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"Concreto"

Pedra, barro, massa     Mão, calo, amassa! Levanta parede  No ar  D a hora Que se levante! Mora dentro     F ora   Vi...

sábado, 28 de setembro de 2013

Trens bons

Papo profundo em inglês com o Gregory Sommers ou só de jogar conversa fora com todos em bom português.
Pinga, fumo, estanho, ouro e prata na medida, sem febre.
Ora pro nóbis, muié, arroz com feijão e angu, porco, queijo, bicho de pé, dar risadas. Traíra sem espinho, Rio Grande, cerveja gelada à mancheia, Milton Nascimento, cama de lindos lençóis brancos, sono solto.
Bater perna, suar, escutar música e ver todas formas de arte e artesanato, andar de Maria Fumaça e ainda de graça (santo crachá da Vale!). Sou grato ao meu empregador!
Ver igrejas e casas velhas, andar de carro novo, água gelada no calor, sorvete de picolé de fruta, coca cola de garrafa de vidro, trabalhar, produzir, fazer o bem sem se importar a quem, a si e aos demais, banho bom e roupa limpa.
Ler, ligar para os filhos que amadurecem. Dinheiro suficiente prá tudo isso aí.
Férias em Minas...dormir no frio de Extrema e pegar no mesmo sábado o calor árido de São João Del Rei e Tiradentes.
Respirar, comer e se aliviar, viver!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Manhã Primaveril

Tenho andado aborrecido
Chateado e triste

Mas essa manhã fria
Clara e azul
Calou a boca
Das minhas mágoas

Como se amofinar
Sob essa luz
Nesse ar fino
Com esses verdes
E debaixo desse céu?

Não!
A vida é mais!
Ela nos castiga sempre um pouco
Sim!
Mas também provê ferramentas
Que adoçam o labor!

Vento

Ar em movimento
Frisa a superfície encapelada
Da represa raiada

Balança o topo
Da embaúba
Agita de leve
Folhas das copas
Da biodiversa flora

Leva prá longe
As nuvens escuras
Que cobriam
Minha mente e coração.

Antes de dormir

Na cama, no escuro
A mulher ressoa
E pela casa os meninos
Ainda se agitam

Repasso o mês e tanto
Aturdido que passei

Percebo
Que me aceitar
Imperfeito
Sem cair na auto indulgência
É a chave do segredo
Que cortará os grilhões
Dessa baixa auto estima!

domingo, 22 de setembro de 2013

Os homens revisitados

Sei que era de 1930, pois o menorzinho era de 32, e eu sabia que a diferença era mais ou menos essa.
Por algumas questões, a principal devendo ter sido a morte prematura da mãe deles, a infância dos irmãos era uma tremenda ausência de informações. Talvez o menor fosse mais marcado ainda pela morte da mãe, mas esses danos nunca se sabe bem a extensão para cada indivíduo.
Havia duas fotos dos dois: uma que mostraram contando da surra que levaram no dia da foto; atrasaram uma entrega de café do pai deles. Outra me contaram; eles eram mais crescidinhos, mas ainda com 11 e 13 suponho, e juravam amizade eterna. Fazenda, Gonçalves Dias, Nelson Spielman, pouco se sabia de suas casas, de seus natais e aniversários, da relação com irmãos e primos, com a cidade.
O pai com aquelas criancinhas não teria se virado bem? Outros tempos.
A irmã do pai veio de São Paulo, viúva que deixaria a filha única e novinha a ser cuidada pelos tios e tias, gregários, um sacrifício implicava outros. Assim eles tiveram uma mãe emprestada, o que não era pouco. Tinham também a vó deles que entrara em anos e precisava de ajuda.
O certo é que cresceram de maneira quase totalmente incógnita. Será que tinham estudado com o Monsenhor Bicudo?
Sonharam em fazer faculdade, eram bons alunos?
Que colégios frequentaram: o Thomaz Antônio Gonzaga, ex-Primeiro Grupo?
O Carlota?
Tudo eram brumas: uma história ou outra do Kai Kan, do Clube dos Alfaiates, algum footing namorador, algum carnaval de excessos...
Daí a depois, vai que na minha infância os conheci. Mas uma criança nunca chega a conhecer os adultos. Só depois, por reflexão ou convivência mais apurada, talvez crie deles um perfil psicológico mais ou menos consistente com palavras, atos, histórias, etc.
O mais novo foi para mim um mistério que não desvendei. Passei anos sonhando a volta dele. Psicanalistas dizem que isso ocorre muito com quem não assiste as exéquias. Fica com a morte "incompleta", a ideia da morte do pai não se cristaliza. Bem, muito depois até cheguei a "ver" meu pai no banco detrás do meu carro, mas de certa forma, finalmente, me abençoando.
E se a infância e juventude deles era quase totalmente incógnita, a juventude e os anos de maturidade física também o eram, em menor grau, mas o eram.
Aí lembro as festas e as fotos das nossas infâncias e juventudes.
Tínhamos ele pelo grande desencanado. Sem grandes filiações ideológicas, sem tomar partidos radicais, mas sem a violência típica dos irmãos, a vontade de poder. Sentíamos que ele era mais livre, distante dos conflitos da ditadura, da rigidez direitista do ambiente. Mas repito: convivência pouca. Encontros esporádicos como esse diário. Como sabê-lo?
E fazedor. De alguma arte árabe ou cigana ele sempre se virara e bem. Onde aprendera? Com o sócio dileto? Ou vinha do sangue daqueles antepassados bascos, andaluzes ou da terrinha? Tinham nos trazido e legado nos sangues do norte da Europa e do norte da África, de toda penínsulas mediterrâneas e daquelas andanças de quase quinhentos anos pelo lado de cá do charco atlântico? Ou eram coisas apreendidas por andanças nessa América do Sul caipira de São Paulos, Mato Grossos, Minas e Goyazes?
Os mistérios agora repousam em paz, eu tento decretar.
Bem, prima, é tarde. Segunda me secunda. Terça espera a quarta das quintas para finalmente sexta me libertar por duas semanas dos grilhões do trampo cubatense.
A irmã em breve vai ver vocês, tenho fé que a inocência dela será compartilhada, mesmo que em migalhas, comigo.
E a ferida vai secando.
Entre outras coisas, a vida é lamber uma e outras.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Hélas!

