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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Dois anos se vão

A revolta que a autoimolação violenta me causou passou.
Lembranças doces dos risos, dos copos, papos, dos pratos que compartilhamos.
Um pecado eu escondo.  Convivamos com a existência desse segredo.
Mas ele é apenas uma gota no mar de verdades secretas que somos e que nos rodeiam.
Entendi que os motivos de cada um são individuais.
Não há como nem porque coletivizá-los ou socializá-los.
Querer impor nossos pesos e medidas é vão.
Lutemos pelo império da Lei, mas com liberdades individuais imensas.
E o condenacionismo pode ser também uma perversão.
Já encontrei um dos seus irmãos, outro alívio.
Talvez seu coração esteja mais em paz.
O meu foi se aguentando. Bom cabrito não berra.
Fiquei mais velho também.
E nosso entrevero serviu para ajudar a matar em mim minha cidade natal.
Perdi algo.
Ganhei mais foco no que está fora de Marília, ou seja, minha vida quase toda.
Talvez você já tenha perdoado, pelo menos parcialmente.
Quero que a gente não se odeie.
Infelizmente não nos reencontraremos, acho, em solo dos nossos pais, nosso país.
Só o acaso nos colocará frente a frente. Pena.
Queria a amizade e o amor.
Fique você com o convívio físico das lembranças da nossa "fazenda iluminada"... e das inexoráveis transformações que ela fatalmente passará.
Se não for pedir muito, peço Fraternidade, pelo menos!
 

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