Filho ateu convocado pela mãe idosa a peregrinar a pé até o Santuário.
Foi, pela devoção à própria mãe, Apparecida, pela caminhada e pelo passeio em Aparecida do Norte.
Dormiram num dos piores "hotéis" (a Pousada Santana) da vida. Aproveitaram como crianças, antes de irem para cama, ela a missa e ambos as barracas de comida da festa de Santa Ana na Praça e Igreja em Roseira.
Acordaram às 4 e meia (nem dormiram direito devido aos colchões ruins, lençóis de nada, cheiro de outras cabeças nos travesseiros, miasmas vindos dos esgotos. Um bolor entranhado em tudo, coisa comum em construções "pobres", principalmente nesses vales, o do Paraíba quente e úmido quase como o do Ribeira, para ele os mais conhecidos).
Cidades mortas...
Saídos na madrugadinha, o início foi uma aventura de perigos imprevistos, sem laternas, de noite na estrada ("caminho da fé"), a "estrada antiga", paralela à Dutra depois de Pindamonhangaba e Roseira. Caminhões, motos e carros velozes, eles se equilibrando numa faixa exígua entre a pista estreita e o acostamento (não pavimentado, com degrau enorme, buracos, barro da última chuva, mato e, quiçá, bichos peçonhentos).
Obrigações cumpridas (velas, mão de cera para "queimar" o "tumor", missa, promessas, ex votos, o final da caminhada interminável até a Matriz antiga na íngrime passarela da fé, foto em frente à Matriz, no centro "antigo", etc) voltaram de táxi para pegar o carro em Roseira e partiram para os quase trezentos quilômetros da volta.
Vieram debatendo acaloradamente, ele negando e ela reafirmando, sobre a veracidade dos possíveis milagres (o achamento da imagem na rede, a pesca "milagrosa" que se seguira, muitas histórias que se seguiram nos séculos posteriores) que fazem o mito do lugar há quase 300 anos.
Almoçaram em Nazaré Paulista.
No restaurante a quilo, o prato dela pesou o mesmo que o dele, ambos deram exatamente R$ 5,67. A comida interiorana boa pediu repetição. Repartiram outro prato. O mesmo peso de novo! Três vezes R$ 5,67!
Seria um sinal da Santa Nossa Senhora da Conceição Aparecida? Espantados, falaram em jogar na loteria.
Animados pela fé dela e, agora, pela cobiça dele, foram à Lotérica ver se havia o improvável bilhete, pelo menos com alguma combinação dos três algarismos. São 100.000 números de bilhetes possíveis, talvez 10% "servissem" (mas a cabeça dele não conseguia mais fazer as contas que no colégio ou na faculdade teriam lhe dado até prazer)...
Na Lotérica, entre todas combinações, imaginem!, lá estava o bilhete, quase gritando na vitrine.
A fila grande não andava, lentíssima sob o sol da tarde, após todo o frio da semana passada. A tensão de ambos aumentando!
Na frente deles na fila estava uma velhinha do local. Quando finalmente chegou no guichê, ela mandou:
- Me dá esse bilhete, o 64.567!
A mãe e o filho não podiam ficar mais incrédulos e frustrados!
E a mãe:
- Na certa ela precisa mais que nós. E isso é milagre também!
Dois dias depois, na quarta feira, deu o prêmio maior na cabeça!!
2 comentários:
oi Betão
Li sobre viagem .Sinto que não deu a sorte.Adorei seu blog
Tia Lucila,
Na verdade, compramos o bilhete inteiro e a extração será no próximo sábado. "Teoricamente" eu e a Mamãe temos mais 100 mil cada!
É só a Santa Aparecida não me falhar!
Rsrs
Beijo do
Beto
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