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"Concreto"

Pedra, barro, massa     Mão, calo, amassa! Levanta parede  No ar  D a hora Que se levante! Mora dentro     F ora   Vi...

quarta-feira, 31 de março de 2010

Parar de fazer o bem por vício

Como nos ensinou o Chico na canção "Injuriado"

"Se eu só lhe fizesse o bem
Talvez fosse um vício a mais
Você me teria desprezo por fim
Porém não fui tão imprudente
E agora não há francamente
Motivo pra você me injuriar assim

Dinheiro não lhe emprestei
Favores nunca lhe fiz
Não alimentei o seu gênio ruim
Você nada está me devendo
Por isso, meu bem, não entendo
Porque anda agora falando de mim"

Falo isso no ensejo de não escutar (como repetidamente o fiz) um desejo de um certo amigo e sair correndo como um cão, tentando satisfazê-lo... é o fermento dos maus bofes dos injuriantes!

Marília grande, sem brilho e sem viço

O centro da minha Marília está cada vez mais "Centro Velho": mais poluído de carros e ônibus, agitado pelo comércio diurno e, com menos moradores, entregue ao abandono da solidão noturna.
Na mesma proporção em que o "polvo" (bairros longínquos) se alastra na periferia, preciosidades mais antigas do centro são carcomidas pelo tempo, pela falta de vínculos positivos com a história e, no fundo, pela grande e profunda ignorância.
Tudo se tornando um bazar colorido, envidraçado, iluminado, um pouco sujo, empobrecido na sua arrogância de sub califórnias e alabamas. Um pouco "nordestino" e "roceiro", no que essas palavras guardam de sentidos mais negativos.
Exemplos: a Biblioteca, o Museu e o Teatro, precisando de manutenção (mas isso não bastaria: ia continuar faltando amor à cultura). O Paço Municipal (projeto de 1954 de Miguel Badra Júnior e Ginez Velanga) emporcalhado por "puxadinhos" hediondos e incúria de manutenção, querendo espelhar por fora a sordidez da política de Camarinhas e Bulgarellis. O prédio dos Correios, mais velho, e o do Senai, ambos ainda em pé, faceiam um rico patrimônio ferroviário que vai, meio vivo meio morto, sendo esfacelado pela ALL, prefeitura e os muitos particulares que canibalizam os antigos galpões (que foram sobretudo para armazenar café e insumos).
Na Avenida Sampaio Vidal (para nós era só "Avenida") restam firmes o Edifício Marília e a Galeria Santa Luzia, ecoando os anos 50 e 60, mas convivendo com as feiúras do Clipper (anos 70) e do Banco do Brasil (anos 80, talvez) e com os prédios mais ou menos grotescos que se espetaram no espigam depois.
O "ultimo casarão" (o "do médico", na Rua Dom Pedro , 37) é só um fastama decrépito de uma casa "senhorial" ou de "profissonal liberal bem sucedido", fantasma de si mesmo... Já devem ter tentado demoli-lo dezenas de vezes, acho que foi salvo por um tombamento!
Voltei aos Colégios Sagrado Coração de Jesus (esse, originalmente de 1934, pasmem! Essa data é quase uma era geológica anterior à minha, ou uma espécie de Idade Média da cidade...) e o Colégio Cristo Rei (o Diretor , Mateus Disner veio me receber amistosamente e me emocionou) preservam memórias e histórias de nós, mas estão muito vivos em seus complexos de edificações.
É bom sabermos de onde viemos, mesmo que nossas origens precisem mais cuidado!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Dilma e Serra

Vendo as últimas aparições da Dilma e do Serra e o que "disse" a última da Datafolha, prevejo um caminho árduo para termos a primeira mulher presidenta dessa terra...
O Serra, sendo bonzinho, falando de genéricos, conquista de "São Paulo maravilha", experiência de vida e etcétera, vai angariar muito voto!
Pelo menos ele não deve cair naquela esparrela de chamar a mulher de "guerrilheira" e "assina". Mas para isso sempre tem um partido nanico com sede de sangue (e da grana "não contabilizada")!

Pedra do rio

Quando tem enchente, tudo bóia na superfície.
Quando a seca vem é que se sentem as pedras do fundo do rio!
Competência pessoal, excelência operacional, performance de grupo, baixo custo, desempenho, etc: nomine as pedras do seu rio e vá em busca de aplainá-las!

Março

Vai tarde!
Pior é que meu aniversário é no fim de Abril e, para quem crê em astrologia e biorritmos, devo estar no auge do meu inferno astral!

Deu merda

Perdeu meu documento.
Encheu o saco.
O cunhado mandou ele fazer servicinhos de boy.
A mãe quase pira.
Onde ele vai parar nas próximas semanas?
O outro irmão não o quer mais em sua casa.
A irmã deve ter lavado as mãos; talvez finalmente fique mais esperta com a vontade de ajudar que acaba atrapalhando.
Vou viajar com ele amanhã para Marília...
Toma jeito, merrmão!

Vácuo

Espero um telefonema libertador, mas sei que não virá assim...
A semana é santa, quer dizer que haverá muito menos movimento de contratações, me parece.
Tenho que ir a Campinas, buscar e assinar um protocolo do PPP no IQ da Unicamp.
Quero até dar uma esticada a Marília, nada especial, só rever o Oeste e lugares do passado, nem as pessoas me interessando especialmente, apenas a vontade de me deslocar, tão "parado" estou.
Preso nesse vazio profissional (a gente que trabalha demais fica meio perdido nessa hora).
Passei uma semana ruim, o corpo acusou os golpes repetidos por tantos anos de descontroles alimentares e angústias ansiosas.
Hoje ainda tive pequenas dores, mas finalmente me sinto melhor e começo a acreditar que a maré ruim de saúde vai passar!
Já nem estou mais tão vazio...
E hoje à tarde vou dar uma volta com a Kátia e assistiremos o "Tulpan"...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Cântico

Peço aos céus
Poder fazer o certo
E não conseguir fazer o errado.
E saber distinguir um do outro!

Arte de torrar paciências

BBB dos Nardoni: insensatez alheia invade a casa por todos os poros dos jornais e televisão.

Em nome do Pai

Na cozinha:
- Você nunca mais me diga palavrão!
- Vai se fuder!
Sai correndo atrás do filho no corredor.
- Peça desculpa!
- Vai tomar no cu!
Um tapa lá e um soco aqui...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Blogosfera do Paulo Teixeira

O site oficial desse deputado é o www.pauloteixeira13.com.br
Visitem!
Natural (ou pelo menos por lá criado) de Águas da Prata, nascido em 1961, advogado pelo Largo São Francisco e com uma história bonita na política da nossa Zona Leste (na última eleição, para a Câmara Federal, teve mais de 75 mil votos!), sua fala mansa me cativou recentemente.
Precisamos de gente decente lá em Brasília!

Acidente do serralheiro

Veio seu Minervino, mariliense como eu, consertar as folhas externas, para-sóis, das janelas dos quartos, de alumínio.
Serviço findo, acho que ele foi fazer uma firula e mexer nas esquadrias envidraçadas, da janela propriamente dita, interna, do meu quarto.
No puxar para tirá-la o vidro se quebrou.
Um grande caco pontiagudo lhe caiu em cheio sobre o antebraço direito.
Escutei os vidros se quebrando fui correndo da cozinha para o quarto, mas o encontrei lívido, já na sala, segurando fortemente o braço, tentando estancar a hemorragia.
E me mostrou o buraco, carne sangrenta, gordura e ossos expostos. (Sorte ter sido o fundo talho paralelo aos músculos e tendões; se fosse transversal o assunto poderia ter acabado bem pior...).

O resto foi um atabalhoamento de trânsito e recepção de hospital (Evaldo Foz), lavagem daquele corte, soro, anestésico e uma sutura interminável.
Esteja bem, seu Minervino!

Mestre Jeng

No desespero hemorroidal e com medo de cair na faca de um proctologista mais cirúrgico e afoito, fui a um herborista chinês aqui do bairro.
Me tomou uma bela grana, em clima de personagem do Woody Allen em Chinatown.
Quatro preceitos: chás para "faxina", uma dieta muito louca para que nada fermente no intestino, shiatsu como sucedâneo da acupuntura e a cada hora ficar 5 minutos com o "Sopro Divino" (um técnica de "meditação" e "respiração", mas ele não gosta desses nomes).
Tou que nem passarinho na muda: nem pio.
Minha esposa médica só falta me jogar pela janela!

Todo errado

Digestão ruim.
A circulação deve estar mal.
Cabeça: mais prá menos.
Relacionamentos, quase em pane.
Um dorzinha na articulação da cabeça do fêmur.
O tal do Março não tá fácil não!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Mais uma razão para odiar o DEM

Carlos Apolinário: um dia abranda o Psiu! e no outro tenta mandar a Parada Gay para o Campo de Marte. Nota zero! Até o Kassab acha o cara mala!

Paulo Teixeira

Esse Deputado Federal do PT-SP tem organizado um bom debate sobre drogas no Congresso. Por conta disso o vi em três canais abertos de TV essa semana (e com ele o ministro da Cultura, Juca Ferreira, e o FHC).
Vou conhecê-lo melhor e, acho eu, decidir meu voto para a Câmara Federal (agora só em 2012, né!).

terça-feira, 23 de março de 2010

Sutileza ibérica

Ou "Diferença dos caráteres luso e espanhol"

A predominância da emoção sobre a paixão. Somos ternos e pouco intensos, ao contrário dos espanhóis - nossos absolutos contrários - que são apaixonados e frios.

Retirado do Fernando Pessoa aí embaixo

Pros filhos

Um diploma, passaporte e o título de eleitor.
Conhecimentos, uma passagem e um voto.
Que heranças mais legar?

Mais uma das Novas Poesias Inéditas

Não combati: ninguém mo mereceu.
A natureza e depois a arte, amei.
As mãos à chama que me a vida deu
Aqueci. Ela cessa. Cessarei.

Fernando Pessoa
sem data

Ainda das Novas Poesias Inéditas

O meu sentimento é cinza
Da minha imaginação,
E eu deixo cair a cinza
No cinzeiro da Razão.

