Avançando rápido junto com os trilhos da britânica São Paulo Railway Company, o "general café" pariu nos anos 1920, 30 e 40 as cidades do espigão entre o Peixe e o Tibiriçá, paralelos do Tietê e Paranapanema na busca do Paraná, que desagua em Buenos Aires.
Nem se falava em "robusta", o que se conhecia era "arábica", planta iemenita, que o pastor árabe sabia que animava as cabritas...
Folha comprida e levemente encrespada nas bordas, de um verde intenso, bandeira, e brilhante: posso vê-lo na imaginação, pés antigos, alguns de muitas décadas e de 7 metros de altura, só se apanhava o café das pontas com uma longa escada triangular, duas pernas com os degraus e a terceira fazendo tripé, já que os troncos são frágeis, ruas intermináveis serpenteando curvas de nível. Algumas plantações eram "orgânicas", fertilizadas no estrume de boi e "cama" de galinhas e na palha, do próprio café, de arroz. Já se fazia fertilização líquida, pulverização de micro nutrientes quelados, lindas as cores dos sais de cobre, zinco, boro, molibdênio, magnésio, etc, que meu tio Roque Vilani pesava numa balancinha de braços e separava em frasquinhos como um farmacêutico, como um agrônomo prático que era, para depois fazer a sopa que ia no tanque da traseira do trator. A florada era espetáculo de pequenas flores, rendinhas brancas nos ramos marrons, os "chumbinhos" crescendo verde claro, as "cerejas" se inchando e avermelhando até a colheita sofrida. Sofrida para as plantas, para os frutos e para os colhedores (será que já aprendemos algo com os cafeicultores colombianos?), que a esperavam ansiosos para ter "o" dinheiro do ano. Famílias enormes, patriarcais, molambas algumas, nessa hora muitos braços faziam diferença. Lembro de uma de treze filhos, o pai com lábio leporino, submisso e sorridente, cujo toquinho de 4 anos, último da escadinha que se ia amiudando, apanhava seu tiquinho para compor uns cascalhos e matar a fome dos quinze na tapera de barro!
Trator com carreta se enchendo, sacos de pano grosso de algodão sujo de terra, descarregar no terreirão calçado e ficar virando com uns rodos grandes de aço, recolher tudo de noite, para não apanhar o sereno e tomar muito cuidado com chuva, mas ningém era bobo de deixar o tempo virar sem se aperceber, juntar os cones montanhas, cobrir com as lonas enceradas, botar os pneus velhos nas pontas para não descobrí-las um vento forte, guardar quando seco na tuia... vender prá Cooperativa, para o benefício, mas na hora certa! A "poupança" e a "bolsa" de todo aquele sistema complexo e arcaico ao mesmo tempo...
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