Outono tropical!
Acordei às seis na casa da mãe em Sousas.
Galos cantavam e anunciavam o dia, travo de noite na aurora austral.
Logo veio o sol, tímido, os pássaros (lá são tantos, e tem também saguis, gambás e outros bichos). Café forte sem açúcar, banana nanica e caqui rama forte!
O dia cresceu na manhã, trabalhei duro no jardim, tudo impecável.
Na beira da piscina o azul se fez como em Fès: água clara transparente cristalina.
Salvei marimbondos cavalo, abelhas e besouros que se afogavam, presos ainda na teia da tensão superfical da água fria da piscina.
Nadei, o corpo retesado, atravessando a piscina debaixo d'água.
Churrasqueei com os irmãos, a cunhada, a mãe.
Pinga, vinho e cerveja porque ninguém é de ferro e o tender e a picanha pediam esses temperos, mas tudo pouco, de novo porque ningém é de ferro. Muito alface, farofa e arroz marroquino (uma nova receita da mãe com amêndoas, uvas passas e grão de bico, supimpa).
Depois pegar a Bandeirantes e vir a 120 por hora de Honda Fit!
Céu azul até a Marginal, onde de longe se vê a abóbada enegrecida do ar poluído da metrópole!
Mas nem a "paoluição" me entristece hoje: vivo e bem!
Diário Esporádico: escrito por ROBERTO CORRÊA DE CERQUEIRA CÉSAR, um engenheiro escritor, taurino, pai de dois meninos (por quanto tempo ainda?), com cabelo embranquecendo e caindo, ficando cada dia mais cego!
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"Concreto"
Pedra, barro, massa Mão, calo, amassa! Levanta parede No ar D a hora Que se levante! Mora dentro F ora Vi...
quarta-feira, 29 de abril de 2009
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Efemérides e cidade natal
Páscoa, Tiradentes, Dia do Trabalho.
No meio disso, hoje, meu aniversário.
Mas o assunto é outro, já que aos 45 não tenho ganas de comemorar especialmente nada além de um bom vinho para acompanhar a língua de boi que cozinhei, a quinua e o cozido de pimentão, tomates pelados e cenouras.
O aniversário tão trivial como um refeição a mais.
O assunto cenral então é o itinerário daqui até Marília, para onde fui e voltei de moto. Quase 900 km ida e volta! Meu recorde absoluto! Fui em oito horas e voltei em mais ainda, já que fui "direto" e na volta dormi numa pousadinha em Torre de Pedra.
Castelo Branco todinha: São Paulo, marginal Pinheiros, Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira, Araçariguama, São Roque, Sorocaba, Iperó, Boituva, Cesário Lange, Tatuí, Porangaba, Torre de Pedra, Bofete, Pardinho, Itatinga, Iaras, Aguas de Santa Bárbara, 315 km de São Paulo até o fim da Castelo, virar à direita, deixar Santa Cruz do Rio Pardo para o Sul à esquerda e ir para Espírito Santo do Turvo, Paulistânia, Floresta, deixar essa estrada e ir à esquerda para Cabrália Paulista e Duartina, trocar de estrada de novo, passar para a Bauru-Marília, vencer Gália, Garça, Jafa, Vera Cruz e Lácio e rever a terra natal.
Não sei quantos cafés, xixis, paradas para se ajeitar no banco da moto, esticar as pernas e fazer uma ginastiquinha, tomar água, comer, nadar na cachoeira, ver cidadezinhas meio sonolentas, comprar coisas em suas lojinhas, viver, sentir que a estrada ainda me chama, que tenho muito que curtir minha região oeste, meu estado, meu país e esse continente sul americano.
E lá na ponta, no fim do caminho, tinha o Sérgio, tinha a Angélica, outros companheiros, churrasco gostoso no Gaúcho, na manhã seguinte café expresso, esfiha de carne e água com gás na Padaria Orly, depois mais carne (fraldinha deliciosa) na casa do Sérgio no almoço do dia seguinte, refri, papo pro ar, música boa na Unesp, sonhos e recordações, vontade de curtir!
E a curtição em si, um retorno, um reencontro comigo depois de um ano, depois de ir e voltar do Marrocos, depois de já estar enfrentando esse desemprego por mais de dois meses...
Sabe de uma coisa: amanhã pego a moto e vou para Campinas!
Ficar de papo pro ar na bela casa da mãe em Sousas!
No meio disso, hoje, meu aniversário.
Mas o assunto é outro, já que aos 45 não tenho ganas de comemorar especialmente nada além de um bom vinho para acompanhar a língua de boi que cozinhei, a quinua e o cozido de pimentão, tomates pelados e cenouras.
O aniversário tão trivial como um refeição a mais.
