Sampaio Ferraz 175, no Cambuí, em Campinas, foi o máximo do coletivismo odara. Cláudio, João, Maurício e o finado Giba (3o anista genial de engenharia elétrica e um pusta punk, caiu de moto nas férias, bateu a piuca na sarjeta, se findou; depois veio a mãe com a mina buscar os trecos, que deprê!).
Dinheiro que é bom neca, mas não fazia tanta falta!
Fusca de um, bumba, a pé, pertinho do agito, todos vinham em casa e as presenças abundavam, antes e depois das saídas noturnas, amigos na redondeza, a casa dos meus sonhos em termos de convivência (já que a estrutura física estava perto de um lixo!): entradas e saídas, porta sempre aberta, amores e amizades.
A coisa foi num crescendo que depois da saída do Cláudio (tinha grana e comprou uma chácara maravilhosa no Guará, onde nos brindou com muita hospitalidade e amizade) eu o João e o Maurício passamos a ter um guarda roupa comum, composto de calças xadrezes e multicoloridas, coisa de hippie-já meio new wave, com camisas também bizarras e casacos e acessórios estapafúrdicos ganhados dos avós, de amigas e amigos ou comprados em brechós!
Com cabelos encaracolados, mais ou menos o mesmo porte físico, e eu e o Mauríco de óculos, aos incautos parecíamos "gêmeos".

Cristo Rei

Do Amílcare pro Cristo Rei... bombas na cabeça e literalmente, período piromaníaco e depredatório, testosterona demais e juízo de menos...
Meu pai nunca estava "na minha" para dar uma luz das merdas que eu fazia, então eu fazia (puta desculpa esfarrapada)!
No "cursinho" (nosso terceirão integrado, sem provas, só o vestibular interessava, sábios os canadenses Berckmans e outros e os brasileiros Olinto e Nilson Borges), meu lugar preferido era a cantina da Rosa com os maravilhosos risoles de carne e palmito que eu sabia exatamente que horas (9:15) o menino filho da salgadeira ia entregar numa caixa de papelão!
Tempo que eu tinha dinheiro (trabalhava como professor particular e até namorei uma das alunas!) e me dava ao luxo de ter aquela "conta" e pagava os lanches por mês... mesmo se algumas vezes eu manobrava para enganar a Rosa e seu filho num ou noutro salgado, coisa de malandro otário que fui, enganar aquela mulher boníssima e carinhosa demais conosco!
Mas o tal do Colégio Cristo Rei de Marília foi uma usina de gente bem sucedida, forjou alguma coisa que preste (daquela "cuvée" do final dos 70 e começo dos 80 não tenho dedos para contar os livres docentes, profissionais e empresários de sucesso, ou simplesmente bons cidadãos que saímos). Salve Francisco Chaves de Moraes Filho, Raul Borges, Lázaro Bento, Moisés, Santana, Salete Feifer, Profa. Tassára e tantos outros que comeram giz e gastaram saliva conosco. Gratidão eterna!

Admissão

O curso não tinha mais serventia prática (de preparar-nos para o exame de admissão ao ginasial), mas era um reforço no caixa das professoras, que alugavam uma sala e assim tínhamos dois períodos de aulas, as da manhã gratuitas e as da tarde a um preço módico, quase qualquer família do nosso meio podia pagar aqueles cobres para se ver livre das pestes; salvo as muito pobres ou as mais abastadas, que iam botar as filhas no balé, no inglês, no piano e outros ...
A aula da tarde era muito mais relaxada, íamos de shorts e tênis (se é que aqueles kichutes e verlons chulezentos eram um tênis), de bicicleta e podíamos tomar tubaína durante a aula, para o que emendávamos três canudos, o ar entrando em cada emenda, colocávamos as garrafas no chão e ficávamos mamando horas aqueles intermináveis 600 ml.
A Da. Cecília tinha uns jograis mnemônicos mesmo, pois me lembro deles até hoje:
Afluentes da margem direita do Rio Amazonas:
Jumundá, Japurá, Tefé, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu e Tocantins
Preposições:
a, ante, até, após, com, contra, consoante, conforme, de, desde,durante, per, por, para, perante, sem, sobre, sob, salvo, trás, mediante
E isso se cantava a pleno pulmões e batendo pés no chão e mãos nas "carteiras" (na verdade escrivaninhas duplas muito rústicas), parecia que o mundo ia vir abaixo, corando a professora e nos fazendo chorar de tanto rir!
E no recreio da tarde, eram as mesmas brincadeiras da manhã (pega pega, polícia e ladrão) mas sem o medo de suar e voltar sujo para a sala, uma alegria infinita!

Chora Bananeira

Continuando a seção nostalgia, no Amílcare a moda era voltar de ônibus e encher tanto o saco do motorista e do cobrador (imaginem cinquenta moleques infernizando mesmo) que eles nos levavam para a delegacia, portas fechadas, quando não pulávamos pelas janelas estreitas daqueles velhos Mercedes O362 da Empresa Circular...
Na maior parte das vezes tudo não passava de ameaças, mas quando a coisa se concretizou, o delegado não tinha muito a fazer a não ser dar o sermão e ameaçar de chamar os pais, na próxima...
Como conseguíamos os tirar do sério? Cantando marchinhas escatológicas e pornográficas, das quais a mais conhecida era "Chora bananeira", cujas quadras voltavam sempre ao refrão:
"Chora bananeira, bananeira chora,
Chora bananeira, meu amor já foi embora"
e cada um conhecia uma quadra, ou inventava.
Vou ficar numa "suave"
"Paulista sem pau é lista
Paulista sem lista é pau
Tirando o pau do paulista
Paulista fica sem pau"
e a coisa ia num crescendo do tipo:
"Encima daquele morro
Tem um pé de uva preta
Nunca vi mulher bonita
Com uma pinta na ..."careta"..."
(acho que vocês pensaram a palavra que ia no lugar da careta, né!)

Sabonete Jesus

"O sabão lava o meu rostinho
Lava meu peitinho
Lava minhas mãos
Mas Jesus prá me deixar limpinho
Quer lavar meu coração!