Fernando Pessoa
12-6-1935

Poesia de Pessoa

Tudo, menos o tédio, me faz tédio.
Quero, sem ter sossego, sossegar.
Tomar a vida todos os dias
Como um remédio,
Desses remédios que há para tomar.

Tanto aspirei, tanto sonhei, que tanto
De tantos tantos me fez nada em mim.
Minhas mãos ficaram frias
só de aguardar o encanto
Daquele amor que as aquecesse enfim

Frias, vazias,
Assim.

Fernando Pessoa
6-9-1934
em "Novas Poesias Inéditas"

Mais um torneira consertada

Saí com o interno do castelo da dita cuja da cozinha, que pingava um pouquinho.
No João Ratão, careiro e nosso vizinho quase, nada.
Casa das Construções, na Joaquim Floriano, nada.
Assistência Técnica da Deca lá na Brigadeiro Luiz Antônio, na frente do "hotel que parece uma fatia de melancia" (Unique), como me disse o balconista da loja de material de construção.
Uma pernada, vinte mangos!
Sem gambiarra!
Agora funciona como se nova fosse, pois efetivamente o miolo é mais complicado que uma torneira simples e agora é novo de novo. Quase um orgasmo ao virar a manopla sem força e ver a vedação perfeita!

"Só a arte é útil

Crenças, exércitos, impérios, atitudes - tudo isso passa.
Só a arte fica, por isso só a arte vê-se, porque dura."
Fernando Pessoa
Reflexões sobre a arte
em Idéias Estéticas

Consciência da Pluralidade

Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros).
Sinto crenças que não tenho. Enlevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta traições da alma a um caráter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como panteísta se sente árvore (?) e até flor, eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada (?), por uma suma de não-eus sintetitzados num eu postiço.
*
Sê plural como o universo!
*
Sendo nós portugueses, convém saber o que é que somos.
a) Adaptabilidade, que no mental dá a instabilidade, e portanto diversificação do indivíduo dentro de si mesmo. O bom português é várias pessoas.
b) A predominância da emoção sobre a paixão. Somos ternos e pouco intensos, ao contrário dos espanhóis - nossos absolutos contrários - que são apaixonados e frios.
Nunca me sinto tão portuguesmente eu como quando me sinto diferente de mim - Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Fernando Pessoa, e quantos mais haja havidos ou por haver."
Fernando Pessoa, "Os Outros Eus", Gênese e Justificação da Heteronímia.

Prosa de Pessoa

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.

PREDOMÍNIO DO SENTIDO INTERIOR (1910?)
Era eu um poeta estimulado pela filosofia e não um filósofo com faculdades poéticas. Gostava de admirar a beleza das coisas, descobrir no imperceptível, através do diminuto, a alma poética do universo.
A poesia da terra nunca morre. Podemos dizer que as eras passadas foram mais poéticas, mas não podemos dizer que a poesia do universo se acabou!
A poesia encontra-se em todas as coisas - na terra e no mar, no lago e na margem do rio. Encontra-se também na cidade - não o neguemos - é evidente para mim, aqui, enquanto estou sentado, há poesia nessa mesa, neste papel, neste tinteiro; há poesia no barulho dos carros nas ruas, em cada movimento diminuto, comum, ridículo de um operário, que do outro lado da rua está pintando a tabuleta de um açougue.
Meu senso íntimo predomina de tal maneira sobre meus cinco sentidos que vejo coisas nesta vida - acredito-o - de modo diferente de outros homens. Há para mim - havia - um tesouro de significados numa coisa tão ridícula como uma chave, um prego na parede, os bigodes de um gato. Há para mim uma plenitude de sugestão espiritual em uma galinha com seus pintinhos, atravesando a rua, com ar pomposo. Há para mim um significado mais profundo que as lágrimas humanas no aroma do sândalo, nas velhas latas num monturo, numa caixa de fósforos caída na sarjeta, em dois papéis sujos que, num dia de ventania, rolarão e se perseguirão rua abaixo. É que a poesia é espanto, admiração, como de um ser tombado dos céus, a tomar plena consciência de sua queda, atônito diante das coisas. Como de alguém que conhecesse a alma das coisas, e lutasse para recordar desse conhecimento, lembrando-se de que não era assim que as conhecia, não sob aquelas formas e aquelas condições, mas de nada mais se recordando."
Fernando Pessoa, "O Eu Profundo"

Erva de bicho é o bicho

Domingo em Campinas minha mãe foi comprar seu remédio para controlar a pressão.
No ensejo, contou que seu pai teve lá suas crises hemorroidárias e as resolvia com banho de assento e chá de uma tal "erva de bicho".
Discutimos muito sobre a conveniência de procurar isso num vendedor de ervas (nos mercados centrais como o de Campinas se acha, mas aqui na metrópole é mais difícil). Tomei coragem de pedir ao atendente da farmácia algum "produto natural" para hemorróidas, com a tal planta. Ele praticamente riu de nós e disse que tinha coisas muito mais modernas e nos foi buscar três ou quatro sucedâneos.Eu querendo evitar todos aqueles nomes complicados, efeitos colaterais e quejandos...
Uma mocinha do balcão que nos escutou, procurou no software e nos veio com uma pomada preta, caixa vermelha com programação gráfica antiga e tudo.
Morais da história: a modernidade às vezes é uma merda e uma moça calada vale mais que dois rapazes bem falantes!

domingo, 21 de março de 2010

Origens

O meu pai era mariliense.
Minha mãe era santista.
Meu avôs pirajuense e porto-felizense.
Minhas avós uberabense e ilha-belense.
Meus bisavôs piracicabano, avareense, português e galego.
Minhas bisavós itapetinguense, andaluza, ubatubense e basca.
Daí para trás só consigo ver um ramo, patrilinear, que me remete do planalto bandeirante, canavieiro e cafeeiro, à chegada dos portugueses em São Vicente.
E no mais é uma noite cheia de sonhos de Europas, Áfricas, Américas e Ásias do meu passado genético...

Tarifa de Embarque Waly Salomão Excerto

Síria nenhuma iguala a Síria
que guardas intacta na tua mente régia.

Nunca viste o narguilé de ouro que tua avó paterna
- Kadije Sabra Suleiman-
exibia e fumava e borbulhava nos dias festivos
da ilha de Arward.
Retire da tela teu imaginário inchado
de filho de imigrante
e sereno perambule e perambule desassossegado
e perambule agarrado e desgarrado perambule
e perambule e perambule e perambule.
Perambule
- eis o único dote que as fatalidades te oferecem.
Perambule
- as divindades te dotam deste único talento.

Campinas

Nessa última semana tentei chegar lá para depois ir a Marília, mas me vi frustrado pela cólica renal.
Hoje vou de novo!
Almoço em família!
Será que dessa vez chego ou algo de imprevisto ou mal acontecerá?

Pedra no rim, dor no cu

Tudo numa mesma semana?! E na hora do desemprego!??
Como um bom ateu duvidas, meio desesperado. Tu cuja mãe o levou recentemente (por sugestão do cunhado) até o Santuário da Nossa Senhora Desatadora do Nós (em Campinas) para se benzer, e onde tu escrevestes malandramente pedidos de emprego.
A velha reza por ti!
Não, veja bem, não estou dizendo que tu deves se ajoelhar e pedir perdão a Deus, mas sabes como é, queixo duro às vezes toma o nocaute primeiro. Precisas de jogo de cintura, pensamento positivo, mas misticamente rezas à tua maneira...
Sei lá, é difícil ser racional e o medo do fim nos abraça na curva!
Deus, Jesus e Espírito Santo, Santíssima Trindade, me acudam!?

Hemorróida

Sei que as causas não são bem conhecidas, mas podemos entender que vem de uma pressão abdominal mais intensa. Varizes no ânus, poderíamos dizer. Dói e preocupa. Não é meu primeiro episódio, pior ainda! Tive em Cajati e no Marrocos. Dá medo! Deve ter a ver com a obesidade, a ansiedade, a hipertensão, a alimentação muitas vezes trash seja por quantidade ou por qualidade (digo, excessos de gorduras, muitas trans, e açúcares e outros nocivos). Tentei umas massagens com pomadas (meu filho menor viu e disse que era muito gay o ato). Rezo para não ter que cair nas mãos cheias de dedões de um proctologista e, maior dos males, ter que entrar na faca!
Rezo aos deuses do cú que me valham!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Hebdomadário página 32 1986 Exéquias de um canário

