Queria prima irmã Grega Bermejas,
Desde então pareço ligado por um umbigo a você. Sua raiva me causa medo, tenho duas bolas de barbante na barriga e na garganta, o peso de um caminhão sobre o coração, não rio, perdi a fome e não durmo direito. O trabalho virou um fardo. Semana ruim.
Espero que a sua tenha sido menos pior (não que a minha, mas que as suas últimas...)
Isso pelo menos teve duas consequências positivas: descobri que não sou sociopata (aquele que não sente remorsos, agora mesmo choro de tristeza) e pensei que a dor que lhe causei podia funcionar como a topada que damos no dedão do pé quando estamos com uma dor lancinante em outro órgão.
Freud talvez me explique, mas não sou psicanalista, menos ainda investigador.
Eu quis inventar uma causa para o fim abrupto dele.
As lacunas fáticas decorrentes da distância, da falta de intimidade e convivência deram no que deram.
Minha vileza extrema e inconsequência fizeram o resto.
O tema era: por quê? Porquê não seguir o caminho altivo de bárbaras marias, de dignos luas, de tantos que enfrentam, mesmo que ranhetas, o naufrágio dos dias com a dignidade de um capitão que não abandona seu barco que afunda?
Sei que a ferida é grave e talvez agora não seja eu o lenitivo.
Mas dentre os medos que tive estiveram seguir à risca o perfil que traçaste de mim e o de repetir a sina desses irmãos.
Por favor, não duvide do meu amor a você, a ele, aos manos e à tia e a todos.
Não confunda o que passei com desdém e pilhéria.
Agora, entre outras motivações, vou me esforçar como só um irmão poderia para te fazer sorrir como naquelas longínquas férias litorâneas...
Aceita meu beijo por hoje!
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