Quando o mal
Faz uma manchinha
Eu sei muito bem
Quem pode me limpar
É Jesus, eu não escondo nada,
Tudo ele pode apagar!"

(Se você só ler esse post, vai me tirar de crente!
Não me estranha não! lê dois posts abaixo, manô!
Não sei porque, ao editar esse post "subiu' uma posição...)

Eu Te Amo Meu Brasil

Autor: Dom

As praias do Brasil ensolaradas
O chão onde o país se elevou
A mão de Deus abençoou
Mulher que nasce aqui
Tem muito mais valor

O céu do meu Brasil tem mais estrelas
O sol do meu país mais esplendor
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras
Vou plantar amor

Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Meu coração é verde,amarelo,branco,azul,anil
Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil

As tardes do Brasil são mais douradas
Mulatas brotam cheias de calor
A mão de Deus abençoou
Eu vou ficar aqui
Porque existe amor

No carnaval os povos querem vê-las
No colossal desfile multicor
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras
Vou plantar amor

Adoro meu Brasil de madrugada
Na hora em que estou com meu amor
A mão de Deus abençoou
A minha amada vai comigo aonde eu for

As noites do Brasil, tem mais beleza
A hora chora de tristeza e dor
Porque a natureza sopra e ela vai-se embora
Enquanto eu planto o amor


(o mais engraçado eram os laralará que botávamos nos fim das frases e as paródias das quais a mais famosa começava com
"Maconha no Brasil foi liberada, laralará
Até o Presidente já fumou, laralará
Agora eu entrar na minha
Vou fumar maconha e tomar bolinha!"

Marília II

No Monsenhor Bicudo, para nós "Instituto" (tínhamos para o bolso das camisas brancas um distintivo com um belo tucano e a sigla IEMB), o recreio eram as balas 7 Belo da Ailiram com sodinha Gatti, vendidas no 3o ano pela própria professora Da. Elvira, que precisava reforçar seu salário, claro que depois de uma refieção mais saudável, a grossa sopa com macarrão, carne moída e legumes que era preparada sob o comando da Da. Messias, uma crente pequena e sequinha, com um cabelo enorme amarrado em coque e que, além de levar as merendeiras, auxiliares e nós crianças com pulso firme, usava também o pulso para balançar quatro vezes pela manhã um pesado sino de mão que anunciava a hora de fazer a fila pra cantar na entrada, a saída do recreio, a volta do recreio e o fim das aulas... Belém, belém, belém! Mas ela também era carinhosa a Da. Messias, lembro de alguns afagos daquela criaturinha meio Zezé Macedo...
E a cantoria não podia ser mais "Arena": Dom e Ravel (Eu te amo, meu Brasil!), os hinos, o hino da Copa (90 milhões em ação, exata metade da população atual!!!) e eventualmente uma música crente (éramos predominantemente católicos, mas já se achava de bom tom não ser exclusivista, então pareciam lá uns crentes e nos ensinavam coisas da escola dominical, uma que eu lembro vai no próximo post...).

Bendita chuva

Quem veio do Vale do Ribeira, de pluviosidade amazônica, sente falta de chuva.
Aqui em El Jadida é o fim do verão, campos já limpos esperando a semeadura da nova safra de trigo. Ontem vim cedo para casa, horário de ramadan, comi, como sempre "morto" de fome e sede e dormi muito cedo.
Acordei há pouco e escutei um barulhinho bom e me disse: Será que é chuva??
Abri a janela para me certificar, posto que não é chuva tropical, brasileira, mas ela estava lá, lampeira e pimpona, fresca, criadeira, lavando a poeira...
Não, não é coisa de fazer enxurrada, de encher bueiros, mas é uma chuva boa, esperada, desejada, ansiada, chuva de deserto que os pobres camponeses daqui prezam como o maná, como o poder comer daqui há alguns meses, antevendo a fartura...
Que Deus lhes dê o que querem! Aliás, se reza funciona, Deus tinha que melhorar muito a vida deles, tanto que eles rezam, ainda mais no ramadan...
Mas desconfio que o merecimento vem mais de outras coisas que desses ritos arcaicos!
Tenho a minha religião: gostar da humanidade e respeitar cada um como se fosse eu mesmo (vá lá, isso é muito cristão; pois que seja, mas sem missa!).

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Marília

Dizem que só se é universal quando se compreende e se traduz nossa província.
Grande pretensão, mas quem não é pretensioso não chega a Roma!
Então tenho que contar da minha Marília: não a que existe lá, das "Universidades" Univem e Unimar, nem mesmo da Unesp, nem da Famema "emcampada"...
Quero falar de uma Marília pretérita, antes dos conjuntos habitacionais Castelo Branco e Costa e Silva e da rodovia BR 153. Quando a avenida Sampaio Vidal recém inaugurava o Edifício Clipper, nosso arranha céu de 14 andaresque que vinha suplantar os outros 3 "prédios" então existentes (pois assim chamávamos os que tinham, digamos, mais de cinco andares). Sorveteria era a da esquina da 9 de Julho com São Luiz, Samuara Bar e Carango eram para os "velhos" de vinte e poucos anos, que tinham carros e fumavam, que namoravam...
Os confins eram o estádio de beisebol Fragata, o parque Príncipe Mikasa e o colégio Vila Polon, o Yara e o Cristo Rei, quando muito a Caic e o Bosque, "buracões", itambés, por toda volta, os sítios dos japoneses e demais migrantes e imigrantes, os peixinhos do seu Takana e o mercadão...o bon odori, exposição de orquídeas no Kaikan, a explosão do "corso" da copa de 70, quando a Biblioteca era o Ginásio Industrial!
E as brumas de inverno, sair na rua e soltar fumaça pela boca como um dragão, tomar cuidado para não cair da calçada, tao espessa a névoa que mal se via a luz no fim do poste...o primeiro caixa automático do Brasil, primitivíssimo, parecia uma ambulância "rádio patrulha" com luz rotativa em cima, mas que nos enchia de orgulho, afinal o Bradesco nasceu lá, como a TAM, como eu, o Sérgio Ricardo e sei lá mais quem...

