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domingo, 25 de março de 2012

Santos

O Centro vetusto transborda de prostitutas baratas sentadas em almofadas encardidas nas escadas sórdidas de prédios decrépitos. Imagino os lençóis que aguardam os clientes...
Esperando o almoço, entrei no frescor da Catedral. Passamos pelo bondinho e a Bolsa do Café, comi um pastel no Café Carioca, pensamos em ir à Igreja do Valongo, mas já era hora de fazer fila na Porta do Sol...
E como tinha sol! Mormação, aquele calor da Baixada...
Sentamos, o Paquito nos atendeu, minha mulher falou: "Velho, malhado, falando assim: ele é!".
Depois, um desfile de bacalhau, polvo e paella, tudo delicioso, regado a vinho branco competente.
E as mulheres da minha vida: a mulher Kátia, a mãe Cida, a irmã Inês, as tias queridas Nena, Lucila e Odete, mais o Tio Ricardo. E ainda teve cafezinho e pudim de nozes na casa da Tia Nena. A vida possível de amor fraterno, de prazeres de cama e mesa, de memórias redivivas, de novas sensações da maturidade, de pingos nos is, de verdade.
E o mundo insistia em se desintegrar, não pelas profecias maias, mas pelo avassalador percurso do tempo em seu arco no meu horizonte.
No mais era uma cidade grande com seu grande provincianismo portuário e praiano.
Uma noite de Hotel Ibis, simples e bom. De manhã, um café na padaria e a Imigrantes de volta ao lar, ao dia a dia, à vida ignota de um qualquer.
São Paulo explodia em bicicletas ensolaradas, mas isso já era outra história...

3 comentários:

Dani disse...

Linda crônica de um dia de verão (mas já não é outono???nem parece....)Os pequenos detalhes da nossa vida passam e não nos damos conta...lindo mesmo!

Danielle Capriolli, professora

Roberto Cerqueira disse...

Já era outono, mas o calorão da Baixada Santista desdizia a estação da folhinha...e o calendário aqui dentro era desse eterno sábado de manhã, que fugia correndo do menino meio boquiaberto!

Roberto Cerqueira disse...

E é claro que fiquei lisonjeado com os elogios! Obrigado!