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quinta-feira, 11 de março de 2010

Em algum triste lugar do passado 1985 ou 1986

Passou a chuva e estou calado com medo que escutem meu cérebro. Um pingo d´água, na ponta de uma pseudo folha espinhuda de pinheiro, decompõe em raias do espectro visível a luz do sol. Não que eu desconfie dos infra vermelhos e dos ultra violetas, apenas não os vejo.
Penso no visível como o consciente. Sou milhões de frequências, cada qual com seus quanta a vibrar e apenas algumas entram na ressonância do pensamento verbalizável e analisável. Um rádio pegando poucas estações, e devo dizer que os programas não tem sido lá muito agradáveis. Dói vibrar nessas frequências da vida e no entanto é a única batalha.
coloquei uma muda de mato vermelho num vaso seco e a molhei. Talvez brote.
Anu grita com sua voz de sofrimento histérico e o grito intermitente com seus estalos agudos e ritmados se junta a outros para completar o barulho de carros ao longe e pessoas em repartição pública aqui ao lado.
Nuvens entre brancas e azul plúmbeo no fundo, variando também do anil puro aos dourados e prateados. Concretas, grandes tarjas de um cinza ladeadas de palcaiadas brancas.
Preciso falar de mim, mas me escondo dos meus medos.
E sei que nada pode me acontecer.
Fico andioso à oa e me retraio, nó de gravata na garganta, engulo em seco e saio.
Como numa escola ancestral, pancadas de régua da professora na minha carteira me assustam, paro de pensar para escutar uma reprimenda, choro e me angustio.
Minha cara passa de tensão lacrimejante a um riso se não contenho minha psicose maníaco depressiva.
Paro num semblante sereno que não apaga a convulsão de idéias, arrumo os óculos e puxo os fios da barba rala. Só no mexer dos dedos revelo minhas neuroses, que não são exclusivas, embora peculiares.
Peço calma a mim mesmo e me retiro!

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