Era da Incerteza

Acho que o termo é do Hobsbaum, ou seja, as previsões vão ficando velhas e de alguma forma se concretizando.
O declínio do império americano tinha que vir com todas turbulências bursáteis, naturalmente, estertores russos, a velha apatia européia, afinal são um amontoado de "pequenos" países, mais que realmente uma potência una, a China e a Austrália, dois pesos e duas medidas, a Índia saindo da pobreza?
O que será do Brasil petroleiro? Passos de tartaruga, vida de mosca!
Antes que eu aprenda a viver, vou ter que aprender a morrer, destino cruel.
Morre um Pink Floid, Saramago quase morreu, os Rolling Stones se aguentam, Caymi se vai, e eu mesmo nao me sinto muito bem... salve-me Caetano Veloso, Gil, Chico e minha mãe!!

domingo, 14 de setembro de 2008

Jardins marroquinos

Outra vantagem do Marrocos: revalorizar os jardins e a cor de flores e folhas.
Acho mesmo que a tradição dos jardins é mais árabe que greco romana...reparem como aparentemente para fugir e se refrescar da aridez, os árabes talvez foram inventores desse conceito de cerca viva, de jardim ao redor da casa, e das fontes, espelhos d'água, etc.
Então, na rua, é um tal de achar lindo um hibisco vermelho sobre o verde vivo de suas folhas, valorizar mesmo as marias sem vergonha, as buganvílias ou primaveras de todas cores, as espirradeiras por todo lado, em rosas, brancos e tons intermédios, tudo que tenha cor, todos verdes e as demais variações cromáticas: signo de vida no deserto, vá lá, pré-deserto dessas costas e planaltos anti atlícos...

Fases da Lua

Outra vantagem de morar num país mussulmano... se reaprende a olhar a Lua, uma coisa simples no campo que ficou inútil e esquecida no meio urbano. Um mês lunar tem 29 ou 30 dias, então para simplificar, a cada duas semanas (e um bocadinho mais...) a Lua vai de nova (quando ela some totalmente) passa pelo "quarto crescente" (porque não é "meio crescente"?) e chega a "cheia"...
O Ramandan começou em 1o de Setembro, com o primeiro risquinho da Lua crescente. Ontem na cidade vazia da hora do Ftor (é, saí para procurar comida e a animação das ruas do começo do Ramadan não existia mais, todos em casa mesmo, os cafés vaziinhos, fui até o Ibis Hotel, uma harira básica, depois nao aguentei e matei um vermicelli em casa antes de dormir) vi a Lua gorda, quase cheia já, hoje sendo dia 14, a Lua deve estar no meio do mês dela, só nos resta meio Ramadan...
Tenho que admitir que meu auto controle com a comida não é lá essas coisas, comecei tentando encarar o costume deles, mas descambei, fui ao Golf Club comer bifes em plena luz do sol depois do trabalho (por volta das cinco da tarde), como um bom turista cristão ou ateu!

sábado, 13 de setembro de 2008

Romã

Sem grandes expectativas, comprei uma bela romã, outra tradição de ramadan.
Sem hipocrisia: como de dia, não jejuei porque não aguento ficar sem comer o dia todo, ainda mais no final de semana, sozinho em casa!
Voltemos à romã: meio sem jeito fui abrindo, descascando, descobrindo membranas, desvendando casulos e alvéolos, carpos,retirando os véus das intricadas estruturas que revestem e acolchoam bagas, cachos de "uvinhas"...pontudas e transparentes na base de inserção, subindo aos róseos e púrpuras no topo das "garrafinhas", mais redondos e cheios, fui "limpando" os cachos que abocanhei "inteiros".
Pressionando a língua no céu da boca e com leves mordiscadas cheguei ao suco: pequenas granadas explosões das quais sobram ecos numas fibrinhas tênues revestindo os caroços grandes, um por baga. Sabores doces, amargos sutis, adstringentes no final que enquanto escorriam para a garganta faziam um delicioso balanço e uma sensação maravilhosa de quero mais!
Que prazer simples: descobrir uma nova fruta que se gosta!

Trig Paxson van Palin

É esse o nome do pequeno e rechonchudo bebê de quatro meses da governadora do Alaska, escolhida vice na chapa do McCain.
Com síndrome de Down, quinto filho da bonitona mãe crente radical, o menino é um torpedo no costado de Barak Obama.
A mulher é a cara de um certo tipo de "família Walton", a paz marital no mundo conturbado e coisas assim, que tomou uns pontinhos do "meu neguinho", por quem torço todo dia mais um pouquinho!

Atlas e Saara Atlântico

Essas costas noroestes da África são secas e ventosas. Em El Jadida ventos úmidos do norte, frescos. Do interior vem o bafo (seco) do deserto. Canárias e Cabo Verde assim também, parece.
Não tem o doce dos coqueirais nem a exuberância da Mata Atlântica. E os mangues e a Amazônia? Tudo ali sabe a lá, tudo aqui sabe a cá!
Pendulava entre os lados do Atlântico norte e sul, Marrocos Brasil.
Saber que eu me mantinha brasileiro e tinha dali o pertencimento me fazia curtir a diferença cultural, ramadan incluso.
Cheio de regrinhas de etiqueta mussulmana... descobri que tem até lei com cana e multa tem para quem afrontar publicamente o jejum.

domingo, 7 de setembro de 2008

Ftor

Ftor é o nome da "primeira" refeição do dia no ramadan...
O primeira foi entre aspas pois pode se comer antes da primeira prece, antes do primeiro raio solar, o que está aqui por volta das 4 da manha...
Entao, agora aqui por volta das 19 e 30, todos em casa comendo: harira (a sopa forte do ramadan, com carne, tomate, grão de bico e infinitos temperos e variações), ovos cozidos, leite, massas com mel, "pães" típicos, um espécie de paçoca de amêndoas e mel, tâmaras, etc.
As ruas ao redor vazias, nenhum carro, nem os "petit taxis", fui atrás de coca cola e só um cachorro latia em alguma casa, parecia apesar da tranquilidade, que havia caído uma bomba de neutrons, todos mortos, só as casas de pé!
É que ninguém fala: comem muito, em silêncio, depois de chegarem perto de alucinar na última meia hora final antes do rango, minutos compridos já com a mesa posta ou com as coisas terminando na cozinha!
Agora já as crianças riem, os adultos falam e os carros e motos começam a circular!
Terminou a primeira semana do Ramandan, lua quarto crescente deve se encher e minguar!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Ramadan

