Quem viveu seus amores debaixo do cipreste do Generalife?
Quem furou poços vendo a água ser canalizada ao lados das escadas, e acalentou as rosas e gerânios e todas outras mil flores floridas do Patio da Acequia, refletiu no Patio de los Leones antes de dar audiência em salas régias??
Quem se não alguém que me legou uma gota de seu sangue?
Quem se não uma molécula de água, que foi um fluido corporal qualquer e hoje existe dentro de mim?
Quem se não um ancestral mesmo que inventado, mas cativado, cultivado, dentro aqui, que acalentou paredes e jardins, que amou e foi traído talvez, que viveu o apogeu e o declínio daqueles reinos, que fez alianças com outros mouros e com "cristianos", que lutou pela vida, que defendeu os seus, que pensou outro mundo melhor para os filhos???
Quem se não um homem que habita em mim, um menino que olha os pórticos da elevação e vê a planura, a muralha da sierra e sabe que além há um mar antigo, batido de ondas por atravessar, que a vida é não vida e a morte não morte?
Caminhantes sobre a terra, esses homens (seja o rei ou o seu jardineiro) são meus irmãos: damos as mãos, beijamos os rostos e repartimos nosso pão fraternamente, pelos séculos dos séculos!
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