Eternas lembranças...
Costumes e padrões morais se alinham à cada época
Até as décadas de 40 e 50, as fotografias dos antepassados falecidos eram colocadas em molduras ovais e penduradas nos pregos da sala. Eram fotos em preto e branco e que a modernidade levou os fotógrafos a maquiar os retratos com tons rosa para que perecessem corados. A minha impressão era de que aquele costume era para apaziguar os mortos. O luto era para apaziguar os vivos. As mulheres se vestiam de preto para demonstrar que eram mulheres honestas, que ainda não se haviam esquecido do marido.
Os telefones de manivela fizeram parte de minha infância. Do telefone partia um fio que o ligava à central telefônica onde ficava a telefonista, assentada diante de um painel. Ao querer fazer um telefonema eu dava três giros na manivela, para me comunicar com a telefonista. Ela perguntava: “O número, faz favor”... Eu dizia: “Telefonista, por favor, 342”. A campainha do 342 tocava. A pessoa atendia. Terminada a ligação girava-se a manivela novamente três vezes.
Cheguei a ver mulheres cavalgando em silhão. Fiquei sabendo que foi a solução encontrada pelos artesãos defensores da castidade para evitar a indecência de uma mulher cavalgando de pernas abertas, como os homens. No silhão cavalgava-se assentado. De fato era perigoso para uma mulher cavalgar de pernas abertas, mormente se fosse virgem. Assentada no silhão, pernas castamente fechadas, o seu cavalo andava passo a passo, como se estivesse seguindo uma procissão.
Naquele tempo as cuecas eram de confecção caseira, assim como as calças do vestiário feminino, hoje, chamadas calcinhas. Essas não deveriam ser dependuradas em varais, onde poderiam ser vistas pelos homens. Chamadas também por V-8, nada tinham a ver com o motor de automóvel.
Muitas toalhas de banho eram feitas de sacos de algodão que eram descosturados, abertos, alvejados com folhas de mamão no coradouro.
Feliz era a noiva que no dia de seu casamento ganhava uma máquina de costura Singer. Um presente que seria seu instrumento de trabalho e sobrevivência caso o seu marido morresse.
Falar sobre mulheres grávidas era uma grosseria. Era melhor dizer que ficavam em “estado interessante”.
Vejam vocês, como as coisas mudaram...!
Rosalina Tanuri, da Comissão de Registros Históricos
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