Talvez tenha sido a noite fria, mas cá para mim foi o seu "modus vivendi" que o matou. Repasso em instantes os lances dessa curta existência aprisionada e quantas vezes hesitei em libertá-lo pensando que talvez ele não conseguisse sobreviver em ambientes "reais" de competição pelo alimento e segurança.
Cheguei há pouco em casa e pensei que como sempre ele estaria encolhido sob aspenas, dormindo. às vezes ele acordava e outras nem se mexia e eu gostava de ser discreto o suficiente para não importuná-lo. Nos últimos tempos eu tinha me afastado dele, esquecia de alimentá-lo e limpar sua morada.
Afinal deparei com sua cabeça pendida do vão das grades. À princípio não gostei da idéia de tocá-lo e talvez constatar a sua morte. Alisei a cabeça por fora com o dedo e percebi a inércia que se apossou do seu corpo. Tive então que abrir a portinha e colhê-lo. Percebi que sem vida ele parece pesar menos ainda que umas poucas plumas. Lembro-me de tê-lo apanhado quando vivo e a impressão era de haver muito mais massa, porque havia movimento. Agora ele estava reduzido a uns poucos gramas. Os olhos murchos e o corpo coberto de formigas. Tudo deve ter ocorrido recentemente, pois ainda não há rigidez cadavérica, se é que isso ocorre em canarinhos, tão pequenos os ossinhos e músculos. Seus pezinhos, cascudos da sujeira do poleiro, estão quebradiços, com uma unha que quase se desprende do dedo mais frontal e longo do pé esquerdo.
Penso que foi breve demais sua passagem. Não foi o suficiente para ele aprender a cantar, devido à sua falta de companhia, só lhe foi possível imitar os pios pobres dos pardais que vinham à sua presença na cata das migalhas das suas refeições. Muito menos tempo houve para definir qual era o seu sexo e poder arrumar-lhe m parceiro (ou parceira?).
no fundo nao sei se gostaria de reproduzir a geração dos que vivem dessa forma. Fico consternado porém com uma morte sem sentido.
Não o abandono, pois não sei que fim vou dar ao seu cadáver. Quero lhe prestar as honras fúnebres, enterá-lo no jardim. homenagear os da sua raça, os que cantam e nos alegram, os que vivem livres, as cores de suas plumagens, o símbolo de paz que inconfundivelmente se associam com a fragilidade e a beleza, com sua integração ao meio, já que eles não colhem nem ceifam. Quero chorar pelos exemplares atuais que estão condenados à artificialidade, prantear o fim da liberdade deles que moreu junto com a minha, com a morte das matas, dos índios, dos "selvagens".
Quero sentir a minha vida através da falta da dele. Seu corpinho estendido sobre o jornal em cima da minha escrivaninha parece avançar para a perda de suas cores. Só restam tons de amarelo sem vida e uma ou outra mancha mais avermelhada, reminiscências dos carotenos dos pimentões maduros e das beterrabas que lhe dei.
Sinto-me inútil, impotente para recobrar-lhe os sentidos e mover-lhe o sangue. Uma formiga solitária vagueia pelo meio de suas penas.
Estou com pena de ser como os canários, de viver em gaiolas, de ter que aceitar a ração incondicionalmente, de ter a vida efêmera e sem grandes alegrias. A vida me foge como a dele, inconteste e inexplicavelmente. Estou feliz, no entanto, de poder cantar, de tomar sol, de "voar" mesmo que de um puleiro a outro. A vida se adequa às circunstâncias e a libido se manifesta na adversidade. Criamos o mundo dos sonhos e do pensamento onde a mata é virgem e os pássaros ainda cantam em liberdade, ou melhor, onde os pássaros (que nunca viram o mundo de além das das grades das gaiolas) se libertam de todos seres que lhes oprimem e impõem barreiras ao vôo.
Gorjeio numa manhã messiânica, sou homem no tempo que não houve e não haverá, se bem que minha esperança não termina com a morte do corpo desse animal. Sobrevive em outros, herdeiros da mesma idéia que recebi.
Aqui perto jaz um canário insepulto e assim ele não ficará. Terá sua tumba rasa com meio palmo de terra sem lápide e sem memória. Meu sonho, porém, terá outro fim, dissociar-se-á do meu corpo que seguirá os passos trilhados pelo corpo do canário. Meu sonho não terá fim, meu sonho é eterno como os sonhos do homem.
Meu sonho é um pássaro sem alçapão ou gaiola, sem pedrada ou estilingue. Meu sonho é um homem sem patrão ou endereço, sem guerra ou exploração. Meu sonho é o casal de canários e seu ovo, o primeiro de uma geração que está por vri, com o canto mais lindo e a plumagem sem concorrente em quantidade e intensidade de tons. É o canário que sou e o homem que vive no canário, que morreu.
Sou o sonho de um pásaro preso que morreu esta noite de causas não determinadas numa gaiola ignóbil.

Feriado

O corpo ainda doído
Das estradas esburacadas
de ontem

Praia, cidadezinha da costa
"Nunca mais vou dizer o que
realmente sinto!"

Céu azul de outono tropical
Ressaca do mar e de mim

Mas haveria outras manhãs
Renovadas como aquela
Águas frias
Coração quente

Renascer

A primavera do calendário
Se aproxima do coração

Um olhar, um pensamento furtivo
Indicam que uma musa
Inspiradora, talvez forte
Com certeza bela
Se insinua num terreno
Que estava árido

Fui feliz

Quero estender no tempo
Os sentimentos que ontem tive
Calma, gratidão
Um amor que brota?

Um beijo longo, desejo de sexo
Mais a vontade de que dure
Prá sempre!

Luzia

Lucia nas notas percutidas
Nas cordas de uma guitarra
Violão

Talento
Inteligência

Mouro gitano
Cavalo galope
Paco, paco, paco

Como era grande o rio
Que me jogava de Al Andaluz
Para as terra da América

Rio de sábios
Músicos,
Médicos e poetas

Criação

Bainha de mielina
Dos melhores chips
Supera a sina

Parece que acabou mesmo 1986

Depois não sei dizer como foi que passaram aquelas segundas terças, quarta fora ontem e agora quintatarde tonitroando voazes de insatos voradores. Cela, essas nossas vidas são, velas, tela onde a vó chora a morte do netinho, diz que reza muito por ele, sonham a mãe e o pai, ele e seus irmãos e os irmãos dos outros. Somos uma grande família: ou aprendemos a conviver ou estamos fudidos. Não sei se quero ou não. Por enquanto ia bem achava, amanhã partia, rescisão do contrato, fundo de garantia, aviso prévio, aulas de carro, os exames todos, naquele dia de manhã a menina loira muito insegura derrubou o bastão, comigo não houve nada, amanhã sai o documento à tarde, de noite tem trem, minha mochila, oito meses de Marília, tantos e tortos, são duzentos e quarenta dias, afinal não é tanto tempo assim, passagem, o suficiente e o necessário, livros na bagagem, planos de lê-los em dias e noites enormes infinitudes de vida, duradoura, tinha então vinte e poucos, podia morrer a qualquer hora, uma fatalidade era o estarmos. Cuidar de vasos, conhecer muitasmulheres e muitos homens, muitos lugares a vida inteira para, praias, cordilheiras, rios enormes, desertos, cidades. Bares, camas, chuveiros e piscinas. Ler, escrever, trabalhar de leve, beber, comer e transar, fumar um pouco. Som, cascata de cachoeira derramando água gelada na cabeça que pensa inconscientemente muito mais do que pode a sensibilidade aguçada captar. Isso se tinha que acostumar, a vida correndo e a gente tomando flashes, não são cacos às vezes, tem uns momentos de prazer, um sonho de tesão social e individual, humano. Odorico perguntou se eu vou votar... Eu, sim, tomo vacina, sou habilitado, voto! na noite de são lourenço eu faço um pedido para uma estrela cadente e passeio nos anos quarenta da vila ocupada de San Martino, campos itálicos, de moças e outras gentes, no dia de hoje o Aguirre cólera, torpe, trôpego, poderoso, rola uma cabeça e muitos corpos nessa américa insepultos, não lamentados, aliás nem precisa lamentar desde que cuide dos que há, do aqui agora.
parece que acabou mesmo.
foi o fim de nada só para parecer que algo está concluído, marco aleatório, muda o lugar. R. subiu no trem e foi, kátia ainda passava nas manhãs do semestre que vem, a noite aulas, nada disso, R. viu um boi e já tinha pensado tudo aquilo, sabia o que era, conferiu a carteira no bolso abotoado, as malas firmes, tirou seu míope óculos grosso dos olhos , fechou-os e dormiu profundamente.

3 Cafés

Aqui perto, um spresso doppio no Suplicy, duzentas unidades de cafeína!
Aqui em casa, um golinho do da faxineira, a Lucineide do Ceará, para não dar o não como desfeita.
Talvez dez unidades de cafeína, na comparação.
Prometi para ela, hoje, depois do almoço, um Nespresso (digamos umas cem unidades de cafeína). Vamos ver se ela, na prova, aprova!

A jornaleira

Dedos sujos de tinta de impressão.
Filha moça e um menininho.
Largada do marido.
O irmão do japonês da outra banca, meia quadra além, a ajuda na banca dela, para umas saidinhas necessárias: banheiro, alimentação, quiçá bancos?
Nossa amiga!

No ato

Instante:
Este
É
Muito
Importante!

Dilma Roussef

30 prá ela, 35 pro Serra!
Última do Ibope-CNI.
Tá chegando!

Fabiana Murer

Simpática e disposta, teve sorte num mal dia da Isinbayeva!
Campeã de salto com vara em estádio coberto em Abu Dhabi, acho.
Sorte da moça!
Parabéns!
E que chegue aos 5 metros!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Tens alguma restrição de setor?

Sempre, ou quase, as entrevistas começam com ou contém essa pergunta.
Eu mando uma lista: fumo, álcool e armamentos...
Dessa vez (entrevista de hoje) acertei no último!

quarta-feira, 17 de março de 2010

De Manoel de Barros

"Da arte de infantilizar formigas

5.
O menino de ontem me plange"

Nefrólito

Cálculo renal!
Pedra no rim em bom português.
Saí ontem da Polícia Federal (onde fomos renovar os passaportes dos meninos) por volta das 4 da tarde e segui para Campinas, pegar o Xande para irmos a Marília, enquanto a família voltava de táxi para casa.
Poucos quilômetros de Bandeirantes me foram suficientes para não aguentar a dor lancinante que vinha em espamos cada vez mais dilacerantes.
Tomei a decisão de não continuar. Parei, me arejei, fiz exercícios, massageei as tripas pensando ser uma cólica intestinal. Segui, depois, por mais alguns poucos quilômetros ainda, buscando um posto ou telefone de emergência . No km 49 parei em definitivo, rendido por uma dor que, em espasmos mais frequentes, chegou a me turvar a visão.
Acenei e uns homens da Estrutural (uma empreiteira contratada que recapeia o asfalto para a Autoban) vieram a mim e chamaram o resgate (ponham os números dos resgates das concessionárias de suas rodovias de uso mais frequente em seus celulares! Pode lhes salvar a vida!). Avisei a Kátia e o Xande, e cada um deles acionou um "anjo da guarda".
Depois foi médico e paramédicos, ambulância do resgate, buscopan e plasil, Hospital Paulo Sacramento em Jundiaí (por prevenção e sorte tenho Sul América), médicos e enfermeiras, muito buscopan, dramin, catéter na veia (uma delas, a da face anterior do cotovelo esquerdoa francamente estourada por uma estagiária de enfermagem), algumas horas no hospital e, depois uma noite de cão, na companhia maravilhosa de minha Tia Lucila (que mora em Jundiaí, acudiu no ato e ainda me levou para casa dela) e do meu irmão Maurício (esse pau prá toda obra, principalmente as das horas difíceis). Imaginem se infarto no andar de baixo da casa da Tia, quem mais poderia me carregar, eu com quase sete arrobas, além meu irmão cadete e gigantesco?!
Depois do perengue, quase mijando sangue, domi em poucas horas o sono dos justos e hoje muito cedo acordei novinho!
Em duas horas, das 9 às 11, liberei o carro com a Polícia Militar Rodoviária no p[atio central da Autoban.
Estou grato a todos e muito feliz (na hora da dor, pensamos que vamos morrer!).
Outra coisa: os serviços, nessa região, são de primeiríssima qualidade.
Além dos parentes, agradeço a excelência e gentileza de todos profissionais envolvidos: Autoban, Resgate, Estrutural, Hospital e Polícia! (os não citados, desculpem...)

terça-feira, 16 de março de 2010

Ir a Marília

Audiência divorciante de meu mano.
Vou de motorista, emprestador de carro e suporte.
Quatrocentos e cinquenta quilos, quilômetros a oeste.
Saímos hoje à noite, vamos virar noite, chegar tarde, dormir num hotel qualquer, acordar cedo e ele vai se ferrar, como previ há um ano atrás.
Espero ter tempo para um almoço com outro amigo de lá.
Tenho que pegar nas mãozinhas...

