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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Carta sobre o Natal para minha prima Sandra

Você que é mais católica que eu me pergunta se lembro de Cristo, afinal o aniversariante dessa festa toda...
Respondo que aqui, apesar de não religiosos no stricto sensu, a Kátia mantém a tradição de comprar coisas chinesas, às vezes de outro lugar (durante anos montamos um presépio de gesso muito bonito da minha mãe) e enfeitar a árvore (este ano está quase no teto da sala). No quarto do Gil ele montou uma menor.
Levamos elas até dia 6 de Janeiro, Dia dos Reis Magos.
Mas o mais importante é que realmente nos importamos com os outros, tentamos ajudar os empregados mais próximos, com cestas ou caixinhas, as crianças carentes ou doentes com doações, e pensamos nos familiares, nos que podemos ver sempre, nos que se foram, nos que não podemos ver sempre como o Guto, mas que habitam em nós.
Pensei que esse ano vai ser muito especial pelo Tio Rubens. Todos nós estamos muito apreensivos pela saúde dele, espero que ele esteja duro e firme, com a memória a postos quando eu pedir para ele falar bonito, biblicamente, como o patriarca que ele agora é, o pai de todos nós! Um papel que o Vô fez com seus pais e o meu lá nos 70, que nossa Vó fez pelas décadas seguintes e que agora, que o Rubens se vai de uma maneira, nossas queridas mães e o Tio Paulo vão levando, como a tocha olímpica, nosso farol, nossa luz nesse tempo não mais de trevas, mas de claridade exuberante que às vezes nos cega.
Estou emocionado. Chove, trabalho longe e me desgasto no trânsito, mas me alegro.
Penso dia 24 acordar cedo, moer alhos, regar com o vinho sanguíneo da purificação a perna do pobre bicho que comeremos, honrar essa perna de carne, como nossos irmãos índios antropofagicamente, como se fosse o Corpo de Cristo, as tábuas da lei de Salomão e de Moisés, e como se fosse mesmo os ensinamentos de Maomé, de Descartes e Copérnico, de Da Vinci, de Marx, Freud e de Einstein, entre tantos Prousts e Machados.
Vou com fé, fé em encontrá-los, em sabermo-nos próximos, unidos na distância e na proximidade que o sangue que nos une. Elos como o amor aos primos irmãos, aos que os amam, o amor a esse clã que somos.
Tudo isso para mim foi, é, continua sendo, será portanto, meu espírito de Natal.
Como o Cristo, tomo o vinho e o bebo, parto o pão e o como, como com vocês, Apóstolos dessa Santa Ceia! E bebo o vinho santo das Palavras da Salvação!
Amém

2 comentários:

Unknown disse...

Beto...
Vendo sua irmã se emocionar, confesso que a minha emoção foi idêntica à dela.
Vc precisa escrever um livro....é muito gostoso ler suas palavras.
Um beijo com todo carinho.
Vivi

Roberto Cerqueira disse...

Vivi,
Obrigado!
Sei que eu também gostaria de ter um livro publicado, capa dura, noite de autógrafos, muitos leitores e ficar lá em cima na lista de mais vendidos.
Mas isso é pretensão!
Fiquemos aqui, um clic, de graça, conquistas da era da internet. É para poucos e bons, como você!
Um beijo!