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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

E meu pai, de novo!

Já que o Shasça leu e comentou...lá vai um sopro de Sampra prá Floripa e pro Brasil de entranhas e pro mundo!

Poeira no olho lembra sertão: Marília, Norte do Paraná e Rondonha!
Poeira que cheirei em Campinas e aqui, poeira que comi no Marrocos e vejo que comerei em Moçambique, como comi em Cajati! Poeira que serei como és!
Estais aqui comigo como a música do Altemar Dutra (Sentimental Eu Sou), vais à Camburi moderna como foste ao Guarujá setentista, sentes as coxas das mulhas como eu, ao sol, como a amante negra que tiveste em Santos, como tiveste em Assis, ao mesmo tempo que bronqueias meu vício, dos netos e dos outros filhos, seu santarrão! Paras com isso! Te vejo na pensão e no fundo do Posto do Ministério do Trabalho, a esquecer o fogo da água do café e ires dormir, com teu filho menor também no sono já ferrado, casa de forro de madeira, poderias ter-se matado ali, mas foste depois. Por uma causa, que tiveste sempre, mais forte ora aqui ora ali, honestão, sempre. Na sua. E na pinga de hoje vejo tua caipirinha de ontem. A olhar o Camarinha como o que já era: um arrogante, anão arrogante, como outros que não sobrepujavas mas desdenhavas. Assim sou eu. Mas nossa raça é superior, assim pensava Hitler. E nós. Cabia matar aquele fascismo tardio. Tínhamos tido uns momentos em Corumbá. Tivemos outros em Miranda. E outros mais para o sertão de Paranavaí, norte novo do meu Paraná...do seu Paraná, antes , muitas décadas antes, de mim... lembro dos chanfros, das frestas, dos tacos lindos lindos de madeira desgastada que colavas com pixe, piche, derretido a fogo de maçarico, a fogo de gás no fogão, a fogo, a ferro do fogo do alumínio meio que derretendo, a sanha de conservar a casa como agora sanho de sonhar o sonho de assossegar nesse apê que ora cuido com ganas de ser o último! Pai meu que estás comigo sempre! Meu DNA insesto do cesto da homo fonia que ora replico: PAI NOSSO QUE ESTÁS CONOSCO, sempre, posto que aqui ninguém é filho da chocadeira do vizinho! Criado como pobre? A xuxu e angu? Sei lá, pois quando te conheci te banqueteavas de carne e bobó! Na Bandeirantes onde foste gerente da máquina de café, na Gonçalves Dias onde foste remediado funcionário de nível superior, tuas pintas epidérmicas, teus colesteróis elevados, tua tosse de pigarro de tanto dares dinheiros para as British Tobacco daqui, as Souzas Cruz, os Ministeres, os Du Mauriers, os raros Hollywoods, os ainda mais raros Continentais... onde fomos ao Bambu e ao Atlântico, na 9 de Julho e na Sampaio vidal, não dessa província, mas de Marília, onde eu e tu nascemos e onde jaz tua agora mesmo no Cemitério da Saudade! Ai meu pai que stás comigo nos domingos de Chico Anysio no fim de noite, depois dos Trapalhões1 Estás comigo aqui, junto ao teu filho/neto Ariel, já com 18, maior/menor de idade, que idade não é antiguidade, é merecimento. Estás velho como eu almejo ser! Estás velho de morto e enterrado, e por louco que isso seja para materialista, continuo a conversar com o Pai a mesma arenga que teria conversado ontem, no dia antes de tua morte, minha morte sempre um dia mais prestes a se achegar e abraçar e envolver, posto que aqui ninguém fica prá semente...Nem em Londrina, onde foste comigo vendar seu café, onde uma vez puseste a família a dormir num bom hotel do centro e descer para jantar no restaurante árabe do térreo, pimentas enormes e quibes crus e coalhadas e esfihas e zaatares, tanta coisa me lembro, charutos de uva, tahines e bakleuas. Depois aquele jeito de distribuir a grana: primeiro o básico, no supérfluo primeiro eu! E merecias, posto que tudo nos deste: escola, passeios de carro, suas festas malucas, seus patos mortos no quintal, suas loas a seus amigos doutores das faculdades (o anatomista e o químico-farmacêutico). Tu que corres sobre os paralelepípedos do pátio da empresa do Maracaí, sob o sol de 25 de Janeiro de 1984, corre prá pegar o 32 e morres de 5 do 3oitão, sei lá, morres tantas vezes em mim que parece que já te habito e relembro a mais dos 400 anos que nossa gente se bate e debate nessa São Paulo e seus sertões de meu Deus. Lembro teus filhos, irmãos e amigos que te saudam dionisiacamente na noite a dentro, adentro, a dentrantremente, dentro da noite em fim, enfim te digo que: Adentraste o mundo das mortes, o Hades mundo dos mortos, posto que foste vivo e vivo te mataram. Vó Claudimira, Bisavós Ana Flora e Vingoechea, Vô Luiz e Bisavôs Quinzinho e ferreiro de Mineiros, Goyaz Velho e Triângulo Mineiro todo, todos te olham e te guardam, como me guardas e guardo teus netos...Pois, "Pai Nosso que estais, VIVO É VOSSO SUMO!"

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