R. estava ansioso.
Ia entrar na multi, nacional.
Ia sair cedinho, com chuva ou sol, no claro ou no escuro, no quente ou no frio, de ônibus? - ainda ia decidir - até a Estação Coneição, tomar o ônibus fretado, normalmente descer pela Imigrantes, fazer a interligação da Cônego Rangoni e parar lá no Pólo de Fertilizantes.
Quantos anos?
R. não fazia planos que não fossem longos.
Queria logo conhecer seu novo escritório, seus novos colegas, suas novas atribuições.
Era tudo muito novo, apesar de uma longa continuidade, mas R. era adepto ao novo.
Desde que abandonara o emprego na Universidade de Campinas R. sabia que haveria altos e baixos.
Mas tinha tido mais altos que baixos, apesar de nunca ter tido uma carreira meteórica.
Era adepto de Gil Vicente na "Farsa de Inês Pereira".
Mais valia um burro que lhe levasse que um cavalo que o deitasse ao chão!
Era taurino e muar. Ursídeo. Forte e resiliente.
Gostava do que ouvira no Zoológico de Madrid: "El hombre es como el oso, quanto mas feo mas hermoso!".
Às vezes conseguia mudar rápido de rumo, em outras ia como um trator, sobre cercas às vezes, muitas vezes quebrara a cara! Tinha já muitos furos das farpas no couro. Gostava de ser o bicho que era!
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