Até restaurantes fechados, nada de comida entre o nascer e o se por do sol, nada mesmo de água, cigarros, só oxigênio!
Vamos ver se isso purifica!
Tem muitos que até engordam, comem demais à noite, acordam de madrugada para comer.
E é óbvio que a produtividade baixa...
Mas se vim a esse mundo para conhecê-lo, vou também prová-lo...
Jejuar profundamente!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Mulheres marroquinas

Sanaâ, Houda, Salma, Houria, Ouafa, Safoua, Mouna e tantas outras.
Sao elas que, acordando cedo, estudando e trabalhando duro, como as brasileiras e de outros povos que já passaram por isso, vão queimar os véus, nao aceitar canga de homem e transformar isso aqui num lugar igualitário, alegre e gostoso!
Viva as mulheres e o vinho!
Inshalah!

Justiça seja feita!

Raposa Serra do Sol: a virtude esta no meio dos indios e arrozeiros de boa vontade, que devem haver.

Aborto: crime é obrigar uma mulher a gestar um anencéfalo. Ademais, por qualquer motivo, se uma mulher decidir "tirar" um feto, deve ter apoio psiquico e hospitalar.

Tortura: punam-se os criminosos, que na minha conta devem ser cem na direita para cada um da esquerda.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Sem tema

Volto ao Marrocos.
Longas horas na noite solitaria.
Falta de acentos no teclado.
Outras faltas, até de tema.
Busca do preenchimento saudavel do tempo.
A vida como um passatempo, um sudoku, um joguinho de celular, uma rodada demorada nos canais azeris, azerbaijanos e poloneses.
Insonia: ficar acordado para quê??
Sono no escritorio e uma blogada.
Ainda longe do almoço, Ramadan chegando semana que vem, vou sentir na pele o jejum diario!

sábado, 23 de agosto de 2008

Olimpíadas

Pelejarmos por medalhas, com mãos, bolas e quejandos nos faz mais homens que os que pelejam por sangue, com armas.
Todos felizes (ou quase): os chinas com sua inferioridade redimida, os gringos se agarrando como podem, os jamaicanos e caribenhos mais velozes que nunca em sua negritude forte, viril mesmo em suas lindas fêmeas musculosas, como russos e britânicos e europeus em geral, japoneses, etc.
Os argentinos felizes com o fut, nós com o vôlei, a Maureen e o Césão, o bronze solitário do Marrocos, a ocludinha linda do salto em altura da Bélgica, os georgianos e afegãos orgulhosos, etc.
Pequenos grandes heróis, de um mundo que emerge lentamente da bipolaridade: agora será a era de dez pólos: China, EUA, Oceania, Europa, Américas do Sul e "Latina" (seja lá o que isso queira dizer, redima-me João Féres!), a própria África tentando se curar das quizumbas étnicas e perrengues políticos, quem sabe coréias reunidas, os vietnãs já!
Precisamos de uma nova ordem mundial, precisamos de paz (de pé, Senhor Barak Obama, raio do quênia a nos apontar para uma redefinição da liberdade democrática estado- unidense?).
Eu, em minhas últimas horas brasileiras (Barajas e Casablanca me esperam), lanço um olhar saudoso sobre os jogos, sobre a cidade múltipla de São Paulo e sobre o eixo daqui a Uberaba, onde fui a dias atrás. Um olhar cândido e generoso. Um olhar de amor sobre minha terra brasileira, sobre o mundo em que vivo, brasileiro marroquino.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Mohamed VI

Filho de um tirano, criado na estranheza de palacios, imaginem seus delirios e dificuldades pessoais. Responsavel por uma monarquia absoluta que ele nao quer ou nao pode ou nao sabe como liberalizar. Como delegar poderes, que se mal utilizados podem inclusive literalmente custar sua cabeça...? Arcaismos, beija maos, casamentos encomendados? Ha algo de podre no reino do Marocos!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Sexta feira em Jorf Lasfar

As sextas feiras sao para os muçulmanos quase como um domingo.
A prece "do meio dia" (sao cinco por dia) devem ser feitas de preferência coletivamente. As mesquitas se enchem, a siesta se alarga.
De noite tudo volta, parece que com ânimo revigorado.
Tirando a solidao, a falta da familia e o papel da mulher, a vida aqui tem compensaçoes.
Curtir o céu azul, trabalhar.
Viver marroquinamente.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Mazagão, Mogador, El Jadida, Essaouira

Brasil Marrocos
Ribeirão? Marrakech, São Paulo: Casa!
Rabat: Belo Horizonte? Onde por Meknes?
Tânger e Tetouan?
Compromisso: falar árabe em um ano!
Ceuta e Mellila??
Canárias nas caras: 30 km da costa de Agadir...
"Navegar é preciso".
João Pessoa na Páscoa: Afirmo e Nego!

terça-feira, 11 de março de 2008

Manhã, atrasado

Transmitir, depois de baixar o receitanet lento, o irpf 2007!
Sensação civil de dever cumprido.
Sonhar com El Djadida: que casa, que carro, que moto??
Vida, minha vida, olha o que é que eu fiz!
Brasileiro português com sede de mar (mesmo que por ar): Mazagão, Mogador, Alcácer Kibir, sebastião sebastianista, Ibn Batuta moderno que não esquenta banco e parte.
Viajar é viver, mudar é renascer, lados bons, desafios.
Tem gás ainda para gastar.

domingo, 9 de março de 2008

Abuela no cumplir'a cien a~nos

(problemas no teclado!)
Mi abuela es muerta, hace ya um dia y medio.
Las faces encuevadas ahora dormitan eternamente en una cueva de San Vicente, entre muertos ya muy viejos (hasta la bisabuela de la bisabuela).
Yo quedo vivo, pero me duelem las espaldas.

domingo, 2 de março de 2008

Marrocos

Uma possibilidade que se concretizará ou não mais realisticamente a partir de amanhã: ir morar em El Djadida, literalmente "prá lá de Marrakech"!
Amanhã converso com o VP (de Vice Presidente) e começo a definir meu futuro mais próximo.
Inshalah seja bom!

