"Primeiro, foi a “crise” do rompimento do PMDB com a Dilma.
Depois, foi a do ENEM, já devidamente reduzida à sua mais simples proporção: menos de mil provas precisarão ser refeitas.
Agora, o PiG (*) tentará fazer do Banco PanAmericano uma nova crise.
Botará a culpa no Lula, que recebeu uma visita do Silvio Santos.
Botará a culpa no Banco Central, que demorou a ver o tamanho do problema.
E, sobretudo, tentará enforcar a Caixa, que se tornou sócia com 37% das ações do PanAmericano, aproximadamente um ano antes de o banco implodir.
Vamos começar pela Caixa.
Quem bradou “fogo” foi, logo de manhã, no Bom (?) Dia Brasil, a urubóloga Miriam Leitão.
Como é que a Caixa sai por aí a comprar banco ?, ela perguntou.
A Miriam já tinha se aborrecido lá atrás, quando a Caixa emprestou dinheiro à, Petrobrás.
E este Conversa Afiada chegou à conclusão de que o único banco do mundo que não emprestaria à Petrobrás seria o banco do Miriam.
Agora, se pergunta a Miriam: como é que a Caixa se meteu num banco que tem esse rombo ?
Boa pergunta a fazer à KPMG, ao Banco Fator e à BL, instituições financeiras que, por um ano, entraram nas contas do PanAmericano antes de recomendar a operação à Caixa.
E os grandes bancos privados brasileiros que micaram com os fundos fictícios do PanAmericano ?
Eles também foram negligentes, ou segundo a urobóloga, só a Caixa foi ?
O que dizer da empresa americana que avalia riscos, a Fitch, que, depois da operação da Caixa, aumentou a nota do banco ?
E o Banco Central, que deixou passar as fraudes no balanço do PanAmericano, da mesma forma que o Banco Central do Governo Fernando Henrique se surpreendeu quando abriu a caixa preta do Nacional e do Bamerindus.
O fundamental nessa história toda é que existe essa instituição criada no Governo Fernando Henrique, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que tem dinheiro dos bancos.
Dinheiro privado.
Ali não tem um tusta do Erário ou da Viúva.
O FGC é uma “reserva técnica” dos próprios bancos para segurar o sistema, em caso de solavanco.
São mais de 20 bilhões de reais para não deixar a peteca cair.
O Silvio Santos deve a esses bancos privados, quem emprestaram a ele R$ 2,5 bilhões.
O PanAmericano vai continuar a operar.
O Silvio tem dez anos mais três de carência para pagar o que deve aos bancos privados.
Até lá, os bens ficam proporcionalmente penhorados.
(Ele não pode penhorar o SBT, porque a lei não deixa concessão de serviço público ser penhorada.)
O mais provável é que Silvio, aos 80 anos, venda o banco e, com o tempo, o SBT.
A Caixa vai receber o dela de volta, e usufruir do cadastro do PanAmericano para o financiamento de veículos, o principal motivo para a Caixa entrar no banco.
O FGC, ou seja, os bancos vão receber do Silvio o dinheiro de volta.
Ele empenhou quase toda a fortuna pessoal na oração.
O que é muito melhor do que se o Banco Central tivesse decretado a falência ou a intervenção.
Em resumo, trata-se de uma solução “de mercado”.
O que revela maturidade das instituições.
E o que resulta em credibilidade.
O mercado jogou dinheiro na fogueira para não se chamuscar.
O dinheiro do Erário não entrou na roda.
Os que eventualmente tiverem sumido com a grana do Silvio mais cedo ou mais tarde vão ter uma conversinha com a Polícia Federal.
E o Silvio vai cuidar da vida, provavelmente em Miami, onde adora assistir a televisão.
Paulo Henrique Amorim"
em http://www.conversaafiada.com.br/pig/2010/11/11/panamericano-do-silvio-nao-e-crise-%e2%80%9cmercado%e2%80%9d-deu-a-solucao/
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