Diário Esporádico: escrito por ROBERTO CORRÊA DE CERQUEIRA CÉSAR, um engenheiro escritor, taurino, pai de dois meninos (por quanto tempo ainda?), com cabelo embranquecendo e caindo, ficando cada dia mais cego!
Postagem em destaque
"Concreto"
Pedra, barro, massa Mão, calo, amassa! Levanta parede No ar D a hora Que se levante! Mora dentro F ora Vi...
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Sir Paul McCartney
Acho que foi em 1976 que meu pai comprou uma vitrola Philips. Vitrola era, na verdade, uma antiga marca que passou a dar nome aos toca discos. Tinha duas caixas de som (acho que cada uma tinha apenas um alto falante central), amplificadas e com dois fios de uns quatro metros, o que dava certa mobilidade às caixas de som para se adaptar às novas salas de estar e móveis. Antes tudo vinha num móvel de madeira, meio monobloco, sozinhos ou os mais modernos 3 em 1 (toca discos, reprodutor de fitas K-7 e rádio).
Ensinavam que se devia colocar perpendicularmente a 3 metros de distância, e se sentar ali na confluência da projeção dos cones sonoros, para se captar as nuances do "stereo", então estéreo.
Aprendi rapidinho. Passava horas deitado no chão, com as caixas coladas uma em cada ouvido, olhando o teto branco e viajando, percebendo que cada ouvido escutava coisas diferentes do arranjo. Meu pai comprou um monte de discos do Altemar Dutra e tangos e boleros. Minha mãe era pré bossa nova, comprou discos do Quarteto em Si com sambas canção em pout pourri.
Foi difícil descolar grana para comprar meus primeiros rocks do Led Zeppelin, depois Black Sabaths e por aí.
Em algum momento iluminado, entre latinidades mais antigas vindas dos pais e a modernidade pós Beatles do heavy metal que me fisgaria depois, o pai sacou que tinha que nos comprar algo mais "jovem".
Acho que foi isso que fez chegar em casa as duas coletâneas famosas dos Beatles, acho que a de 62-66 (com a borda vermelha) e a 66-70, com borda azul, os quatro meninos, virando rapagões e depois quase jovens senhores cabeludos. Eles foram se fotografando sucessivamente num prédio, que agora vejo no Google que era da sede londrina da Emi, em 1963 a primeira e depois subsequentemente alguns anos depois duas vezes na mesma composição (do Térreo se mira os quatro sorrindo olhando para baixo, com um teto talvez de vidro, translúcido ou tranparente, por fundo). Quase tão emblemática como os quatro atravessando a Abbey Road, perto do estúdio onde iniciaram a carreira londrina.
Meu pobre inglês escolar foi fartamente inseminado com as poesias dos caras, acho que Paul era mais compositor, mas não tenho certeza. Mas quase todas eram assinadas como Lennon-McCartney.
E acho difícil que dois caras possasm significar mais para jovens de todas idades, em rincões e metrópoles, de Liverpool a São Paulo, de Londres a Ribeirão Preto, de Nova Iorque a Marília.
Só sei dizer que aqui estou, pensando "Somethings" e "Eleanores Rigbys" e Nowhere Mens e Norwegian Woods e Yesterdays e tantas outras, são os Joões Gilbertos e os Toms Jobins deles, são os Caetanose os Chicos, os Miltons...
Velho, Paul, meu amigo inglês (sou amigo do Smith, mas o McCartney mora aqui dentro também) 68 agora não é mais a data no calendário, anos de revoluções juvenis, mas tua idade! Obrigado por tudo que deste!
E de pensar que ontem ele tava ali no Parque do Povo de bicicleta! Não fui nem vou ao Morumbi vê-lo, mas vê-lo aqui, sempre (provavelmente nunca!), tudo isso isso me comove. Seu protuguês canhestro foi simpaticíssimo! Acho que esses caras viraram uma espécie de irmão mais velho de todos nós. Quase vivemos as vidas deles, 4 garotos de um bairro operário (só podia ter sido em Liverpool? mas foi lá, fazer o quê?).
Depois as casas dos primos me trouxeram Yes, Genesis, Beto Guedes, Miltons e tudo mais...
E nós aqui embalando a vida nessas canções...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário