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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Cubatão não é como os diamantes

Longe iam os tempos dos índios e dos primeiros portugueses.
Roças, casas de tráfico de farinha de mandioca, bananais e engenhos de cana de açúcar ficaram para trás no século XX.
Veio a indústria papeleira, a petroquímica, os fertilizantes e a poluição.
Essa abrandara, mas o descaso geral grassava.
Santistas, nordestinos e migrantes de todas partes vinham se congregar em seus uniformes de peão.
Ônibus apinhados formando filas, entrando e saindo de buracos enlameados nas ruas gastas.
Na Plínio, um renque de restaurantes em barracos favelados, ditos "mosca frita", recebiam os caminhoneiros que se apinhavam por perto de um posto de combustível enorme, limpando as caçambas das safras do cerrado e lutando por um frete de retorno com fertilizante, cimento ou gesso.
O calor e a umidade faziam o serviço de deixar os telhados mal cuidados mais decrépitos em seus mofos e musgos enegrecidos.
O precipício da Serra do Mar ao fundo, como que intacto após 5 séculos de colonização, contrastava forte com a bulício mercantil e industrial.
Ali eu ganhava o pão.
E algum recheio.

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