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domingo, 27 de maio de 2012

O crônico e o agudo

As contas se acumulando, a geladeira vazia. A casa de herança é tudo que lhe resta e certamente cada vez cobrará mais manutenção do que seus parcos recursos lhe permitirão dispor.
O que lhe restou? Poucos amigos, a velha amiga (que no fundo sempre foi sua secreta paixão).
O que lhe restou: um nome, o sonho de seguir em frente, uma meia dúzia de clientes, que não lhe pagam a contento pelas mais diversas razões, faltas suas, falhas deles...uma puta vontade de começar de novo, mas como?
A visita do filhinho no sábado à tarde é o gatilho de uma cefaleia funesta. A pressão sobe, o choro depressivo vem. O hospital é o último ombro amigo (santa irmã mais velha que paga o bem vindo plano de saúde).
Motivo para uma carona da amiga, um carinho da parte dela, um mínimo de solidariedade das enfermeiras plantonistas, alguém que te salve, que te dê um analgésico, um sossega leão, um buscopan ou algo que o valha, bem fundo, picado na veia ou intramuscular.
Melhor seria um ópio, uma heroína, algo que o fizesse esquecer de vez das contas se acumulando, da geladeira vazia e da casa de herança que é tudo que lhe resta.

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