Minha irmã comprou uma "chácara" de 5000 m2 praticamente no Centro de Campinas (acho que é pertinho da Hípica). Casa meio abandonada, quase 1000 m2 de construção.
Por falta de outro empenho, propus ir lá fazer gestão de mudança, limpeza e reforma.
Minha mãe disse, tons de "Pandora" de "Avatar", que numa árvore gigante dali habita um bando todo de saguis e há perto ninhos de papagaios.(Perguntei se a tal árvore seria jequitibá como o antigo da frente da Prefeitura de lá, mas minha mãe como eu não é versada na riqueza botânica desse trópico que amamos).
Teme pela falta de ecologismo do cunhado, alguma motosserra extemporânea e destemperada ceifar vegetais e animais, abrir clareiras, ela teme. Todos tememos. Tementes ao destino, à impermanência, à vida que se esvai a cada sopro, cada feito é um desfeito, cada conquista uma derrota, cada vida que nasce carrega em si o potencial de féretro, de morte, carne podre em frente do broto fresco. Oh dor! Oh dia, oh mês, oh azar! Esse é o "Uruca Azarão" que habita em mim!
E aí penso a ignota piscina ainda fria nesse inverno, a névoa de manhã, na manha... e os entornos de churrasqueira e saunas e sei lá mais o que, um sábado sem fim pela frente. A descoberta do mato fresco, as grossas árvores que não sabemos nomear, dois homens juntos não abraçam... Sonho os verões, as primaveras anteriores, que ali são mais o que de mais lindo que há. É preciso, mesmo que sonhos dos outros, sonhar.
E viver o dia que Deus nos dá.
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