Como uma flecha lançada do arco, palavras erradas não voltam à boca que as proferiu.
Joguei displicente uma pedra ao léu. Acertei a cruz do salvador, furei seu olho e me machuquei indelevelmente com tudo.
O tempo é o senhor da razão.
Nada posso fazer?
Pedir clemência é o máximo.
Podia pedir mais ainda, uma outra missiva que me libertasse da espécie de praga que me rogaste.
Mas o silêncio já é uma benção.
Mordo minha língua rota e fico de bico calado!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Choveu em São Paulo

Dias de extrema secura.
De rachar lábios e sangrar o nariz.
No fim de semana, com a umidade do ar a menos de 20% foi como se altas doses de ozônio nos queimassem os pulmões, muito difícil fazer as caminhadas costumeiras dos sábados até meus cinemas.
Não bastassem as deprês recentes (tio, filha de um amigo e filho de outro) ainda veio um nosovírus que fez umas horas o nariz pingar demais, outras espirrar demais e em muitas ter ardências atrás dos olhos com lacrimejação (combinaram as lágrimas e os olhos vermelhos com o estado de espírito: TRISTEZA). Coisas ruins vem em bando!
Mas agora choveu aqui no Itaim Bibi. A vida tinha esperanças.
Ainda não foi aquela chuva criadeira dos meus setembros, chegada de primaveras, de Marília e Campinas, nas décadas de 70 e 80.
Mas valeu, ô daí de cima! Pode mandar mais, que a Terra agradece!

sábado, 14 de setembro de 2013

Harry se envolveu num acidente de carro

Será cremado ainda essa manhã em BH.
Há poucas semanas eu quis entender uma morte precoce e fiz as piores elocubrações que custaram a mim e outros envolvidos muita dor.
Agora, só abraço os pais, a irmã, os demais familiares, (uma eventual namorada?) e os amigos e amigas...
Não quero nenhuma explicação para as coisas do destino.
Quero só abraçar meu amigo Paul e mostrar, como ele sabe, que ele tem outros filhos espirituais.

Nosso senhor e rei nosso, perdoai nossos pecados (Prece do Yom Kipur)

Avinu Malkeinu, Chaneinu V'aneinu, ki ein banu ma'asim. Assei imanu ts'dakah vachesed, vehoshiyeinu.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Reunião do Séder de Hosh Hashaná 5774

Roberto veio mais cedo da fábrica de fosfatos de Arad para seu apartamento em Jaffa, em Tel Aviv. Kátia também não trabalhara até tarde, fora fazer a unha e o cabelo. Gil, o filho mais novo viera da nova escola em Neve Tzedek, correndo para não perder o ano novo. Ariel, no cursinho em Florentin, só chegaria depois da primeira estrela de 1o de Tshirei de 5774.
Roberto abriu o pinot grigio italiano que lhe sabia bem e a Kátia. Pôs os doces na mesa, acendeu as sete velas da menorá e orou. Pediu perdão aos seus pecados e tomou uma colher de mel. Pediu perdão pelas promessas não compridas e comeu chocolate. Ia expiar os pecados até o dia do perdão, Yom Kipur. A cabeça do ano era doce, mas os dias seguintes teriam o amargor da expiação.
Sabia que usara palavras mal colocadas e mal interpretadas. Não lhe ocorriam violências verbais e menos ainda físicas. Mas alguns atos malignos lhe eram peculiares, conscientemente ou não, e lhe ocorriam.
Naquele dia de renascimento algumas preocupações lhe sobrevinham e ele sofria. As obrigações ainda lhe tomariam mais algumas semanas e depois seriam temporariamente adiadas para umas férias com a esposa na Galiléia...era vencer as metas do ano novo. Shaná Tová!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Poema da infidelidade

Sonhei minha mulher toda faceira
Me apresentando “seu novo namorado”
Eu horrorizado
Recebi um fraterno abraço do gajo

“O que é isto?”
Eu gritava
“Um convite”
Ele respondia

O sono se foi
E claro que o “namorado” era então
Mais bonito, apaixonado, maduro,
Feliz e inteligente
Que eu!

Compreendi!
O sonho me convidava
A aceitar perdas e frustrações!

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Agradeça incansavelmente (do Oscar Quiroga no Estadão hoje)

Muitas tarefas? Agradeça à Vida por essas, por seus compromissos, trabalho, contas a pagar e obrigações, junte tudo num pacote só e agradeça imensamente à Vida por lhe brindar com a oportunidade de ser um instrumento de manifestação de sua glória. Pense leve, pense com alegria que todas as coisas e todos os seres nascem no mesmo Universo, que a tudo sustenta em ordem constante e em vida eterna. Sim! Vida eterna! A matéria é indestrutível, os átomos do seu ser são os mesmos de há bilhões de anos e continuarão intocados, nesses está registrada a história e perspectiva do Universo. Agradeça esse poder, agradeça com simplicidade todas as conexões. Agradeça também pela Lua Vazia que lhe brinda com autoridade para, enquanto durar, você descansar de suas preocupações, existindo leve entre o céu e a terra.