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sábado, 7 de dezembro de 2013

"Delírio" (de Maurício Corrêa de Cerqueira César, meu irmão mais novo)

Delírio

Não sei se sou calmo ou se sou violento.
Talvez seja bravo, talvez seja lento.
Traço nítido é o ponderado.
Penso, por vezes, que só estou a favor do vento.

Nem sempre escolho o caminho.
Trilho o terreno e peço que seja seguro.
Há muito não sou mais inocente e puro.
Estou longe de ser santo.
Tem grito que não escuto.

Há lado que não vejo.
Tenho filho que não crio.
Saudade que nunca mato.
Desejo que não confesso.
Sonho que não concretizo.

E mesmo torto me mantenho reto.
Coisa de quem teve exemplo,
Ideologia, caráter e trabalho.

Minha origem não nego. Tem dinheiro que não pego.
Tem trato que recuso. E, mesmo com medo, não fujo.
No fundo, na grande parte do tempo,
Sei que o rico é ser são e sincero o sentimento.

Gosto de quem encontro. Sou imune ao preconceito.
Sigo noite adentro. Saio andando sem rumo.
Alegra-me viver o momento. Talvez quisesse ser bruxo.
Valesse ter sido guerreiro. Esperado seria virar togado.
Quem dera encontrar um credo.

Pelo menos ainda transo. Adoro saborear o sexo.
O que realmente estranho É a falta de discernimento.
Tanto erro repetido, tanta falta de entendimento.

Como me sentir seguro, senão tendo argumento?
Conforto encontro no companheiro.
Há amigo, amor e teto.

Agradeço tudo que tenho.
Se der certo, continuo no rebento.
E de lamento não padeço.

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