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Futuro adeus pertence

Quremos saber o que vai acontecer: quem será o próximo presidente, quando minha fábrica será aprovada, como e quanto vamos viver. Também queremos tirar as dúvidas do passado: o quê causou a morte da princesa e como foi a relação Fidel e Chê, por exemplo.
De olhos abertos e escutando, ainda somos cegos e surdos nesse mundo.
Sem revolta: faz parte da condição, limitação imposta pela natureza.
Um bom presente é fazer algo inesperado. Isso é a criação que podemos fazer, no microcosmo nosso sermos nossos senhores.
Mais que tudo precisamos agir para nos surpreender.
Dádiva da vida: nossas atitudes.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Vovó faz cem anos

A bem da verdade são apenas 99 em Julho!
Vó Maria, o bibelô familiar, Bisa, dona Lourdes!
Vó Lurdes, como diriam o Boça e seus parentes da novela besteirol de Hermes e Renato,a Sinhá Boça.
Em todos casos, a velha tá chegando nos três dígitos, dez décadas, 5 gerações.
Vou ver, parece que começa a aluar...
Vou vê-la e que Deus lhe dê uma Boa Morte!
E alguns instantes de vida bons, também...
Campinas, a Inês minha irmã Doutorada pela Unicamp ontem, resto de festa, grande comemoração.
Depois Sorocaba, sogros, cunhados, pacote família.
Ontem vim do Paraná: Balsa Nova, Corn Products, ver filtro.
Essa semana receber os gringos, projetar mais um tanto da Fábrica, idéias, no rumo da realização. Deus me dê muitos e saudáveis anos!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Crianças juntas

Os meus dois com os dois da Sandra.
Acampamento na sala, colchão inflável, outro de espuma e sofá, alguns lençóis e cobertas e tá feita a festa.
Agora há pouco acordaram e tomaram café, já tomam conta de seus Habbo's e outros jogos de computador.
Lembra meus irmãos e primos: uma excitação da companhia e amizade compartilhadas em segurança, com muito alimento e gulodices, especiarias (até ovo de páscoa já rolou).
Tou feliz de tê-los perto e sentir que desfrutam com alegria!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Ultragás 70 em diante

Semana sim, semana não, Ultragás no portão.
Pour Elise.
Quem bate? É o frio! Não adianta bater que eu não deixo você entrar.
Roda, roda, baleiro atenção! Quando o baleiro parar põe a mão.
Use Ortopé prá proteger o seu pezinho: tênis e botinhas, sandálias, sapatinhos!
The close I get to you, the more you make me feel.
Liberdade é uma calça velha azul e desbotada.
KiSuco saboroso e geladinho, KiSuco mata a sede brincando!
Groselha Vitaminada Milani com geléia de mocotó Colombo, bela mistura.
Pim pam pum, Estrela!
Bela camisa, Fernandinho!
Ao sucesso com Hollywood.
Havaianas as legítimas, não cheiram nem soltam as tiras.
Vou batê prá tu batê pá tu pá tu batê!
Saudade de mim, saudade de nós: velha infância!

Receitas (seca e molhada) para evitar abatimento

Pense na recompensa, não nos riscos e nas asperezas da caminhada!
Pense no longo prazo: seu deserto já deve ir pelo meio, o oásis está aí em algum lugar na frente, no meio de miragens mirabolantes, falsas, de glória e resfrescos iminentes.
O que agora há é o Sol, falta d'água, as duras pedras, areias sem fim, vegetação nonada, noites frias e solidão. O pior: a morte te espera em cada inspiração, em cada expiração. Não prenda a respiração nem ofegue: a virtude está no meio, "no nevoeiro o velho marinheiro toca o barco devagar".
Marinheiro só, eu não sou daqui: o aqui me pertence, mas não o inverso, ou não?

Quem me ensinou a nadar?
Foram os peixinhos e perigos do mar!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Um Rosa e o Tom de seus Passos

Ser tão fundo, ir lá no âmago umbilical ingruvinho do cerne do ente.
Por que essas vazantes de mim?
Tudo me some, nonadas. Fica um ressequido, uva passa da alma, carne seca: vermelha ainda, salgada, exangüe, pronta para cozimento longo até amolecer minhas fibras rijas.
Vida há: anidrobiose, coisa de semente, seca, dura, com potencial de folículas, de gérmen, de broto.
Agora era 2008, fevereiro amadurando para se acabar nas águas de março, quente, já escuro nas seis e meias das manhãs, mas ainda "horário de verão", rodízios, volta às aulas, acabaram-se as desculpas todas: produzir ou morrer!
Uma vontade de ir no Jalapão, de voltar por Buritis Altos e Veredas Novas, Chapadão do sem fim, Veadeiros, Guimarães, Diamantinas. Bonito. De Portugal antigo, do mar infindo, viemos dar nessa plaga, subimos a serra e agora toda terra é aqui: sertão.
Pouco importa a internet, o celular, o blackberry e quejandos: catrumano, casmurro, "por ser de lá não sei comer sem torresmo". "Viver é muito...".

