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segunda-feira, 20 de julho de 2015

A casa do pai

Antes mesmo do pai morrer a casa já não era dele, repartida numa partilha de divórcio.
A mãe e irmãos a herdaram. Magnanimamente abriram mão de partes.
Favoreceram o irmão que casava e ali abrigava a nova esposa e criaria dois filhos.
Um dos irmãos ficou naquela de ajudar o dono a mantê-la.
Queria evitar que ela se dilapidasse num leilão no seu entender espúrio.
Afinal, se ele pensões não pagou, os dois filhos estão bem criados.
Foram e são amados e tiveram ampla convivência com o pai.
Porque então cobrar esses passados? Vingança da cunhada?
Como disse, Mário de Andrade é "lopeschávico".
Ali se era "gonçalvesdíaco".
Continuavam lutando contra a irmã.
Para quem meio milhão nem falta fariam, no entender de alguns.
Ela chamava de idiota os conservadores.
Querer manter como patrimônio familiar vivo a casa onde cresceram lhe era estranho.
Sabiam que o apego doentio ao passado é só isso, doença.
Mas o irmão apoiador do morador achava que num país sem memórias, onde tudo é destruído, conservar algumas heranças arquitetônicas e de referência memorialística (como, digamos, o casarão da Cora Coralina, a Casa da Ponte, em Goiás Velho) era mister.
E assim, ele se acalmava.

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