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quarta-feira, 31 de março de 2010

Marília grande, sem brilho e sem viço

O centro da minha Marília está cada vez mais "Centro Velho": mais poluído de carros e ônibus, agitado pelo comércio diurno e, com menos moradores, entregue ao abandono da solidão noturna.
Na mesma proporção em que o "polvo" (bairros longínquos) se alastra na periferia, preciosidades mais antigas do centro são carcomidas pelo tempo, pela falta de vínculos positivos com a história e, no fundo, pela grande e profunda ignorância.
Tudo se tornando um bazar colorido, envidraçado, iluminado, um pouco sujo, empobrecido na sua arrogância de sub califórnias e alabamas. Um pouco "nordestino" e "roceiro", no que essas palavras guardam de sentidos mais negativos.
Exemplos: a Biblioteca, o Museu e o Teatro, precisando de manutenção (mas isso não bastaria: ia continuar faltando amor à cultura). O Paço Municipal (projeto de 1954 de Miguel Badra Júnior e Ginez Velanga) emporcalhado por "puxadinhos" hediondos e incúria de manutenção, querendo espelhar por fora a sordidez da política de Camarinhas e Bulgarellis. O prédio dos Correios, mais velho, e o do Senai, ambos ainda em pé, faceiam um rico patrimônio ferroviário que vai, meio vivo meio morto, sendo esfacelado pela ALL, prefeitura e os muitos particulares que canibalizam os antigos galpões (que foram sobretudo para armazenar café e insumos).
Na Avenida Sampaio Vidal (para nós era só "Avenida") restam firmes o Edifício Marília e a Galeria Santa Luzia, ecoando os anos 50 e 60, mas convivendo com as feiúras do Clipper (anos 70) e do Banco do Brasil (anos 80, talvez) e com os prédios mais ou menos grotescos que se espetaram no espigam depois.
O "ultimo casarão" (o "do médico", na Rua Dom Pedro , 37) é só um fastama decrépito de uma casa "senhorial" ou de "profissonal liberal bem sucedido", fantasma de si mesmo... Já devem ter tentado demoli-lo dezenas de vezes, acho que foi salvo por um tombamento!
Voltei aos Colégios Sagrado Coração de Jesus (esse, originalmente de 1934, pasmem! Essa data é quase uma era geológica anterior à minha, ou uma espécie de Idade Média da cidade...) e o Colégio Cristo Rei (o Diretor , Mateus Disner veio me receber amistosamente e me emocionou) preservam memórias e histórias de nós, mas estão muito vivos em seus complexos de edificações.
É bom sabermos de onde viemos, mesmo que nossas origens precisem mais cuidado!

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