Uma foto

Pensei em publicar mais uma...
Desisti.
Sempre houve aqui nesse espaço, e porque não dizer em outros diários "de papel" que acalento e alimentei por anos, um primado da palavra que, associado às dificuldades que uma vez tive em postar uma foto e hoje em achar nos arquivos algo realmente belo ou relevante, me fazem tratar a imagem como "heresia" e a descrição escrita de um objeto, ou fato e principalmente de idéias e sentimentos, como objetivo "único".
Estou "preso" nas palavras, visgo de jaca, grudado.
Amalgamado.
Algemado.

Seres ínfimos

Diferentemente de uma verdadeira casa, ainda mais se fosse no interior ou do mato, nosso apartamento não é boa estância para bichinhos e insetos.
De sangue quente, fora os quatro humanos, quando muito, perdido por frestas e vidros, um passarinho desavisado. O filho mais novo sempre pede um "bitso" (na sua fala pré adolescente), cão ou gato, e nos arrancou, duas vezes e concessão suprema, um hamster. Mas esses pequenos roedores morreram rápida e tristemente, perambulou por armários um tempo sua casa de acrílico colorido, acessórios e suprimentos açambarcados, depois jogados fora.
O que temos aqui então, salvo eventuais variados pequenos insetos voadores (outro dia veio um gafanhoto verde, já mais crescido), são umas micro formigas no banheiro e na cozinha, raras e minúsculas.
Menores ainda são uns mini acarozinhos que passeiam, de tempos em tempos, sobre os papéis dos documentos numas gavetas do quartinho.
E tomamos um cuidado danado, sondando pozinhos suspeitos, para que os cupins e outros xilófagos não roam madeiras desapercebidos.
Nossa casa, em termos de zoologia, é quase estéril e deserta...

segunda-feira, 15 de março de 2010

Suportar

Supor trilhas
E nelas me portar!

Antepassados e pósfuturos

Minha linhagem não é de ficar mais de uma geração no mesmo lugar.
Jovens, temos a obrigação de irmos procurar outro continente, outro país, mina, fazenda, pasto, profissão, terra de plantar café e, agora, comigo mesmo, fábricas.
Onde vão parar meus filhos depois dos 20?

Mariliense

Com e sem orgulho ou ufanismo.
Apenas é o único gentílico de naturalidade que me cabe.
Sou sim, e daí?

Pós prandial

Digiro lentamente a "farinha do desprezo".
A carnal miséria.
E a fruta do conde cáqui.
Baião de dois.
Virado e mexido.
Espinafro-me.
Café da alta paulista!
E um sofá, quase uma índia rede!
Estabaco-me no tabaco, sorvo e sopro.

Igualado

Nesse post igualo em número, em 2010, todos os demais de 2009.

Alvíssaras!

Páscoa

Judeo cristão
Passa de cativo a liberto
Entre um ovo e um bacalhau!

A tu urdido

Tramamo-nos
Aturdido
Crocheteado
E tricotado a ti
Costurado
Escarrado e cuspido
Cupido
Cúpido
Lúbrico
Lubrificado
A ti ficado
Beatificado
Até que a morte
Nos espere!

Onze horas

Macaco chora
Fazendo careta
Prá dona Aurora!

Meio dia
Macaco chia
Fazendo careta
Prá sua Tia!

Mosaical

"Nada.
Limpidez e sujeira.
Desorganização.
Sol n´água.
Cães dilacerando beócio coração.
Instaurado no éter.
Molusco marinho.
Dilacerante poente.
Jogo de cintura.
Corista faísca intermitente na cena.
Fogo alastrante até breu.
Cisco no olho do cisne.
Bote da cobra, gozo, boca cuspindo brasas.
Poéticos Slogans.
Armação de retalhos.
Dia a dia de colagens, performances e interferências.
Idéias, informações.
Improvisação de estratégias dançantes.
Mexer no computador até um claro dinâmico explosivo.
Certezas dão em nenhum caminho.
Rasuras.
Radicalizar na cor.
Produtos para se lançar ao alto do mundo.
Universo azul."

de Jorge Salomão na contra capa do livro do título (reduzida)

Perambule

Preambule
Café no bule
Buliço
Rebuliço
Rebolation
Prépe pré perambule sob a terra
Sobre a terra que te leva a tua terra
Perambule até e em Marília!
"Perambule pois as divindades te deram esse único dote.
E as fatalidades esse talento!"

Retorno imaginado à terra

Depois de décadas R. retornou à Marília.
Sua Macondo, seu Rio de Janeiro, Bahia ou vila insular grega.
O retorno era eterno, mas agora era de pedra.
Aos 45 se sentia cansado, triglicérides e colesterol, fígado gordo, precisava voltar à yoga, precisava mudar a antiga superalimentação supercalórica e gordurosa.
R. voltava a Marília ou Marília voltava a R.?
Eram tempos de desassossego, quantos esses!
Curvas de R. Descaminhos. Trajetória do perambulante.
Imaginava quantas vezes naquela Castelo Branco. Idas e vindas, mais ou menos longas.
Cigano, andalus, ibérico.
Quinhentos anos já de transumância nessa Terra Brasilis.
Marrano. Portuga. Espanhol. Banto.
Monoteísmos e politeísmos sincretizados numa sinagoga rachada.
Uma voz de taquara rachada.
Uma voz. Pois por mais que pouco repercussora, uma boa voz a falar.

Escuro chuvozim

Ontem veio um vento de tarde, quebrando galhos das árvores.
Nos deixou sem luz por boas horas.
Aí deu essa invernadinha, choveu, tá assim assim, meio outonal.
Aproveito a manhã, penso, procuro emprego (hoje é assim meio virtual, né!), imagino lugares, processos e pessoas novas.
ReEspondi até chamada para vaga em Marília!
Imagine se eu para lá voltasse como profissional...
Quanta coisa ia mudar!

Permitam-me continuar perambulando

Peripateticamente perambule.
Vá às cidades escondidas e eventualmente feias.
Sempre há um mato em volta para se fingir que é belo.
Ou para ser muito belo mesmo.
Pois o belo, mais que as construções, são as relações.
E há construções humanas maravilhosas.
Queria estar todo o tempo entretido com gentes, construções e paisagens.
Fale em línguas antes sonhadas.
Entre em detalhes, mas não seja chato.
Há beleza em detalhes e efemeridades.
Mas a chatice mata!

Exerceto perambulante

Do Tarifa de Embarque que postei aí em baixo:

"Retire da tela teu imaginário inchado
de filho de imigrante
e sereno perambule e perambule desassossegado
e perambule agarrado e desgarrado perambule
e perambule e perambule e perambule.
Perambule
- eis o único dote que as fatalidades te oferecem.
Perambule
- as divindades te dotam deste único talento."

do Waly Salomão

Grandeza do ínfimo

Manoel de Barros cresceu vendo lesmas, passarinhos e insetos no quintal e peixes logo ali.
Eu vejo interruptores, faxinas e uns servicinhos hidráulicos.
Há grandeza nos pequenos atos.

sábado, 13 de março de 2010

Reitero o grifo (meu) de Waly Marinheirim da Lua

Síria nenhuma (a da "realidade" ou outras imaginárias) iguala a Síria que guardas intacta em tua mente régia (a que "criaste" em tuas idéias e memórias).

De Waly Salomão

"Sou sírio. O que é que te assombra, estrangeiro,
Se o mundo é a pátria em que todos vivemos,
Paridos pelo caos?"
- Meleagro de Gádara, 100 anos a.C.

"Tarifa de embarque"

Não te decepciones
ao pisares os pés no pó
que cobre a estrada real de Damasco.
Não descerres cortinas fantasmagóricas:
camadas de folheados
- água de flor de roseira
- água de flor de laranjeira –
que guloso engolias,
gravuras de aldeãs portando ânforas ou cântaros,
cartões do templo de Baal
e das ruínas do reino de Zanubia em Palmira,
fotos do Allepo, Latakia, Tartus, Arward
que em criança folheavas nas páginas da revista Oriente
na idade de ouro solitária e febril
por entre as pilhas de fardos de tecidos
da loja Samira;
arabescos, poços, atalaias, minaretes, muezins,
curvas caligrafias torravam teus cílios, tuas retinas
no vão afã de erigires uma fonte e origem e lugar ao sol
na moldura acanhada do mundo.
Síria nenhuma iguala a Síria
que guardas intacta na tua mente régia.

Nunca viste o narguilé de ouro que tua avó paterna
- Kadije Sabra Suleiman-
exibia e fumava e borbulhava nos dias festivos
da ilha de Arward.
Retire da tela teu imaginário inchado
de filho de imigrante
e sereno perambule e perambule desassossegado
e perambule agarrado e desgarrado perambule
e perambule e perambule e perambule.
Perambule
- eis o único dote que as fatalidades te oferecem.
Perambule
- as divindades te dotam deste único talento.

