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terça-feira, 13 de abril de 2010

Rodoviária da Luz

Desde sempre, depois que comecei a viajar de Expresso de Prata com a mãe e irmãos, quando o pai não nos podia levar, até os tempos de Poli, lembro vir de ônibus de Marília e de descer debaixo daquelas bolhas coloridas de acrílico kitsch, parecia que concentrava toda fuligem de diesel dos Mercedes Benz da vida (cerca de 3.000 por dia no auge).
Uma fauna inexistente no interior. Punguistas, travecos, biscates, jogadores, zabumbeiros, uma mulher anã, gorda, peituda, barbada e muito macho que vendia loterias. Todo tipo de trabalhadores em expedientes parcos, carregadores, balconistas, uma palheta da metrópole que esticava os músculos para vir dar no que deu. Luzes fluorescentes, tevês eternamente ligadas, cheias de "televizinhos".
No começo pegávamos um "Expressinho" (uns Opalas) que iam para Santos. Depois vieram as caminhadas até o Metrô Luz (suprema provação passar pelo povo da rua, carregando malas, até depois da Estação Ferroviária da Luz), a ida ao Jabaquara, ponte rodoviária (Rápido Brasileiro, Expresso Zefir e Viação Cometa) para a Santos da minha mãe, avós, tios e primos.
Em 1979 eram as idas ao apartamento da vó do Camillo, ali pertinho, na Rio Branco, na frente do Duque De Caxias descomunal, nós recém deixando de ser meninos, aos 15, procurando vaga nas aventuras do Centrão de São Paulo.
Outra lembrança, em 80, foi a viagem com o Laerte Tognolli, Sabiá, Álvaro, Camillo, Nélson e João. Baldeação para a Pássaro Marrom, ida até Massaguaçu em Caraguatatuba. Demos um vacilo por perto dos guichês, tementes mas desatentos, e o Laertão foi furtado (famosa gilete na bolsa de couro), perdeu a carteira, e, já no próximo ônibus, ao jogar em plena Dutra a bolsa rota, fez o motorista do coletivo parar e nos acusar veementemente de ter arremessado um gato, pasmem!, pela janela!
16 anos cada moleque, pouco juízo na soma total e muito lança-perfume caseiro (dava uma ressaca, misturado a pratos feitos locais e um pouco de álcool!).
Até 1982, quando veio a Rodoviária do Tietê.
A Luz foi esquecida um tempo até os coreanos a reabilitarem como centro de compras de confecções, talvez de bugigangas, não sei, nunca mais entrei lá.
Agora virá uma demolição e depois a construção de um novo centro cultural.
Vão-se os ícones da memória...
Oxalá virão novas idas, histórias e novas boas lembranças!
Faço aqui o réquiem da velha Rodô!

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