(do blog de JJoão Bosco Rabelo, do Estadão)
Não importa a Pasta que ocupe, Antonio Palocci sempre estará na coordenação política do governo.
Até mesmo sem cargo, o que é improvável, ele participará das decisões políticas pelo conhecimento que tem do PT e pelo trânsito nas oposições.
A visibilidade de Palocci na campanha sinalizou claramente que sua reabilitação política está consolidada, em que pese ainda a memória da quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa.
Do ponto-de-vista político, a leitura é clara: absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Palocci teve salvo-conduto de Lula para buscar sua reinserção no cenário – e o fez com a absoluta confiança do mercado financeiro e empresarial, que jamais esteve ameaçada pelo episódio que o tirou do ministério da Fazenda.
A reação do mundo empresarial à sua queda sempre foi a de lamento, atribuída a um mau momento, daqueles capazes de infelicitar uma carreira. Como, de fato, tirou-lhe a possibilidade de estar hoje no lugar de Dilma Rousseff. Mas não de recomeçar.
Atribui-se ao seu trabalho na campanha a tranqüilidade do mercado com a mudança de governo, refletida na subida da bolsa logo após a eleição de Dilma.
A tal ponto que coube ao candidato da oposição, José Serra, o ônus de garantir que não mudaria substancialmente a política econômica.
Palocci funcionou como uma espécie de seguro para eleitores temerosos de aventuras nessa área.
A mesma desenvoltura não foi permitida a José Dirceu, por exemplo, que teve suas ações monitoradas – e algumas vezes criticada pela coordenação de campanha do PT.
Não obstante a influência que mantém no PT, e o trânsito em razoável parcela do segmento empresarial, Dirceu tem contra sua reabilitação a pendência do julgamento do mensalão pelo STF, onde consta como o articulador do processo que ameaçou o governo Lula.
Dirceu é consultado pelo governo e pelo partido, está em todas as comemorações , como a mais recente pela vitória de Dilma Rousseff, e na sua nova atividade de consultor encontra receptividade e êxito.
Seu obstáculo, portanto, é político e o condena a uma atuação de bastidor, da qual extrapola com freqüência – sempre sob a vigilância do governo e do PT.
Quando sai do limite imposto, é contido por Lula e pelos seus críticos. Foi assim quando falou a uma platéia de petroleiros que o governo Dilma seria, enfim, o governo do PT.
E, mais recentemente, quando foi criticado por participar do programa Roda-Viva, onde discorreu sobre o cenário político pós-eleição de Dilma.
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