Quadrinhas ao gosto escatológico

(Podem ser cantadas nas melodias de "Chora bananeira" ou "A festa da Dona Aurora"...)

Morena casa comigo
Que ocê num passa fome
De dia tu come cobra
De noite a cobra te come!

Essa batata num tá cara!
Se cê prova cê gosta
Um quilo dessa batata
Dá bem dez quilos de bosta!

Em cima daquele morro
Passa boi passa boiada
Passa o (nome de um amigo)
Dando o cu prá molecada!

O cachorro quando late
No buraco do tatu
Solta espuma pela boca
E chocolate pelo cu

Em cima daquele morro
Tem um pé de uva preta
Nunca vi muié bonita
Co´uma pinta na buceta

Paulista sem pau é lista
Paulista sem lista é pau
Tirando o pau do paulista
Paulista fica sem pau!

Cagar em bacia rasa
Me dá tristeza profunda
A merda bate na água
E a água bate na bunda!

Já que aprendi a publicar fotos...


Esse é o "Alexandre" uma homenagem ao meu pai que encomendei ao Sérgio Vieira para lembrar do aniversário de 25 anos da morte do seu Alexandre. A foto mostra a escultura de cerâmica já biscoitada (dada a primeira queima a 1000 oC) e sendo esmaltada (para vitrificação do esmalte a cerca de 1300 oC).

Geraldão chegando no céu (1a imagem que publico!)


Tem outra boas: um Geraldão com auréola e a palavra "Eterno!" (mas é meio religiosa e reverente), outra do Glauco chegando no céu e encontrando o Henfil, loucos para desenharem juntos. Essa vai, com esse ineditismo de ser o primeiro post com imagem desse blog, por que é sacana e irreverente como o personagem e seu criador.
Estamos mais pobres e tristes com certeza!

100tésimo

Esse CENTÉSIMO (100o) post num único mês é com certeza motivo de alegria.
Penélope, tenho que "tecer" de dia (quando estou desempregado) para "desmanchar" à noite (quando vou cuidar de uma fábrica ou projeto de). Se bem que um belo projeto tem toda uma arquitetura e uma poesia que se cartesianisa.
Assim o engenheiro escritor atua.
Nem Primo Levi (que era químico e diretor industrial), nem Salvatore Quasimodo...
Mas engenheiro escritor.
Não é grande coisa, mas ser maduro é tolerar nossas frustrações!

Nonagésimo Nono

Esse mês de Março o blog foi "turbinado" pelo reencontro com meus escritos guardados há tantos anos. Mesmo assim o próximo post é de champanhe e fogos de artifício!

Como viver a boa vida

"Podes me indicar alguém que dê valor ao seu tempo, valorize o seu dia, entenda que se morre diariamente? Nisso, pois, falhamos: pensamos que a morte é coisa do futuro, mas parte dela já é coisa do passado. Qualquer tempo que já passou pertence à morte.
Então, caro Lucílio, procura fazer aquilo que me escreves: aproveita todas as horas; serás menos dependente do amanhã, se te lançares ao presente. Enquanto adiamos, a vida se vai. Todas as coisas, Lucílio, nos são alheias, só tempo é nosso."
Sêneca, trecho ca Carta I, "Da economia do tempo"

Palíndromo (com muito sentido!)

Ailiram
Ia
Mar
Em
Marrocos.
Socorram
Me
Ram

Marília.

Acróstico

Registrando
O
Bom
Enquanto
Rio
Tão
Otimista

Concisão

Descrever
Escrever
Rever
Ver
e r

Restaurant Week

Esse nome em inglês sucks.
But, é um jeito de neguinhos $ ir a um restaurante de $$.
Fui.
Pensei que não ia ser, mas fui bem atendido.
E a misutra do Thai Gardens é boa.
Vá na fé.
Vou em outros nessas ondas de promoção, é uma forma de ampliar o reperório de culinárias e, para eles, expandir a base de clientes habitueés.

Sol

Batendo de esgueia na bancada da área de serviço.
Brisa leve.
Quase meio dia, maritacas e passarinhos gralham.
Crisântemos, rosinhas, calanchoes e espatódeas.
Janela se abre para o prédio vizinho, se eu for até lá verei o céu.
Sou só, mas quem não o é.
A esposa virá me levar para almoçar num tailandês.
O filho mais novo dorme logo ali no seu quarto.
O mais velho foi ver um Lama e dormir com uma moça, sei lá onde.
Sábado.
De SOL.

Inventário incompleto dessa escrivaninha

Tesouras, grampeador, caixa de fósforos
Fios do iPod e o próprio, livros, revistas
Papéis variados, um curriculum vitae em inglês
Uma caneca antiga pintada pelo Aroldo
Um cinzeiro (sem uso como tal) da Fundació Miró
Pastilhas Valda, durex, cola Prit
Canetas, lapiseiras, réguas
E um gordo batucando na frente do laptop...

A bizarra morte de Geraldão

Glauco Villas Boas (Jandaia do Sul, 10 de março de 1957 — Osasco, 12 de março de 2010) foi (é!) um desenhista, cartunista e líder religioso brasileiro.
Morto por um nóia da porra (que "aproveitou" e levou o filho do Glauco, Raoni, junto).
Triste prá caralho!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Do Hebdomadário 1986

Comi??
Como, se a boca é dela?
Aréolas que rodeiam bicos
Pelos que circundam lábios
Pele eriçada
Calafrios quentes
Quem é quem??
Depois de tantas inversões
Afagos e conversas
Decifrado
Não tenho pena
De ter sido!
Viro e durmo
Um sonho!

Pré crepuscular

O sol em ângulo oblíquo
Esticava as sombras
Até a parede mais próxima.

Sonho de revista geográfica

Lisboa num alfarrábio
Numa folia d´Alfama
Rezando marrano em igreja
Morrendo na Beira Tejo.

Madri, visitar o Prado!
E namorar a cigana
Sob um solo de guitarra!

Num café de Montparnase,
Rive Gauche de Pigalle
Passeando em Montmarte
Beber vinho numa ponte do Sena
Misturando Paris com arte!

Por todas cidades passei
Confundo pois os detalhes
e brinco fingindo que o mundo
São as páginas que virei!

Calo

Calado espero
Palavras
Que fossem belas
Palavras
Que fossem dela!

Pra me dizerem
Tudo
Que não escuto nela!

Pra me dizerem nada!

Preu sentir que o amor
É mudo!

Dores

Neguei demais o amor
Agora fico olhando a janela
Com cara de babaca

Imagino você, sua casa
Seu pôster do Chê na parede
Sua prateleira com biografias edificantes
Do Ho Chi Min e do Mao

(coisas que só não são ridículas
por estarem na sua companhia
nesse sábado frio e chuvoso)

Engano de querer ser teu
Umidade gelada no peito
Vontade de chorar
Solidão humilde no leito!

Tô esburacado e doído
Perdi as rédeas de mim
Se soubesse falar bonito
Estaria menos fodido!

Romântico ensandecido

Morro de amores, meu bem!
Mas não sei mais
Por quem...

Falta

Criar o impreciso
é preciso
na noite alta!

Inventar o infinito
Matar a distância
Entre meu olho
E o que fito!

Desejo de moço

Quando você vai
Se apaixonar por mim?
Em que dia, que hora
Vamos fingir que não tem mais fim?

Esquecidos de duvidar
Fechar os olhos e usar o tato
Fugir da cidade
Ir viver no mato!

Mau dissimulador

Mentindo te digo
Se sumires
Não ligo

Aniversário

Efeméride do dia em que nasci
Aproxima o envelhecimento
Adversário

Pós banho

O talco passa escorregadio e seco
No corpo que sai à rua
Seu palco

Hipócrates e Platão

Você chega às oito
Saio às sete...

Foi muita a noite
Que transcorreu nesse meio.

Planejei em horas
Os próximos anos.

Um filósofo e uma médica!
Cheios de idéias para
Nos deixar sãos!

Fato ou devaneio
Já lhe disse:
Te amo!

Não quero mentir
Ou ser vão...
Fica teu dente na minha veia!
E daí?!

Triiiiiimmmm

Graham Bell quieto jaz
Na associação que faço
Com o aparelho de plástico
Que repousa na mesinha
Do canto da sala

Meu olho a ele foca
Sei que é inútil
Mas peço:
Toca!

Pedido fútil e distração:
É tarde e falta vontade
Pra que ela, que não o tem
Procure um "orelhão"!

Coisa triste

Na banqueta dos pés
Da Poltrona
Onde se doa
Sangue

Você de repente vaga os olhos
Distante
Sem saber como me dizer:
Adeus!

E repleto
Desse desgosto
De perda
Desse objeto
Catalisador
De afetos

Eu quase te
Prefiro muda
Me
Desejo
Surdo
Por pouco
Não me deixo
Cego
Fugindo dos teus gestos!

Em que lugar posso ir agora?
Sem esperar cruzar com o teu
Olhar??

Preparo-me então para o pior:
Ver-te com outro
Com cara de alegre
Pelas noites loucas
Onde geme em dupla
Sem
Comportar
Mais
Um!

Rápida demais

Você é estabanada
preocupada com as horas
desse grande relógio de ouro
pulseira preta de couro!

você é conflituada
parece rompida com o mundo
é míope de olhos verdes
você: pequena como seus seios!

concretamente abstrata
você é perfeita prá mim
se estivesses sozinha
bem que poderias ser minha!

ensina-me o que sabes
aprender me nos no totum
Corpo mente aura
Sum ergo sum!

Só que foi rápida demais
A gente nem se conheceu...
Ou o futuro já passou?

Comunicare

Num ônibus vão 50 calados.
40 numa sala de aula.
40.000 num estádio!

Precismos falar e aprender a falar para conhecer e quiçá gostar.
Precisamos querer ser gostados.