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Últimas desculpas para não trabalhar demais

Ontem foi quarta feira de cinzas.
Deixemos para a próxima segunda.
Hoje tá um friozinho, né?
A cidade tá meio vazia ainda, né?
Ah, se não for amor, não diga nada, por favor...
Deixa eu dormir mais um pouco!
Puta merda, o Carnaval já foi?
Me acordem quando Jesus voltar!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

São Luís do Paraitinga

Antes de Lagoinha, fui ver o desfile do Juca Telles em São Luís, não do Maranhão, mas a quase tão antiga, a de Paraitinga, no Vale do Paraíba, ao lado norte do Paraibuna. Descida de Taubaté para Ubatuba. Um campo elevado ao lado da Serra do Mar, olhando a Mantiqueira indo para Minas e Rio de Janeiro.
Raça antiga de brasileiros, bandeirantes, brasilíndios, negros de todos lados da África, depois caldeados com todos europeus chegados nos 1.800.
Bonecos gigantes como em Olinda, trios como na Bahia, samba como no Rio e toda ciberpsicodelia retrô das paulistas chitas floridas e multicoloridas, mercado como no interior da Ibéria, um Brasil bonito, jovem, um pouco bêbado, mas socialmente mais justo.
Tristes trópicos? Por que será que ao mesmo tempo que aqui devotei e devotarei a vida, o banzo de estar é tão grande quando o de sair?
Prá completar, fui procurar samba de bumbo em Santana do Parnaíba (aqui 30 km depois de São Palo nas beiradas do Tietê, partida em canoas maiores das Bandeiras e Entradas). Um clima muito "osasquense", se meus amigos osasquenses me permitam cunhar seu gentílico como sinônimo de "suburbano" (como no correlato carioca).
Aqui em Sampa, a cidade nos anima mais que nos interiores!

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Lagoinha

Após mais de 500 km de moto (Sampa, Camps, Jacareí, Taubaté, São Luís do Paraitinga e a volta) acabo de chegar desse pequeno município fronteiriço, do Vale do Paraíba paulista.
Casas velhas, velhos carnavais!
Queimado nos braços, cansado ainda, mas muito aliviado, pois foi minha primeira viagem de moto de mais de 300 km. Adrenalina, mesmo que eu não corra muito, os perigos das estradas e do tipo de veículo já te dão n medos...
Bom chegar em casa, se banhar, comer e dormir!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Campinas, Praca XV de Novembro

(Desculpem que hoje vai sem acentuacao...)
Conheco essa pracinha do Cambui ha anos... mas nao sabia seu nome.
Agora minha mae mora aqui em frente, num apartamento bonito e de 1o andar!
Carnaval, feriado, foi duro deixar Sao Paulo e chegar aqui, mas agora as cidades se aquietam, a menos dos lugares de desfila da decantada maior festa popular do Brasil.
Quem quizer pular que pule, daqui nao saio, daqui ninguem me tira ate amanha cedo pelo menos.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

2a feira, 27/01/2008, meu rodízio, São Paulo

Normalmente vou do Itaim ao Cenesp antes das 7 nas segundas.
Hoje sairei depois das dez, mas vou só até a Vila Olímpia.
No meio tem Joaquim Floriano, Juscelino Kubitshec, Faria Lima e Funchal.
Então aquele engruvinhozinho da Pequetita, Helena e outra antes da do Rócio (essa acentuação me intriga, para mim coisas da Ilha da Madeira).
Lá tem quilinhos, tem Andiamo, e Mary Kay, sei lá, cosméticos, e muitas agências de modelos fotográficos e de passarela, aquela coisa de "centros" de São Paulo, engravatados, negócios, empresas, firmas, um buliço de construtoras, imobiliárias, shoppings, hipermercados, comércio eletrônico, engenharia, centros de n tipos de indústrias espalhadas pelo interior e outros estados.
Sou filho do café, sou filho do gado, fui filho da cana (antes de migrar para o Oeste mais novo da AltaPaulista, meus antepassados já tinham vindo de Piracicaba antes de Piraju e depois todos fundos dos Goyazes e Minas, Uberabinhas e Desemboques, Mineiros de Goiás). Bascos, catalães, andaluzes, galegos e portugas de todas aldeias, italianos. E do índio e do preto. Imagino a velha tatatetravó de uma aldeia, de uma tribo.
Que tribo, tupi ou africana? E meu tatapentavô do Benin, do Senaegal, de Angola???
E meu dodecavô Cunhambebe, minha icosavó Bartira. Pátio do Colégio, berço do Planalto, meus antepassados foram e eu voltei!
É essa cidade minha desde sempre!
Me possues e te possuo: quatrocentos e cinquenta e quatro anos de amor e ódio.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Bruna Lombardi e Ricelli

Cine Belas Artes(HSBC, somos obrigado a fazer a propaganda, pelo "favor" desses ingleses hong konguianos nos resgatarem da Gaumont), ontem, sábado, sessão das 19 do "Paranoid Park" tava o casal acima com outro casal amigo. Aquele frisson, mas pouquíssimos se arriscavam a uma foto (malditos celulares com câmeras e popularização das câmaras digitais). É um ícone de São Paulo, não se deslumbrar...
E o trailer de quem? Do filme lá deles, "O Signo da Cidade". A Bruna ainda é uma bela mulha, o Ricelli, apesar do nariz, ainda pode fazer um galãzinho qualquer aí, mas pelo trailer, só veria o filme em caso de saudade mórbida das paisagens cinematográficas de Sampa.
Se eles nunca fizeram coisa que realmente prestasse, não era sexagenários que iam começar, certo?
Ou, extremo otimismo, vão começar a melhorar agora! A esperar pela avaliação dos jornais, aquelas estrelinhas que eles botam a guisa de notas. Não é muito científico, mas pelo menos sabemos a avaliação geral do jornalista especializado (sujeito a volubilidades também). Minha nota prévia: uma estrela!

Domingo de manhã

Pós aniversário da cidade, pré carnaval, um invernico extemporâneo.
Ontem "Paranoid Park", hoje jornal, bloggar agorinha mesmo, tentar estar aqui presente, sem ontem nem amanhã.
O momento. Esse fugaz já, esse eterno outro, mutante, fugidio instante, o fulcro mínimo e máximo entre o antes e o depois, agora mesmo, nessa hora, "maintenant", "now", "archav", "ahora", espaço pequeniníssimo, indeterminado, de tempo.
E o turbilhão de idéias, preocupações com um futuro amedrontador, ansiedade generalizada, tudo concorrendo para afastar o "zen", o ser e estar pacífico, a curtição do sumo da ocasião transitória, passageira, efêmera.
A cirscusntância de viver, a situação de se ser o que se é.
Bons domingos!