O assunto cenral então é o itinerário daqui até Marília, para onde fui e voltei de moto. Quase 900 km ida e volta! Meu recorde absoluto! Fui em oito horas e voltei em mais ainda, já que fui "direto" e na volta dormi numa pousadinha em Torre de Pedra.
Castelo Branco todinha: São Paulo, marginal Pinheiros, Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira, Araçariguama, São Roque, Sorocaba, Iperó, Boituva, Cesário Lange, Tatuí, Porangaba, Torre de Pedra, Bofete, Pardinho, Itatinga, Iaras, Aguas de Santa Bárbara, 315 km de São Paulo até o fim da Castelo, virar à direita, deixar Santa Cruz do Rio Pardo para o Sul à esquerda e ir para Espírito Santo do Turvo, Paulistânia, Floresta, deixar essa estrada e ir à esquerda para Cabrália Paulista e Duartina, trocar de estrada de novo, passar para a Bauru-Marília, vencer Gália, Garça, Jafa, Vera Cruz e Lácio e rever a terra natal.
Não sei quantos cafés, xixis, paradas para se ajeitar no banco da moto, esticar as pernas e fazer uma ginastiquinha, tomar água, comer, nadar na cachoeira, ver cidadezinhas meio sonolentas, comprar coisas em suas lojinhas, viver, sentir que a estrada ainda me chama, que tenho muito que curtir minha região oeste, meu estado, meu país e esse continente sul americano.
E lá na ponta, no fim do caminho, tinha o Sérgio, tinha a Angélica, outros companheiros, churrasco gostoso no Gaúcho, na manhã seguinte café expresso, esfiha de carne e água com gás na Padaria Orly, depois mais carne (fraldinha deliciosa) na casa do Sérgio no almoço do dia seguinte, refri, papo pro ar, música boa na Unesp, sonhos e recordações, vontade de curtir!
E a curtição em si, um retorno, um reencontro comigo depois de um ano, depois de ir e voltar do Marrocos, depois de já estar enfrentando esse desemprego por mais de dois meses...
Sabe de uma coisa: amanhã pego a moto e vou para Campinas!
Ficar de papo pro ar na bela casa da mãe em Sousas!
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Câncer de mama e tumor de pança
Minha tia peituda e meu amigo barrigudo fizeram operações quase simultaneamente.
Ela em Jundiaí e ele aqui no Nove de Julho.
Ambos passam bem, aparentemente ambos curados.
Deus sabe o quanto temi por seus corações parando e os deixando nas mãos, nos roubando os dias ainda por curtir...
Temo as anestesias gerais e os cortes profundos, que nos tiram as dores e nos arrancam os males, mas são arriscados.
A tia sofreu e sofrerá mais, aparentemente, pois tirou um seio, pôs enxerto de músculo das costas, fará quimio e talvez radioterapias e ainda terá que acertar a plástica dos seios (diminuir o farto restante e botar prótese no amputado).
O amigo, antes do anatomo-patológico, só precisou de uma videolaparoscopia e precisará de uns antibióticos, mas menos traumas.
Não somos eternos, mas quero que eles vivam cem anos e eu cem anos menos um dia para não ter que enterrar tantas pessoas queridas!
Viver é também suceder nossos antecessores.
Ela em Jundiaí e ele aqui no Nove de Julho.
Ambos passam bem, aparentemente ambos curados.
Deus sabe o quanto temi por seus corações parando e os deixando nas mãos, nos roubando os dias ainda por curtir...
Temo as anestesias gerais e os cortes profundos, que nos tiram as dores e nos arrancam os males, mas são arriscados.
A tia sofreu e sofrerá mais, aparentemente, pois tirou um seio, pôs enxerto de músculo das costas, fará quimio e talvez radioterapias e ainda terá que acertar a plástica dos seios (diminuir o farto restante e botar prótese no amputado).
O amigo, antes do anatomo-patológico, só precisou de uma videolaparoscopia e precisará de uns antibióticos, mas menos traumas.
Não somos eternos, mas quero que eles vivam cem anos e eu cem anos menos um dia para não ter que enterrar tantas pessoas queridas!
Viver é também suceder nossos antecessores.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Katyn
Fui ver esse filme do Andrej Wajda.
Grande cinema!
Mas os temas, ódio ao nazismo e ao stalinismo, ainda doem.
E os nacionalismos (no caso o polonês) emprensados no meio não são necessariamente melhores, também são ódios (aos judeus, aos "negros" de todas espécie, etc).
Precisamos de menos "ismos" e mais fraternidade.
Grande cinema!
Mas os temas, ódio ao nazismo e ao stalinismo, ainda doem.
E os nacionalismos (no caso o polonês) emprensados no meio não são necessariamente melhores, também são ódios (aos judeus, aos "negros" de todas espécie, etc).
Precisamos de menos "ismos" e mais fraternidade.