Nos censuramos, temos medos de monstros que criamos e a nossa parte complexada se limita a nossas crenças e mitos. Por outro lado sabemos das limitações da nossa ciência.

Precisamos contar a história dos "vencidos"!

Falo e te magôo 1984

A falsa alegria
Não esconde a tua depressão
Você não precisar ser
Ou deixar de sê-lo.

Esteja presente.
O antes e o depois te devoram.

Prá que esses membros trêmulos
Boca aberta e expressão atônita?
Sombrancelhas arregaladas, voz balbuciante...
Onde miras?
O que procuras?

Mas não quero magoar você.
VAmos a uma festa?

Você quer uma força?

Pode entrar!

Antes que você me roube
Te ofertarei um doce
Prá exacerbar a controvérsia!

Assim que isso passe
Vou fazer visitas
Por interesse
Aos parentes.

Por falar nisso,
Tens uns cigarros?

Egotrip

Não falho!
Nunca!
Perfeito!
Mil páginas sen herro!
Me conheço a fundo e me revelo sem mácula.
Graças a mim!
Rosto e corpo que pedi a Deus.
Dorian Gray, meu rosto nada sofre...
Sou como uma foto de Marilyn Monroe, beleza eterna...

A máscara cai

Eu vejo vocês no espelho
Como parecemos, nós nos confundimos.
Não sabemos se é um espelho
ou o vidro é transparente?
Imito um pato
Pateticamente

Atores amadores
Nem gostamos do que fazemos
Merchandising e planfetarismo
Mau teatro!

Então nos restringimos à teletela
Seus galãs e seus sub Chacrinhas.
Ou o que sobrou do espetáculo!

Domingo

A semana tem o humor dos Jôs e dos Bonners.
Então vem o Sílvio com seu Baú
De horrores coletados no
Centro
Velho
Peões de obra amestrados
Travestis encantadores de serpentes
E leões subaquáticos!
Tudo a preço de banana.
Me dá Pânico de resistir ao domingo.
Para não morrermos
Antes da segunda feira...

Me sinto liberto

A vida não basta e a imortalidade não compensa.
Estou irremediavelmente perdido
Até que desça do céu uma estrela
Para eu a destruir!

Uma só não basta!
Todas as paixões humanas
Dos vícios ao amor.

Poucos tocam assuntos verdadeiros!
Muitos se limitam a banalidades mecânicas
De sociabilidades convencionais.

Amar é

Amar muito mais que poucos!
E profundamente.
E ainda mais até gostarmos mesmo dos humanos.
Seres iguais a nós, de toda parte,
Por quem nutrimos desprezo e indiferença
Quando não os imitamos ou odiamos!

Jards Macalé

O Vampiro na porta principal é um ótimo documentário.
O personagem é complexo, quando mais se pensa que ele quase se matou nos anos 80.
E o Macalinhas, tá lépido, magro e barrigudinho, dentes gastos, mas firme e forte.
"Eu não vou ficar olhando o movimento dos barcos!".

Ora, modelos!

Modas, modismos!
Tudo clichê!
Mascando e vomitando máquinas
Ananás moderno.
Ser poeta para falar em canções daqui.
Constatações banais, ideiais metamorfóticos e tartamudeantes.
Pulsares de anos luz.
70 ou 90 anos não se prestam a grandes ideais.
Fragamento de fragmento se autofragmenta.
Pedaços de dias, meses e anos.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Betéia

Todo mundo é
Odisseu
Ulisses
Companheiros
De viagem
Uma ida
De volta
Ao nada
Por nada
Passando
Por aqui!

Zé Ninguém

É duro apontar o dedo
Sujo
Pro espelho!
Nos acuso de culpa de tudo!
Talvez ela não exista
Nem seja tua.
Mas tua passividade
É foda!

Kafka

Não tem gosto
Mas som
De kafta!
Mas como
A nafta
Sublima
Eu, sólido
Sumo.
E você
Vem cá!
Fica!

Ocê tá na cela?

Mas cê não tem que sê-la!
Se tô e vejo cê lá
Te digo:
Sela
Teu Cavalo
Atire
Tua seta
Procê sê


Tá?!

Frases longas

Palavraslongas!
Para encher a linha de bobagens.
E coisas sérias.
Estando eu aos onze dias do mês de março do ano da graça de nosso senhor jesus cristo de dois mil e dez. O mundo gira cada vez mais rápido, tudo se transforma e continuamos.
Humanos, sempre muito humanos. Guerra, fome, petróleo e dólares. Sempre.
Já foi guerra, fome, água e dracmas, o tempo passa e a vida é curta.
Setenta ter oitenta, os quarenta te matam os cinquenta e sessenta nos trinta o que ninguém nos vinte se inocenta. Livros e discos e quadros e sons não explicam, mas alegram, o fundo. Do poço só posso evitar a queda. Alegria é prova dos noves.
Amizade o melhor lugar!
Aqui, quando!
Ali, saracoteando!
Abraço grande
do Beto!

Israel, Grécia, Arábia e Turquia

Iugoslávia, Itália
França
Espanha (Marrocos)
Portugal
Brasil, Brasil, Brasil!

Viver é

N
a
u
f
r
a
g
a
r

Amanhã

Ecce

Do
Ao

Como pode

Peixe
Sem água
Não se acode

Finito

O útero
Prepara
O féretro

Vou tentar

Musicar
Como se fosse um
Tom

Prá começar maior
Desce pro ré do pentagrama
Não sei que clave
Nem em que pé

Dominante prá tônica
Pode quebrar o final
Cordas, arcos, dedos
Palheta, boca na surdina
Duma baqueta

Vibrar e soar no movimento
De ondas construtivas
Interferência ressoando
Pelos corpos
Da existência!

Louco

Completamente!
De vontades
Vida e morte
Quentes!

Vaca!

Gargalho
à sua aproximação
Falto-lhe c´o respeito!

Dervixe

Rodando
Centrado pelo nariz:
Cada viagem, vixe!
Medo de morrer
Ou ser feliz!

"Aqui estamos todos nus"*

*de Jaime Ovalle, recebido numa sessão espírita

Não
Aqui não estamos todos nus:
Vestidos de Vergonhas!

Pelo menos tomamos nosso banho
Morno, juntos
Espremidos no box de acrílico e alumínio

Beijo o mistério do seu púbis
Angelical
Olho de baixo para cima
A barriga e seus peitos
Redondas formas

Engasgo às vezes
Água na boca
Nos olhos e nariz
Teso e calmo
Espero
Vivo

Desvendo o vale sacro
Que antecede nas costas
A bunda
Vendo agora
De cima prá baixo
Pele branca que não toma sol
Lisura feminina

"Aqui estamos todos nus"
Só nós dois
Ao menos!

Prá que ir prá Passárgada?

Por que eu iria prá Passárgada
Se aqui não tenho rei
E durmo com as mulheres que quero
Nas camas de quem? Não sei!

Prá que ir prá Passárgada?
Se aqui abraço e beijo amigos
No banquete das refeições
De frutos do mar e da terra
Pelas mesas dos restaurantes
E pelos botecos da serra!

Pra que ir pra Passárgada?
Aqui tomo banhos de mar
E passeio de pedalinho
A estadia é gratuita
Como a filosofia que leio
E a falta de parentescos
Nesse mundo paradisíaco
Onde meu corpo jaz molhado
Empanado de areia

E não sou tuberculoso
Mas me arrepio da morte
Num dia tão luminoso

Meu ônibus parte logo
E não posso ficar parado
Nele estará escrito "São Paulo"
E direi:
"Vou embora contigo,
Mas é pra Passárgada que vou!"

Que digo?

Que
Porquês
Prá quê?

Confundir

Rotineiramente
Prá que lado
Se ir ou vir

Fundo

Do poço
Do mar

Reticências

São necessárias
Pois quase não há
Pontos finais...

Arrelia

Já provei
De um pouco
Tudo

Da Odonto à Medicina
Da Computação à Química
Das Letras à Filosofia

Acabei como palhaço de circo
Percebendo uma farta miséria

Rindo das nossas desgraças
E chorando
De alegria

Cuitelinho

Fingindo parar
À custa de rápidas asas
Um colibri
Em pretos verdes metálicos
Mantém-se extático no ar
Sorvendo o néctar
Beijando a flor

Ave abelha sem ferrão
Borboleta meta formótica
Nem pensa, nem só retira
Poliniza a ação

Imagino ser livre como és
Ninho, alimento, galho qualquer
Todo céu é morada
De onde, tranquilo, não caio.

Divagação

Viver entre tudo isso
Passando e tomando parte
Entre pessoas e prédios
Sentindo entre amor e tédio.

Passo calado sem maior conflito
Entre cachorros familiares e asfalto
Galos, gatos são inexplicação do sentido
Eu procuro e me falto!

Fetos e recém nascidos
São a vida a seguir
Crianças aqui há muitas
Sofrem mas sabem sorrir!

Um tintureiro oriental
Passa na Kombi com minhas roupas.
O ônibus já vem.
Eu já vou!

Efêmero?

Se você deixar essa postura de mãe
E se der toda
Esqueço que existe amanhã
E me te dou todo.
Prometo que amanhã te esquecerei
Se você
Assim me idem.