domingo, 20 de janeiro de 2008

Chuva em Sampa

Tá todo mundo alugado com a chuva que já está no ar há 24 horas, menos eu!
Sábado: corri pela cidade de moto, primeira vez de moto na chuva em Sampa!
Cinéticos no Tomie Othake, massa. Comida num bar...Cigano, na frente do tal instituto (sorte que a comida e a decoração eram boas, pois detesto misticismo).
Depois Belas Artes, tentei ver o "Império dos Sonhos", mas me deu sono e saí. Fui para "O caçador de pipas" e, além de outros temas, tem o do abuso sexual de meninos. Eh Afeganistão desgraçado (invasão russa, talibans e agora os EUA... é foda... mas parece que tudo começa com a prepotência pashtun, a etnia dominante).
Hoje fui no Café Suplicy, na padoca Bienal, no jornaleiro, tudo estranhamente vazio.
Agora é Hamilton de Holanda no Auditório do Ibirapuera.
Todo mundo de bode e eu passarinhando na chuva...
Bom pra mim, parece um novo dia de ano novo (que foi bem "sem gente" também).

"O Cérebro de São Paulo é...

...movido pela bipolaridade entre a excelência e a selvageria, entre o orgulho e a vergonha". Do Gilberto Dimenstein hoje na Folha.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Casa "vazia"

As aspas são porque os meninos dormem.
Mas é como se eu estivesse só.
Cozinho, asso galetos recheados de farofa, tomo vinho tinto, como pão sueco com manteiga, tomo água com gás gelada, leio o Estadão e escuto Nova Brasil FM.
Paraíso?

Homenagem às "minhas" mulheres

Andréia, Lúcia, Cristina, Mara, Andréa, Viviane, Ivana, Isabel, Tuca, Andréa de novo, Margareth, Andréa, Sílvia, Adriana, Mônica, Luciana, Solange, Lucilene, Marlene, Gislaine, Sandra, Sônia, Vitória, Sílvia de novo, Kátia, Bárbara.
E Kátia de novo, pois ninguém vive 21 anos em comum sem comungar.

Poesia esporádica I ("Pequeno canto")

De repente me assalta uma vontade de falar
Palavras doces que encantem almas
Nada muito profundo, nada radical
Apenas uma admiração do ser e do estar
Aqui, com voz, respirando o seu ar
Da terra, do mar

Deveria falar do amor
Mas nesses tempos de transição
Descobri dessa arte não saber
Nada além do fato
Que amores vem e vão

Quizera então um canto
Sonoro ou mudo
E cantei

Riobaldo Tatarana se torna Urutu Branco

Nessa hora, a de assumir responsabilidades pelos destinos dos outros, de liderar um grupo, o homem se regojiza e precisa galhardia para enfrentar a inveja geral que as honras do poder fertiliza.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Correria

Não faço tanto, ou pelo menos não faço tantas coisas de forma tão organizada...
Meus dias são plenos de reuniões, comunicações verbais, muitos e-mails, telefonemas.
Assim "vou construir uma fábrica": baseado em milhares de fatos científicos e negociais, eu falo umas coisas, "tenho idéias" e centenas de outras pessoas tem que traduzí-las naquele monte de documentos necessários para um projeto de processo químico inovador, inventado agora, no Brasil, patente mundial, quiçá um dia (dez anos?) um negócio global com centenas de milhões de dólares de faturamento...Depois outras centenas de pessoas vão suar para construir prédios, máquinas sofisticadas, reatores, tanques, embaladeiras, ligar tudo por computadores.
A vida é interessante.

Sentimento sobre as conquistas

Mesclado: lutei tanto para conseguir, quando chega tem gosto de "já vi" e também ainda carrega o fardo do "será que realmente consigo me desembaraçar das tarefas com brilhantismo"?
Ou seja: normal! A gente corre atrás de um sonho para chegar lá e ver que precisamos continuar a correr atrás de um "outro" sonho. Humano, demasiado humano.

Chuvas de verão II

Enquanto eu me "divertia" com a chuva de um post (logo abaixo) de domingo, no baixo Vale do Ribeira a "pior chuva em 50 anos (talvez só trinta)" entrava pelas casas de muitos meus conhecidos lá em Cajati, Jacupiranga, Pariquera, Registro e Peruíbe...
Espero que todos se recuperem bem dos danos morais e materiais, eventualmente até físicos, sofridos!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Em Paris

O Roman Duris está muito bem como um francês incomunicável e deprimido no flme do título acima. A cidade, sempre "maravilhosa", é personagem, mas o "assunto" principal é uma certa melancolia infinita do Velho Mundo.
Destroçado o amor romântico, salva-nos um fiapo de esperança no amor fraterno.

Delfim Netto

Petista histórico, durante anos achei que o "Delfim 10%" era um cancro em si.
Agora olho o queixo duplo, vejo a fala mansa e cheia de energia, e vibro com a vibração desenvolvimentista do "Gordo"...
Acabo de vê-lo no "Canal Livre" da TV Bandeirantes e digo: é impossível não se empolgar, primeiro porque ele explica economia de uma forma muito gostosa, segundo porque ele tem um entusiasmo juvenil pelo crescimento econômico do Brasil (que torna difícil acreditar, mesmo sabendo que o cabelo é pintado, que trata-se de um homem septuagenário). Para conferirmos daqui a doze meses: o palpite do Delfim é que a taxa de crescimento do nosso PIB em 2008 será próxima de 6%!
É, Robertinho, "tudo passa, tudo passará".

domingo, 13 de janeiro de 2008

Chuva de verão

Armou, ontem o dia todo meio congestionado, cinza, mormacento, prenho, cumulus, nimbus ou o quê?
Aqui, lá pelas vinte e duas ela chegou, grossa, bátegas, exuberante como leite de teta gorda, abundante, nutritiva, irrigando tudo, lavando cocôs e xixis (infelizmente nem só dos cães e gatos), crescendo e ralentando a noite toda, trazendo uma manhã de domingo com frescor de roupa recém posta no varal para secar, mas ainda sem sol!
Amo cada dia de minha vida, quero amá-los.
Meu tio Edoardo de 90 foi enterrado ontem (morreu ante ontem). Isso me faz ver como ter 43 e ter planos a executar, projetos a implementar, contas a pagar, mesmo não sabendo se vou "morrer de susto, de bala ou vício" e isso não me permitirá os concluir, é um fim em si mesmo.
Materialista, existencialista, marxista ou sei lá o que eu seja, viver não me comporta explicação. Sou e me faço a cada dia. E o resto é o mundo, o incontrolável.
Eternidade? Que o "server" que abriga esse post dure para sempre... seja lá isso quanto seja!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Hilária versus Barak

