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quinta-feira, 11 de março de 2010

Ode à Kátia 1986

Parece que eu danço
Corpo no ritmo das coisas
Bandeirinhas vermelhas de papel de seda
Símbolos dos dois sexos
Numa festa comício-dançante
Da qual só peguei sobras de confete

E serpentina para jogar na sua cabeça
Um grande carnaval
Agitando a bateria do coração
Rindo à toa nas filas
Na caras das figuras
Que nem quizeram fazer a opção
E votar
Em nós

Parece mentira
(só não é porque confio)
Sei que é besteira
Mas nem vou pensar no fim
Que há e dói

Mas não vou controlar
A síndrome da China que estoura
Minha carcaça e me mostra
Prá você que é
Dona desses dentes
Desses cachos dos cabelos
E seus pares de olhos
Orelhas e seus seios
Todos pontos do seu ventre

E mais
Você agora é demais
Você é tudo que eu quero
E disse já tudo que eu queria ouvir
Aos ouvidos que permanecem ávidos
Que não querem se cansar
Como os olhos e as idéias

Você é uma miragem?
Continua ainda
Fecho os olhos
E a menina minha amiga
Ainda dança
Sempre mais romance
Sempre mais sentidos
Sempre mais cinema
Sempre mais feliz

E os egos, atingidos pelos corpos
Massageados por atos e palavras
Mutuamente musicais
Um cântico dos cânticos
Nunca mais tristeza
Nunca mais noite vazia
Nunca mais sem você

Olhos loucos plageados
De comer fotografia
De comer a sua letra
E de comer você

E eu sendo comido
Inteiramente teu
E meu
Você toda minha
E sua

Suados, sorridos, sagrados
Salgados, sorvidos, sonados
Sustenidos em nós
Sorrateiros, descarados
Sensuais, simplesmente sofisticados
Sujos, santos, salmodiados
Salmos e trombetas
Prontos para sair

E para estar
Um ao lado do outro
Na praia, na montanha da cidade que for
Na rua, voando
Na Lua
Na sua ou na minha casa
Você me arrasa
E me faz viver

Me enlouquece de loucuras
E me aquece de carinhos
Mata a sede de saliva
Aparece e se esquiva
Volta nova na idéia
E eu gosto, falo pelo cotovelo
Frases feitas na cabeça de Medéia
Cheia de cobras e novelos

Fica faltando um detalhe:
Poder te ver com calma
Na cama, onde quer que seja
Com alma, com corpo
Com tempo, com tudo

Contudo às vezes desespero
E digo, e digo
Já vou!
Prá dizer
Que te amo

2 comentários:

Roberto Cerqueira disse...

A Kátia está comido desde outubro de 1986. Portanto temos já pouco mais de 25 anos de namoro. E nessa semana (29 de Fevereiro, nosso casamento é "bissexto") completaremos 20 anos de união civil formal. 20 anos de casados! BODAS DE PORCELANA!

Roberto Cerqueira disse...

Eu disse comiGo!!