Pérsia 1985

Arranco do pé
E tiro a casca
Com uma chave

Chupo os gomos
E fica o amargor exótico
Um finzinho de sumo
No fundo da boca

Quase verde
Lima
Que por si só
Rima

Pisamos a terra fofa
Do pomar
Vespertino
Viver podia ser assim
Feito e(u)m des(a)tino

Ainda lá 1985

O fim de tarde avança em roxos para a escuridão. O verde grama, ainda vivo, prepara-se para a hibernação noturna. Queria falar da beleza que me rodeia, mas o coração palpita pela falta dela no interior de mim.
Ando corrido, experimento pequenos prazeres e continuo existindo. Um contínuo, professor de adolescentes quase como eu mesmo.
Chego perto de uma mulher que me atrai e fico imóvel de palavras.
Espero que quando ela chegue, diga algo. Falei isso ontem e anteontem também. Ainda estou preso em mim.
Vi os seios dela no decote cavado. São pequenos, brancos e achei-os bonitos. Queria tocá-los bem de leve, beijá-los, mordiscar com dentes e lábios até o bico.
Fazer amor! Num dia morto!
E não ter nenhuma vontade depois do frenesi do prazer.
Passar horas numa cama suada e falar amenidades depois, tomar banho frio com ela, lamber seus pentelhos, beijar a ponta do seu nariz.
Quero namorá-la. Acho antiquado pedir alguém em namoro. Precisava dizer tudo com os olhos, até ficar vesgo de tão perto que se olha. Fazer o par de tranças que a deixa com cara de criança que ela é.
Dourado, o horizonte despede o Sol. Pisca uma lâmpada fluorescente. em conjunto os reatores zunem. Talvez haja beleza dentro de mim. Preciso transcender a barreira das carapaças e liberar as frangas que encurralo.
À minha direita degraus sobem para o próximo pavimento. Levam ao patamar superior onde vamos nos ver. Quero morar contigo. Casar por algum tempo, talvez você também queira. Vou te perguntar isso, que não cabe mais em mim.
Quero você e me ofereço em troca!

Em algum triste lugar do passado 1985 ou 1986

Passou a chuva e estou calado com medo que escutem meu cérebro. Um pingo d´água, na ponta de uma pseudo folha espinhuda de pinheiro, decompõe em raias do espectro visível a luz do sol. Não que eu desconfie dos infra vermelhos e dos ultra violetas, apenas não os vejo.
Penso no visível como o consciente. Sou milhões de frequências, cada qual com seus quanta a vibrar e apenas algumas entram na ressonância do pensamento verbalizável e analisável. Um rádio pegando poucas estações, e devo dizer que os programas não tem sido lá muito agradáveis. Dói vibrar nessas frequências da vida e no entanto é a única batalha.
coloquei uma muda de mato vermelho num vaso seco e a molhei. Talvez brote.
Anu grita com sua voz de sofrimento histérico e o grito intermitente com seus estalos agudos e ritmados se junta a outros para completar o barulho de carros ao longe e pessoas em repartição pública aqui ao lado.
Nuvens entre brancas e azul plúmbeo no fundo, variando também do anil puro aos dourados e prateados. Concretas, grandes tarjas de um cinza ladeadas de palcaiadas brancas.
Preciso falar de mim, mas me escondo dos meus medos.
E sei que nada pode me acontecer.
Fico andioso à oa e me retraio, nó de gravata na garganta, engulo em seco e saio.
Como numa escola ancestral, pancadas de régua da professora na minha carteira me assustam, paro de pensar para escutar uma reprimenda, choro e me angustio.
Minha cara passa de tensão lacrimejante a um riso se não contenho minha psicose maníaco depressiva.
Paro num semblante sereno que não apaga a convulsão de idéias, arrumo os óculos e puxo os fios da barba rala. Só no mexer dos dedos revelo minhas neuroses, que não são exclusivas, embora peculiares.
Peço calma a mim mesmo e me retiro!

Quatro do finado Léo (Letras - Unicamp)

"Eu não quero um analista
Nem um exame anti doping!"

"Bomba H já!"

"A pedagoga-guga é gaga!"

"Lycra bundinha, mariazinha!"

No horizonte há os edifícios 1985

E a cidade se espalha pelos dois lados
Não tomei o ônibus e fui a pé
Com paradas no trevo e sob a luz de mercúrio
Do banco da praça
Dali de perto da Zona que se acaba
Pela sofisticação da prostituição
E do cemitério
Que cresce com a cidade

Caminho só para casa
Entre árvores, postes, automóveis e pessoas
Debaixo do avião noturno
Sobre ruas e calçadas
Com pobres guardas noturnos

Preocupo-me com as gerações
As idas e as por chegar
E a minha, tão espremida como
E pelas demais

Passo por belas clínicas
E entre asseados currais
Onde moram tão semelhantes a mim
Controversos animais

Que se exercitam nos clubes
E em suas construções
E vão direitinho à escola
Que o vídeo reforça as lições:
Comer, cagar e jogar bola!

Dúvida

Estou com uma
E a outra
Chega

Movimentares

Ao abrires a janela
No fim de dia limpo de chuva
Entra o vento: ares agem!

Ai, Cais!

Porquê ficas imóvel
Ante as móveis
Velas e vendavais?

Sinto

que se falar demais
omito, invento, mudo
e não raro minto

Passou da hora

E você não veio
Esperei à toa
Escrevo e leio
Que foi embora
O Sol da lagoa

Dissimulo
mas não me engano
Procuro você no ônibus
Que passa
Na porta
Que abre
E em todo movimento universal

Palabra

par lavra
faláramos
vir ver vi
ver em
friágua
sol morno de vento
solstício
uma festaem Stonehagen
palavra com pedra
eu
plantado mineral mente
olhando a dissolução
do banhista
na piscina
deserta

Assim é

Onibus lotado
Um pingente mudo cai
Atropelado

Nitidez

Grande janela de vidro
Numa tarde de Sol impecável
Olhando um detalhe por vez

Serência

Equilíbrio
Entre ser
E essência

Uivava

Nas folhas
O vento
Do abecedário

Maneta

Poeta e retórico
Faz nada do seu arcabouço
Teórico

Esqueci

De quem é a cara do moço
Que me cumprimenta
Na contramão?

Guerra

Quente ou fria
Na Terra
Dia a dia

Defeitos

Fiquei procurando os eus
A cinco dedos
De distância

Queria escrever

Um Milhão de hai kais
Prá multidão
De Cascais

Ode à Kátia 1986

Parece que eu danço
Corpo no ritmo das coisas
Bandeirinhas vermelhas de papel de seda
Símbolos dos dois sexos
Numa festa comício-dançante
Da qual só peguei sobras de confete

E serpentina para jogar na sua cabeça
Um grande carnaval
Agitando a bateria do coração
Rindo à toa nas filas
Na caras das figuras
Que nem quizeram fazer a opção
E votar
Em nós

Parece mentira
(só não é porque confio)
Sei que é besteira
Mas nem vou pensar no fim
Que há e dói

Mas não vou controlar
A síndrome da China que estoura
Minha carcaça e me mostra
Prá você que é
Dona desses dentes
Desses cachos dos cabelos
E seus pares de olhos
Orelhas e seus seios
Todos pontos do seu ventre

E mais
Você agora é demais
Você é tudo que eu quero
E disse já tudo que eu queria ouvir
Aos ouvidos que permanecem ávidos
Que não querem se cansar
Como os olhos e as idéias

Você é uma miragem?
Continua ainda
Fecho os olhos
E a menina minha amiga
Ainda dança
Sempre mais romance
Sempre mais sentidos
Sempre mais cinema
Sempre mais feliz

E os egos, atingidos pelos corpos
Massageados por atos e palavras
Mutuamente musicais
Um cântico dos cânticos
Nunca mais tristeza
Nunca mais noite vazia
Nunca mais sem você

Olhos loucos plageados
De comer fotografia
De comer a sua letra
E de comer você

E eu sendo comido
Inteiramente teu
E meu
Você toda minha
E sua

Suados, sorridos, sagrados
Salgados, sorvidos, sonados
Sustenidos em nós
Sorrateiros, descarados
Sensuais, simplesmente sofisticados
Sujos, santos, salmodiados
Salmos e trombetas
Prontos para sair

E para estar
Um ao lado do outro
Na praia, na montanha da cidade que for
Na rua, voando
Na Lua
Na sua ou na minha casa
Você me arrasa
E me faz viver

Me enlouquece de loucuras
E me aquece de carinhos
Mata a sede de saliva
Aparece e se esquiva
Volta nova na idéia
E eu gosto, falo pelo cotovelo
Frases feitas na cabeça de Medéia
Cheia de cobras e novelos

Fica faltando um detalhe:
Poder te ver com calma
Na cama, onde quer que seja
Com alma, com corpo
Com tempo, com tudo

Contudo às vezes desespero
E digo, e digo
Já vou!
Prá dizer
Que te amo

Natal 1984

Quase só pessoas sozinhas estavam pelas ruas, além de famílias indo ou voltando de viagem. Eu estava num boteco sujo na frente da ferroviária de Campinas. Podia ver as luzes coloridas da decoração natalina circundadno a torre com relógio da estação.
Chovia e eu esperaria ainda mais de uma hora para pegar um trem para Marília. Com um pouco de sorte conseguiria uma poltrona e dormiria a viagem toda. Meu corpo estava inerte pelas noites mal dormidas e pelas caminhadas.
Os carros passavam na rua a poucos metros da mesa onde eu estava e às vezes não se ouvia a música que vinha de um alto falante pregado na parede. As vozes aumentavam o burburinho.
Muitaspessoas deviam estar de ressaca. Como era de se esperar, as caras não eram muito alegres atrás das garrafas de cerveja. Uma menina um pouco suja ficava atrás do balcão, entre notas velhas e sanduíches.
Como em todos feriados, havia menos motivos para se mover. O compasso de espera que dominava o país era mais sensível naquelas caras inexpressivas e roupas dominicais.
Na rua ao lado havia prostitutas esperando capturar um quinhão dos décimo-terceiros salários dos pedreiros, bancários e quem mais se dispusesse.
Um viado com calça branca e camisa havaiana me cobiçava dentro do bar. Enquanto isso eu pensava numa mulher nova, carinhosa, interessante e interessada. Alguém para passar as noites e dias em ambientes não tão depressivos como aquele.
Um cara meio bêbado bradava que estávamos num ótimo país eqnuanto um mascate tentava vender bijuterias de plástico fosforescente para uma ou outra puta e para a balconista. Houve até um certo brilho na carinha desa última diante da visão das mercadorias. O "não" indicava a falta de condições para supérfluos naquela hora.
O dono do bar limpava o suor engordurado da testa com um guardanapo de papel. O mascate, agora sentado, olhava fixamente para bunda de uma negra alta que estava à sua frente.
O movimento era constante. Uma mãe comprando jujuba para o filho. Um loiro meio gordo com camiseta do Rock in Rio comia espetinho de carne duvidosa. A propaganda do Rock in Rio estava quase no auge. Dentro de mais alguns dias boa parte dos brasileiros saberiam detalhes e quase tudo do grande festival e se esqueceriam de do que mais pudesse se passar naqueles tempos. Mais dois meses e seria Carnaval, depois recomeçariam os campenatos de futebol, o cotidiano massacrante já escrito para mais muitas décadas.
Agora eu ia sair dali na constante andança. Não ficari muitos dias em Marília. Só ia ver gente conhecida e depois viajaria para uma praia.
No balcão um rapaz vomitou e decidi sair.
Eu ia continuar lutando para não ter um destino escrito para as póximas décadas!