Mães
A do Sérgião avecezou como o pai da Eduarda, que virou vegetal.
A do Guto cancerou: rezamos por ela. A da Sandra cuida do tio demente.
Esquecer é pior que lembrar!
A mãe da Kátia queria poder se achegar, mas tagarela e some. A da Ismênia ia vir e passou direto: não a vi. A do Gui, sempre atarefada, busca fogo para uma paz remota.
A do Gabriel, também é azougue e a dos meus filhos trabalha e tem pouco tempo para se divertir, quando não enxaqueca.
As mães são mansões de afeto e neuroses, são o refúgio certo do qual fugimos, tão fechadas as janelas dessas mansões. Às vezes às mães faltam os ares que eles insistem em roubar dos filhos, tão protetoras.
A minha mãe é louca, mas é massa.
Cuido dela quando posso.
Quero dar a ela um apezinho, sem mais jardins, salões ou muito entra e sai.
A minha mãe é velha, septuagenária. Deve querer ficar quieta.
Todo velho gosta de esperar sossegado a maldita das gentes!
A do Guto cancerou: rezamos por ela. A da Sandra cuida do tio demente.
Esquecer é pior que lembrar!
A mãe da Kátia queria poder se achegar, mas tagarela e some. A da Ismênia ia vir e passou direto: não a vi. A do Gui, sempre atarefada, busca fogo para uma paz remota.
A do Gabriel, também é azougue e a dos meus filhos trabalha e tem pouco tempo para se divertir, quando não enxaqueca.
As mães são mansões de afeto e neuroses, são o refúgio certo do qual fugimos, tão fechadas as janelas dessas mansões. Às vezes às mães faltam os ares que eles insistem em roubar dos filhos, tão protetoras.
A minha mãe é louca, mas é massa.
Cuido dela quando posso.
Quero dar a ela um apezinho, sem mais jardins, salões ou muito entra e sai.
A minha mãe é velha, septuagenária. Deve querer ficar quieta.
Todo velho gosta de esperar sossegado a maldita das gentes!
Vésperas de Aniversário
Apesar de pouco supersticioso, sigo o horóscopo do Quiroga, do Estadão.
Ele e os demais astrólogos dizem que os dias que antecedem nosso aniversário são momentos de transição, melhor encerrar antigos assuntos que iniciar novas batalhas, coisas assim.
E assim me sinto.
Muitas coisas se quebraram dentro de mim e agora colo os pedaços, rejunto os ladrilhos e azulejos, calafeto trinchas e rachaduras, pinto, repinto, reforço alicerces solapados.
Abril se abre pelos seus meados.
Passou a Páscoa, como tinham passados Natais, Anos Novos, Férias e Carnavais.
2009 se adianta, amadurece, outoneia para invernar.
O Oeste me chama já (faz mais de um ano que não revejo Marília...).
Mas esse Leste paulistano me acolhe como um útero.
Em breve renascerei!
Ele e os demais astrólogos dizem que os dias que antecedem nosso aniversário são momentos de transição, melhor encerrar antigos assuntos que iniciar novas batalhas, coisas assim.
E assim me sinto.
Muitas coisas se quebraram dentro de mim e agora colo os pedaços, rejunto os ladrilhos e azulejos, calafeto trinchas e rachaduras, pinto, repinto, reforço alicerces solapados.
Abril se abre pelos seus meados.
Passou a Páscoa, como tinham passados Natais, Anos Novos, Férias e Carnavais.
2009 se adianta, amadurece, outoneia para invernar.
O Oeste me chama já (faz mais de um ano que não revejo Marília...).
Mas esse Leste paulistano me acolhe como um útero.
Em breve renascerei!
sábado, 4 de abril de 2009
Leite derramado
Sobre o novo livro do Chico e sobre mim.
Não choremos!
Pois meus: filhos, mulher, paisagens, dias, ações,
Sonhos, estares, fazeres e desfazeres,
Prazeres e desgostos,
Tudo de mim só a mim pertence.
Todos querem ser lôngevos.
Longos avós.
Mas nem todos vivem muito, nem sempre se vive bem.
A vida é mistério profundo, luta insana por vezes.
Nada importa, só o amor.
Nem o amor.
Mais e menos.
Tudo, unidade do desconexo.
Spinoza sopra algo.
Não choremos!
Pois meus: filhos, mulher, paisagens, dias, ações,
Sonhos, estares, fazeres e desfazeres,
Prazeres e desgostos,
Tudo de mim só a mim pertence.
Todos querem ser lôngevos.
Longos avós.
Mas nem todos vivem muito, nem sempre se vive bem.
A vida é mistério profundo, luta insana por vezes.
Nada importa, só o amor.
Nem o amor.
Mais e menos.
Tudo, unidade do desconexo.
Spinoza sopra algo.
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