Sei que isso é um visão limitada da política estadounidense, mas sou "democrata" no conceito bi-partidário de lá. Nesse sentido, sem conhecê-la bem (e mesmo tendo certas desconfianças) eu comecei torcendo pela Hillary (muito em simpatia ao seu marido).
Aí veio o Barak, como um raio corisco, mostrando que havia espaço para um "neguinho" (no melhor sentido), com uma avó queniana (como seu pai, já falecido) que mora lá numa casinha tradicional, numa aldeia (que felizmente não sofreu maiores danos em maio à atual convulsão social daqule país africano). Achei que ele ia levar fácil.
Mas Iowa não é New Hampshire, nem as duas primeiras primárias são a "Super Terça Feira" (quanto vários estados importantes se manifestam no mesmo dia).
Ou seja, o jogo está só no primeiro tempo. E ainda tem que vencer os republicanos.
Mas, daqui, podemos prever uma melhor política ambiental, quem sabe a retirada do Iraque, e começar a pensar em um século 21 de mais paz e prosperidade.
Como diz o ditado mexicano: "Estamos muito longe de Deus e muito perto dos Estados Unidos". O que se aplica ao resto das Américas e ao mundo, apesar do "declínio" do grande império do Norte...

São Paulo, começo de ano

O trânsito ainda não está tão ruim, o que deve acontecer depois da volta às aulas, depois do Carnaval. A cidade ainda um pouco "vazia" (com muitos milhões de pessoas, mas alguns milhares a menos!).
O clima, apesar de verão crescido, lembra um pouco a primavera: não tão quente, ontem à noite uma brisa fresca percorria o Itaim Bibi. Chuva tem tido, mas não nos iludamos: ainda falta muita água para a Bilings-Gurarapiranga ficarem cheias e poderem diluir o Pinheiros, sempre podrão.
Uma sensação de dever cumprido: sobrevivi a mais um Natal-Ano Novo, sem matar nenhum parente inocente. Contas muitas mais que o parco salário de Janeiro: cheques especial?
Daqui há pouco os meninos na escola de novo, colegial para o mais velho, sexta série pro mais novo.
A vida ia, a vida vai. Quizera eterna. Mas "que seja infinita enquanto dure".

Telas do Masp

Ufa! Voltaram para casa...
Dessa vez passa, afinal os bandidos não eram tão bem articulados como se pensou.
Mas não as deixem escapar mais, senhores gestores!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Cinema de novo

Não gosto de vídeo em casa. Atrapalho, fico desatento, pergunto.
No cinema sou todo olhos e ouvidos. Conversinhas paralelas me atrapalham.
Tem gente que não vê diferença entre sua sala de estar e uma sala de cinema.
Há verdadeiros templos de cinema em São Paulo, parece que o público fica respeitoso, se reprime em nome da experiência coletiva. Em outros lugares, outras sessões, só "chutando a boca" dos desgraçados que acham que podem bater papo, atender telefone, comer pipoca como se fosse um animal no cocho, beber coca colas e "roncar" o fundo do copo...
A espécie humana é digna de compaixão, mas às vezes minha paciência é curta...

domingo, 6 de janeiro de 2008

Kinoplex gorduroso

No geral evito esses cinemas, caros, fedidos (margarina derretida, argh!), apesar das ótimas poltronas.
Ontem lá, assistíamos "Sombras de Goya". Vazio. Seria uma delícia. Como sempre, nas sessões logo depois do almoço, muitos velhos (detesto termos como "terceira idade". "Melhor idade" para mim é a juventude e ponto). A mulher do casal ao lado não entendia patavina da filosofia e política da coisa e ficava suspirando "coitadinha!" toda vez que via a Inés (Natalie Portman) desfigurada... Pior foi um porcão, atrás de mim, que fungou em altos decibéis, recolhendo à força, na contramão da natureza, os mucos pruriginosos que lhe brotavam dos condutos nasais! Depois de muito me impacientar, esperando que o filho da puta fosse se assoar no banheiro, falhei-lhe que aquilo era muito inconveniente.
A resposta veio, com a delicadeza de uma pisada de elefante, em fungadas ressonantes, amplificadas em frequência e profundidade.
Ora vá se fuder! Quem tá doente de vias respiratórias não pode ir ao cinema!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Iguape

Viemos de Cajati, Pariquera Açu, Porto Cubatão, ferry boat, Cananéia, ferry boat, Boqueirão Sul, cruzamos os 40 quilômetros de areia da Ilha Comprida, essa cidade, Boqueirão Norte, ponte e Iguape. "Água com aguapé". Jantar no Panela Velha!
Cidade de tradições quadrisseculares, irmã da primogênita Cananéia, as ruas preservadas do centro respiram histórias de pessoas que mal imaginamos, mas como fantasmas camaradas nos rodeiam na noite chuvosa. Vamos ver o Alvorada; vamos ao Samba?
O amanhecer que estórias espreita?

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Zerando arquivo de 2007

Primeiro post de 2008. Nada seminal a dizer...
Escritório sonolento (pelo menos eu estou).
Amanhã viajar de novo para Cajati: mudança, mesmo o retorno é uma ida em frente, movimento!
As notícias de volta lenta pela Imigrantes, Castelo, Régis e Bandeirantes me fazem lembrar como curti ficar na cidade vazia!
Desperta 2008!
Depois é Carnaval, Olimpíada (vou varar madrugadas, como na da Austrália), depois eleições municipais e assim, quando notarmos de novo, será 2009.
Oh "ejaculação precoce!".

No fundo: 365 dias "tem que" demorar para passar: acho que valorizar o tempo, curtir cada segundo, tirar o sumo do tempo que quer fugir, é pressuposto de viver bem...