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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

My Heritage

Paguei um kit de DNA.
Recebi um kit com dois cotonetes e tubinhos,  raspei as bochechas por dentro, postei e agora sei mais  um pouco sobre quem sou, no sentido de saber de onde vieram meus antepassados.
Por um montão de informações sempre disse que eu era um portuga caldeado, portanto 1/3 judeu, 1/3 muçulmano e 1/3 cristão.
Soube depois de minhas heranças bascas e andaluzas.
Morei no Marrocos e sempre me soube mouro.
Agora vem esse resultado.
65,1% Ibérico
13,2 % Ashquenazita
8,1 % Báltico
7,8 % Norte Africano
3,6 % Italiano
1,3% Nigeriano e
0, 9% Índio
Sei que não podia estar mais feliz.
Espero que os resultados sejam "verdadeiros" (não achei nada que desabone a empresa e seus métodos, mas incertezas deve haver e muitas).
O mais curioso é que ficaram agora mais "elos perdidos" que antes.
Sempre me senti muito cristão novo.
Depois me senti marrano, criptojudeu, filho da promessa.
Depois namorei a Míriam e era quase um goi schwarz, mas super bem aceito no gueto polaco (e leste europeu em geral) judeu de São Paulo. Fui em casamentos, filmes na Hebraica, no Gershom Sholem.
E fui feliz, algo me dizia, sei lá por que cargas, que aquilo me pertencia também. Agora tenho certeza, só não sei como.
O nigeriano,... bem...., minha bunda, meu nariz, meu cabelo encaracolado (racistas chamaram de "ruim"), tudo já dizia, gritava, que meus traços negróides estavam ali para dizer, parafraseando um sociólogo gagá, que "eu tenho um pé na cozinha", na senzala, lá no fundo do canavial, no pisadô!
Ou quiçá tudo ao reverso.
Pode ser assim: um negro meio príncipe que veio no eito pro Uruguay, tornou-se gaucho, chefe de tropa na Cisplatina matando muitos brasileiros. Ferido, ficou e trocou de coxilha.
Casou com charrua bonita. O filho deles casou com uma judia bielorrussa e a filha deles casou com um marinheiro letoniano judeu desceu em terra no Porto dos Cassais ou no Desterro. Esse casal Vingoetxea pariu minha bisavó Ana Flora!
Que teve boa vida de esposa citadina de um funcionário médio (professor, contador, gestor público, etc.) e, quando a política virou pros conservadores paulistas, pulou num trem, afivelou as ilhargas, meteu as bruacas no lombo das tropa e nas carroças e saiu com o doce Quinzinho e uma já filharada de 4 pelo sertão da Farinha Podre até as terras de Cora e dali, quando de novo a política se virou, coreu mais muitas léguas e se meteu em Mineiros.
Muitos anos depois (dezessete só em Goiás) Quinzinho e Ana Flora vieram de volta prá Piracicaba em 1923. Em 1927 vieram, pela mão do vô Luiz, que era já casado com a Claudimira Rezende Carrijo de Olivera, morar na Fazenda Floresta lá em Avencas (que foi alvo de disputas familiares veladas, certos irmãos se sentido lesados na partilha, e hoje é da família Dias Tóffoli).
O bisavô Quinzinho morreu em Marília em 11 de Agosto 1939 com 76 anos e a bisavó Ana Flora também morreu em lá em Marília, em 18 de Novembro de 1956 com 87 anos.
Se não é verdade, serve de poesia.
Dá um livro.
Aliás, já sou todas novelas de mim.

2 comentários:

blogaudiovintage disse...

Askenazhi? Pensei que você fosse sefardhita. Grande abraço, Feliz Natal e Próspero Ano Novo a todos.

Roberto Cerqueira disse...

Clovão, essa é a parte "reveladora" do teste. Eu sempre me soube sefardita, marrano, cristão novo. Proporções relativamente definidas (seriam os clássicos um pouco mais de 1/3 cristão, e um pouco mais de 1/3 judeu e menos de 1/3 muçulmano; as proporções são "chutes" "sociológicos" baseados em hábitos das casas dos avós). Ou seja, dos meus 65% ibéricos eu seria, chuto, 25% cristão, 25% judeu e 15% muçulmano). Nunca soube se meu sangue báltico nem ashkenazita. Tenho hipóteses. 1 - Pool genético antigo: poderiam ser velhas migrações que afetaram meus ancestrais ibéricos (há "germânicos", "húngaros", "escandinavos", "celtas", "francos", "provençais" e"lituanos", além dos óbvios asiáticos e mouros e africanos subsaharianos e tudo o mais no sangue ibérico). E tem a minha hipótese 2 - uma bisavó Ana Flora Braga Vingoetxea, ou Bengoetchea, ou Vincochea. De Itapetininga, pouco levantamos de suas origens (basca uruguaia, alguns de seus antepassados estiveram contra os brasileiros nas guerras de independência do Uruguai. Tenho uma velha foto dela, nos anos 40 na Fazenda Floresta em Avencas. O fotógrafo foi meu tio dinamarquês Jörgen Kaasberg (ele é um dos grandes genealogistas da família, além do Tio Paulo Egydio, irmão do meu avô Luiz Egydio). Isso posto, invento um lugar onde esse bisa me trouxe todos os sangues de Euskadi, De Vilna, de Lagos e de uma maloca. Estou feliz como pinto no lixo!