Nota sobre o que se seguirá

Na recente ida a Cajati, trouxe meu baúd e guardados.
Trata-se de uma pasta de mão de couro duro onde tenho meus antigos diários (comecei a escrevê-los em 1984).
O que vem a seguir é uma coletânea, esparsa, deles.

Barack Hussein Obama: a decepção

Nós votamos (espiritualmente) no "cara".
Mas ele, depois de um ano:
Não fechou Guantânamo, nem afrouxou muito o cerco a Cuba.
Não saiu do Afeganistão nem do Iraque, pelo contrário.
Não diminuiu o protecionismo.
Ou seja, o stablishment wasp e os lobbies judeus e outros continuam manipulando bem a presidência estadounidense.
Sorte que cada vez eles importam menos.
E a Dilma que nos redima!

Endereços

Pela ordem:
Em Marília:
Rua Particular, 3
Bandeirantes, 263
Gonçalves Dias, 151
EsPCEx
Em Sampa:
Inocoop
Alameda Tietê, 576
Rua Camargo, 26
Em Campinas:
Sampaio Ferraz, 175
Vila Independência
Vila São João
Em Cajati:
Suéber
Casa de Hóspedes
Manaus, 138
El Jadida:
Ibn Habbous, 78 ap. 4
E aqui no Japão...

Gripe

Aparentemente veio do abraço que dei no Rossi (que estava sofrendo muito com uma forte gripe no calor e nas obrigações da Fábrica)...
Suficiente para ter me escorrido o nariz já anteontem à noite e ontem o dia todo.
Fiquei deprimidinho.
Fui dormir cedo, nariz para cima não escorre (prá fora).
Desceu de noite a gripe para a garganta.
Toda congestionada.
Aproveito.
Não me peça para ser muito ativo!
Estou doente!
Meio dodói, meio preguiça, não faxino a casa, não farei mundos e fundos (que por sorte não há para fazer).
Descanço e me recupero!

terça-feira, 9 de março de 2010

Mais uma vez em Cajati

Vale quente depois da Serra fria.
Cuidar das casas, das árvores, do poço.
Churrasquinho do Moraes, chuva forte na Av. Fernando Costa.
Jantei com Karim, Arnaldo e Antônio.
Dormi no Sueber.
Hoje de manhã vi as assinatura do Distrato da UEIC com o Rossi.
Darci da Imobiliária e a volta, corrida.
Nem quis praia, para não dar pinta de vagabundo, sem clima para turismo à toa.
Meus outonos virão, tudo a seu tempo!

sábado, 6 de março de 2010

"Vingança"

Já que perdi a festa da Zena no Rio, por sorte meu irmão ligou e me convidou prá festa da Martha em Campinas!

Já que disse...

...que vou ficar velho por aí batendo perna (ou roda) mando um possível roteiro: Veredas, Veadeiros, Pirenópolis, Jalapão, Guimarães, Rondônia, Rio Branco e Guayara Myrim, Manaus, Alter do Chão e Belém.
Pegar um Ita no Norte e voltar pro Rio!

Perguntas de sábado

Quem virá para o aniversário da sogra?
Como será a festa da Zena?
Quando encontrarei, e onde, meu novo emprego?
Que amizades ainda poderei amalgamar?
Quantos anos de vida me restam?
A vida é carrossel?

sexta-feira, 5 de março de 2010

Angela Rorô

Não quis muita conversa, mas aceitou de bom grado nossa jóia (perguntamos para a produtora o que ela gostaria de ganhar).
Mas foi carinhosa ao nos receber (eu e a Mônica, a secretária) no camarim e nos autografar discos.

Belchior e Mautner

Com o Belchior foi super convivial, polido, afetuoso, pois ele foi bixo do meu padrinho.
Mautner foi ainda mais amistoso: no dia seguinte fui com meus filhos almoçar com ele, o Nelson Jacobina e trupe.

O dia em que sacaneei o Jards Macalé

Para comemorar as Cipas e outros da empresa, contratava grandes nomes da MPB que cobravam pouco. Fazia um showzinho intimista no Clube Colina e todos se divertiam, pois depois vinha um baile mais ao gosto popular e interiorano.
Angela Rorô, Belchior, Jorge Mautner, entre outros, foram.
No dia que levei o Macalé, inventei, ao mesmo tempo, de fazer algo para o povo, e o show foi "aberto", no Ginásio de Esportes de Cajati.
O público só faltou vaiar o meu grande ídolo.
Ele foi de "Vapor Barato" e nada. Então atacou de "Alalaô" e terminou de azedar a molecada que tava ali pelo funk e as fungadas nos cangotes das minas.
Senti-me o pior dos homens. Corri para o camarim, no fim do show, o que foi breve no relógio e interminável na minha vergonha, e o Macau esperneava e quase batia no produtor, que estava tentando se desculpar, mas ele mesmo não poderia advinhar a roubada que eu os tinha posto.
Depois foi um milhão de desculpas, foi difícil convencer o Jards Macalé que ali ninguém o queria ter exposto aos dentes dos leões e crocodilos do tal "povo".
Aprendi muito na noite em que o Macalé gritava: "Já escrevi que "Não preciso de muito dinheiro, Graças a Deus!"".

Johnny Alf

"Ah! Se a juventude que essa brisa canta
Ficasse aqui comigo mais um pouco
Eu poderia esquecer a dor
De ser tão só
Prá ser um sonho!"
Dorme em paz Moço de Bem.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Aposentadoria

Tenho 45.
Vou arrumar emprego logo.
Vou trabalhar até os 65.
Não vou morrer de AVC, enfarto, tiro, nem vício, espero!
Vou ficar velho batendo perna por aí, vou a Rondônia e ao Itaim Paulista.
Vou virar a terra, Guimarães Rosa a cavalo nas Veredas.
Chico no Leblon.
Vampiro de Curitiba, escutando sotaques e histórias, músicas e vendo as formas infinitas de se ser humano.
Quem sabe traduzindo, como uma linda melodia, as vaidades debaixo do Sol.
Tudo é vaidade e vanidade.
O importante mesmo não se diz, não se ouve, não se vê!
Em silêncio, escuro e quieto, dentro de nós, gritando mudo e se agitando preso, o eu verdadeiro nega tudo do mundo externo e lá fica, indelével e inefável, incomunicável!

Coisas de São Paulo

Descer a Faria Lima de busão, ir na Rebouças-Eusébio Matoso, DQueiroz, pegar outro buso ali, subir a Rebouças, descer na Paulista e ir procurando fita nos cines Belas Artes, Bombril, Espaço Unibanco, Frei Caneca, Bom Bril, Gemini e Reserva Cultural.
Ver Hanami, chato, eu cansado, apesar das belas paisagens alemãs ou japonesas.
Ver gente passar nas ruas.
Seja no centro financeiro mais arrumado ou nos pobres, mas dignos, bairros menos "centrais".
E o Centro agora "é" periferia.
Desci por trás da Frei Caneca até achar, lá prá baixo, a 14 Bis já na 9 de Julho.
E voltar.
Chuva, frio, pobreza digna!
Já disse (tem mendigos a mancheia e famílias e gentes muito danadas, mas nem todos tem a cabeça no lugar e outros são azarados mesmo).
"Alguém poderá dizer, vendo de fora, como é dizer viver aqui", "não sou alegre nem sou triste, sou poeta".

Gente que leu...

...e não gostou!
E o contrário...também ocorreu.
Mas nunca igual, as reações nossas já nos são estranhas, imagine dos outros.
Agora estou naquela de agradar, pelo menos os potenciais empregadores.
Os amigos e parentes, bem, tem casos e casos também.
Ou seja: escrevo, portanto existo!
Tava vendo agorinha, são 444 posts com este.
O que 444 posts contam de uma vida, faça a conta você.
Não valem 444 minutos de uma vida, talvez...
Mas lembrem-se do que disse o Chico em "A Ostra e o Vento":
"Se o mar tem o coral, a estrela, o caramujo, um galeão no lodo,
Jogada num quintal, enxuta, a concha guarda o mar em seu estojo!".

Serra candidato

Incrível como os tucanos não deixam a idiossincrasia de estarem indefinidamente em cima do muro.
Mas finalmente o Serra disse que desceu.
Falta saber quem será o vice agora, pois o DEM quase implodiu e não vai poder se impor nem sequer mendigar a vice presidência...
A tal chapa "puro sangue" não deve sair com Aecinho.
Com o Tasso de vice fica ainda mais fácil a Dilma ganhar.
A ver!

terça-feira, 2 de março de 2010

Manguaça

Não sou bêbado, nem alcoólico, nem alcoólatra nem porra nenhuma.
Apenas que gosto de ficar manguaçado, bebinho, torrado, sei lá.
Faz parte da vida sair um pouco do convencional.
Veio o grande amigo Paul Smith e fiz janta "comme il faut"!
Completinha: cerva, caipira, vinho e licores, com café.
Chocolat!
Abração amigão!

Águas de Março

Não são mais as mesmas do Jobim...
20oC, chuva fina, tudo virado...
Mas também não quero mais explicações.
Só ações.
Precisamos parar de usar plásticos, de desperdiçar papéis, de consumir feito louco como fazemos, ou fazíamos, ou ainda faremos...
Baixa energia.
Precisamos economizar tudo e plantar árvores, sair da beira mar e da beira dos rios, precisamos tomar conta para que as montanhas não caiam nos fundos dos lagos e mares e correntes.
Agora saibamos que estamos em perigo!