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sábado, 21 de novembro de 2009

Tietáicas águas

Porque um filete de água de Salesópolis vai parar em Buenos Aires, 4.500 km depois, sendo que a Praia de Boiçucanga em Bertioga a levaria ao mar há só míseros 25 ou 30 km em linha reta, é mistério geográfico que só Deus dobrando terrenos caprichosamente pelas eras geológicas pode contar como se faz!
Em outras palavras, mal entendo que capricho tem essa Bacia do Prata de vir "comer terra" do meio do Continente Sul Americano e se meter aqui nessas plagas que por "direito" (resta saber quem legisla) são de Paraíbas do Sul, Ribeiras, Itanhaéns e Velhos Chicos, Meios Nortes, Amazônias...
"O" Rio dos Paulista, assim contra a natureza, bandeirante mal caído da nau portuguesa e se embrenhando em busca de metais, vai de costas pro mar, caipira renitente, subiu a Serra do Mar para voltar a ele depois de velho e cansado.
Salesópolis, Biritiba-Mirim, Santa Isabel, Guararema, Arujá, Mogi das Cruzes, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, cada um, principalmente depois de Mogi das Cruzes, pregando um prego na cruz da pobreza, do desmatamento ciliar, do aterramento de várzeas (que seriam, de outra forma, um pantanal metropolitano!), da feiúra pobre de tijolos a vista, escancarada pobreza, esperança infinda de melhoria e beleza.
Aí já estamos na Capital, fedido e mal tratado, sofrido e sujo, sem oxigênio nem peixes. E depois é tentar suportar Osasco e Barueri, Santa de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus, Cabreúva, Salto e Porto Feliz, Tietê, Laranjal Paulista, Anhembi, Igaraçu do Tietê e Barra Bonita, Macatuba, Pederneiras, Itapuí, Bariri, Arealva, Itaju, Iacanga, Uru e Pongaí, Ibitinga, Sabino, Sales e Adolfo, Barbosa, Brejo Alegre e Buritama, Santo Antonio do Aracanguá, Sud Menuci, Terceira Aliança e Pereira Barreto e batendo lá na Ilha Solteira.
Depois já é uma mistura de águas com raízes mineiras e goianas, que vem descendo do Grande, do Parnaíba e de tantos outros, já juntados no que chamamos Paranazão, tal a dimensão dessas águas a nos separar do Mato Grosso do Sul.
Depois é descer a rasgar o que falta de Paranás, Paraguais, Santa Catarinas e Pampas gaúchos (os afluentes bem certo), Entre Rios, Corrientes e outras províncias argentinas para se espraiar no Tigre tingir Colônia do Sacramento (que já foi terra portuguesa) e Buenos Aires (essa sempre espanhola) com seu barro de terra vermelha que pegou aqui perto de casa, num canavial que daqui há pouco vai adoçar meu café.
Mas isso já são outras histórias...

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