No dia do rodízio municipal do meu carro em São Paulo, volto no fim da tarde de Cubatão e estaciono no Habib´s (uma lanchonete de comida árabe) perto do Terminal Rodoviário do Jabaquara. Tenho que esperar até às 8 da noite!
As pessoas definitivamente não são do meu bairro. E, se já há o anonimato metropolitano perto de casa, aqui é se multiplica por mil. Sou só, profundamente.
Olho as faces, os corpos imersos no calor de Dezembro que os vários ventiladores potentes pregados nas colunas do amplo salão arejado não dão conta de amainar: são brasileiros, paulistas e migrantes, são da Zona Sul de Sampa. Poucos estrangeiros se arrojariam até aqui.
A maioria jovens, casais, pessoas avulsas, famílias e grupos de amigos. Muita deselegância informal nas roupas "classe C emergente", mas todos, podemos dizer, estão "bem vestidos", à despeito das providenciais muitas pernas e ombros à mostra. E, ainda mais ali, estão todos também com a tripa forra, "bem alimentados"!
Olhar essa multidão assim, alegre e relaxada, me relaxa e alegra. Não cabe ali tanto banzo de não ter sido o que não fui. Não combina com a luz baça do crepúsculo difuso na névoa abafada.
Querer ser o que não sou e sofrer por isso não me cabe mais.
O tilintar de pratos, copos e talheres, os sons da cozinha e das conversas faz uma sonoplastia incoerente para as três tevês de tela plana montadas sob o teto em triângulo equilátero, mudas, apresentando esportes, hora futebol, outra hora canoagem, wheeling de bike, futebol australiano!
Sou mais um mudo nessa massa paulistana barulhenta. Nem rico, nem bonito, nem famoso, nem esperto, nem descolado.
Só um homem de meia idade tentando se acostumar a morrer para aprender a viver feliz!
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