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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

1o de Dezembro, último mês do ano de 2015

A vontade que um ano extremamente ruim termine logo só é diminuída pela certeza que acelerar a vida vai contra a enorme vontade de ficar nessa Terra por muito mais tempo do que o amor à minha inútil vida e minha certeza da mortalidade impelem.
Queria conhecer ainda Zanzibar, Pemba, Bali, a Austrália toda, se possível, deambular pelas Áfricas infindas, palmilhar os Andes, ir quem sabe ao Mar Morto, visitar várias partes da Grande Rússia, as estepes da Ásia Central, o longínquo Japão, sei lá.
Conhecer os humanos, mais tipos deles, suas cidades e campos.
Já desisti de empreender, de amealhar, de enriquecer, de ser famoso.
Nem aquela floresta quero mais plantar para as gerações vindouras.
Tomaria o tempo que quero livre, para quem saber escrever um livro.
Mas queria ainda belas praias, veredas, grandes sertões.
Restaurantes classudos e pés sujos deliciosos em lugares pitorescos.
Mas não.
Não temos tempo suficiente para vivermos o que queremos.
A vida é por si só uma incompletude.
Buscamos o amor de alguém, queremos nos unir através de duas minúsculas células e legar a outrem a nossa miséria, como disse o Bruxo do Cosme Velho.
Lutamos pela admiração de outros humanos,  a submissão de nossos fãs e desafetos.
Precisamos do contato humano.
Caso contrário, por que não nos isolaríamos num sítio remoto?

Que nada!
Acho que vou acabar abrindo um boteco.
Ficar num balcão ouvindo abobrinhas e comendo petiscos.

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