Olhar com carinho

O passar dos dias, das horas, dos projetos vingados ou que murcharam ou longo das sarjetas das ruas dos bairros da existência. Olhar com carinho as estações, pessoas que vieram e se foram, as que ficaram, as que não nasceram, os nossos mortos queridos, os maus que nos fizeram bons e vice versa. Pensar nas casas vazias, nas mesas fartas e cheias, nas ceias, nas noites de baralho, nas manhãs de praia. Pensar com saudade boa em cada minuto sobre a face da Terra. Cinema, música, bate papo, boteco, balada, ensaiar uma peça, ler um livro, ver tevê, rodar com um carro novo sobre asfalto liso por campos verdes sem fim, com árvores e plantações floridas. Ensinar e aprender com gentes de todas idades, gêneros, classes sociais e experiências pregressas. Na casa preguiçosa de sábado de manhã (para mim e o filho que faltou no cursinho, já que a esposa trabalha) vinham-me imagens de encontro, de completude, um eflúvio de axé para todo o sempre!