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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Lica

Todos brincávamos: era a cachorra mais feia do mundo.
Tinha sido achada na rua.
A espinhela meio quebrada.
Depois desenvolveu halitose entre os dentes tortos.
Disso o carinho da Tia a tinha livrado, com auxílio de um bom odonto-veterinário.
A tudo ela sobrevivera.
A viuvez da Tia, a morte da prima.
Até o nervosismo meio paranóico (que traumas sofrera?) ela tinha superado.
Se tornara um cadelinha boa, querida.
Até bonitinha.
Pelos duros desalinhados, meio terrier, meio vira lata.
Agora a Tia achara um bom apartamento para ela e o neto.
Tudo se encaminhara, ela só tinha que saber o que fazer com a cadela.
Pensou em amigas.
Até um hotelzinho já verificara o preço.
Precavida.
Saíram cedo.
Conseguir o consentimento do neto, o herdeiro, na escolha do apartamento.
Quando voltaram a Lica estava morta!

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