Postagem em destaque

"Concreto"

Pedra, barro, massa     Mão, calo, amassa! Levanta parede  No ar  D a hora Que se levante! Mora dentro     F ora   Vi...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"Devaneios" (de Rosalina Tanuri no Diário de Marília.com.br)

Lembranças de um tempo tranquilo e feliz
Todas as vezes que as crianças ensaiam para alguma apresentação de final de ano, no nosso Estádio Municipal lembro-me que na década de 40, as escolas sempre ensaiavam uma apresentação para o “7 de Setembro”, no antigo campo do São Bento.
Alunas de várias escolas eram ensaiadas em conjunto pelos professores de Educação Física para aquela demonstração belíssima de Ginástica Rítmica, como era chamada.
As meninas do Colégio “Sagrado Coração de Jesus” participavam usando um calção fofo sob a saia bufante. Com elas, eu sempre participava, sob as vistas dos professores Alice Rios e Remo Castelli.
Quando chegávamos adiantadas, deitávamos no gramado e com as mãos entrelaçadas sob a cabeça, com os olhos seguíamos o voo dos urubus, pontos negros no céu. Circulavam sem bater as asas. Deixavam-se levar pelos ventos em curvas tranquilas. Por brincadeira contávamos o número de urubus assim: “Gosto, desgosto, carta, convite, casamento”... Caso o número deles passasse de cinco, tornávamos a repetir: “Gosto, desgosto, carta...” Se parasse em carta, seria porque receberíamos alguma notícia... Se parasse no convite, seria festa na certa! Bons tempos aqueles!
Na década de 40 em muitos quintais ainda se criavam porcos e os chiqueiros forneciam o bicho-de-pé. As professorinhas da roça, lembradas até hoje, como as heroínas do “Sertão Paulista”, constataram que o bicho-de-pé, juntamente com as pulgas, eram partes normais da vida, conviviam com os humanos. E o piolho então? Quando vieram os inseticidas, o BHC, o Neocid aquelas pragas desapareceram.
A criançada de Marília naquela época, teve a oportunidade de ver cercas, pomares, com suas árvores e sombras, os campos de capim-gordura, os pastos, os matos, e até mina borbulhante como eu vi no famoso “buracão” da baixada da rua 15 de Novembro. Foi lá que pude ver, pela primeira vez, a água saindo da terra.
Rosalina Tanuri, da Comissão de Registros Históricos de Marília

Nenhum comentário: