Estertor de último dia de março. Cinzoutono friaquinho. Lembrava que era o desaniversário da "Gloriosa" "Revolução", vulgo golpe militar contra o Jango...48 anos como está prestes a completar esse que vos "fala".
Pulei cedo da cama; nem a mulher trabalhava, nem o filho cursinhista foi à aula. O outro, menino mais novo, normalmente dorme mesmo até tarde nesse dia. O apartamento quieto.
Lá fora, só uns faladores altissonantes quebram o silêncio junto com os ônibus na 9 de Julho.
Saí de camiseta, bermuda e chinelo. Gordo e não friorento sou, não preciso mais.
Empregadas e porteiros chegando, um ou outro faxineiro faxinando calçadas, a banca de jornal abrindo, a Padaria Bienal recebendo frutas de uma kombi e as atendenetes e o chapeiro alertas.
Café forte e curto, ponho pouco açúcar (não por estar de dieta, mas pelo prazer do amargo sabor, da escuridão calda, dos alcalóides e outras delícias que aprendemos atavicamente a gostar, desde a antiga Etiópia e a Arábia) e uma garrafa de água Bonafont (essa sim filha da dieta do Vigilantes do Peso; se não, seria um gordo misto quente de oito reais...).
Alvíssaras: minhas pedras no rim vão se dissolver, meu divertículo de colo sigmóide reentrará, meu colesterol vai baixar até a normalidade, as enzimas do fígado mostrarão que a esteatose se foi regredida, em fim, faço planos de uma vida ainda longa (mesmo que a maior das vidas humanas ainda assim seja um pingo num temporal). Contabilizo quase sempre se mais de metade já foi ou não (e cada vez terei mais certeza que já vou no meu segundo tempo e o fim está perto...).
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