Blog da mensagem na garrafa

Se você encontrar essa mensagem, não se preocupe com quem a escreveu, pois ele já morreu. Coisa de náufrago de filme antigo, de romance de centenas de anos ou um outro caso real remoto. Não sei o que dizer a quem vê isso assim, de passagem, não vou querer contato, fica uma coisa de mão única, eu solto a mensagem e não sei direito quem vai ler. Nem sei o que dizer para você da China ou do Afeganistão. Mas ouso dizer que estou aqui em casa, sábado cedo batucando no tecladinho do micro sem vergonha do quartinho do computador como o chamamos. Na verdade deveria ser quarto da bateria, que é muito maior. Sem fotos. Sem número de telefone, sem email, sem feici, sem nome em revista ou em jornal. Sem cara na telinha da tevê, sem camarote vip, sem eira, às vezes sem beira, pagando contas com dificuldades, educando os filhos aos trancos e barrancos, indo à escola, ao trabalho. Do centro do Arouche ao periférico pólo de fertilizantes de Cubatão, vestusto tentando se rejuvenescer! Que venha a rocha barata do Peru que a gente traça! Na raça, filtro não é o mais caro da fábrica. E podemos e devemos fazer um novo "Colosso da Piaçaguera" de novo. Quem diria que eu só queria ser como um aspecto do Pery Igel há 40 anos atrás.