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domingo, 28 de julho de 2013

Deixando o Pago (poema de João da Cunha Vargas musicado por Vitor Ramil)

Alcei a perna no pingo E saí sem rumo certo Olhei o pampa deserto E o céu fincado no chão Troquei as rédeas de mão Mudei o pala de braço E vi a lua no espaço Clareando todo o rincão E a trotezito no mais Fui aumentando a distância Deixar o rancho da infância Coberto pela neblina Nunca pensei que minha sina Fosse andar longe do pago E trago na boca o amargo Dum doce beijo de china Sempre gostei da morena É a minha cor predileta Da carreira em cancha reta Dum truco numa carona Dum churrasco de mamona Na sombra do arvoredo Onde se oculta o segredo Num teclado de cordeona Cruzo a última cancela Do campo pro corredor E sinto um perfume de flor Que brotou na primavera. À noite, linda que era, Banhada pelo luar Tive ganas de chorar Ao ver meu rancho tapera Como é linda a liberdade Sobre o lombo do cavalo E ouvir o canto do galo Anunciando a madrugada Dormir na beira da estrada Num sono largo e sereno E ver que o mundo é pequeno E que a vida não vale nada O pingo tranqueava largo Na direção de um bolicho Onde se ouvia o cochicho De uma cordeona acordada Era linda a madrugada A estrela d'alva saía No rastro das três marias Na volta grande da estrada Era um baile, um casamento Quem sabe algum batizado Eu não era convidado Mas tava ali de cruzada Bolicho em beira de estrada Sempre tem um índio vago Cachaça pra tomar um trago Carpeta pra uma carteada Falam muito no destino Até nem sei se acredito Eu fui criado solito Mas sempre bem prevenido Índio do queixo torcido Que se amansou na experiência Eu vou voltar pra querência Lugar onde fui parido

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