Como tinha ficado de corrigir a declaração de imposto de renda, pedi o dia ao chefe.
Saí cedo de casa, de moto, com medo da chuva e do trânsito sempre complicado, ainda mais ir lá na Vila Alpina, a Zona Leste é quase uma cidade desconhecida e um pouco intimidadora para mim.
Cheguei lá quase dez da manhã.
Na minha frente na fila, um par de nipo-brasileiros ladeados por várias mulheres (achei que eram dois "primos" e três "tias") foram informados para ligar daqui há 15 dias, os fornos deram problemas, dos 3 só 1 funcionou durante uns dias, as cremações "de ossos" atrasaram...
Quando o funcionário me deu atenção, perguntei a ele se o meu caso era semelhante (já pressentindo a perda da viagem...). Mas não! Tuas cinzas estavam lá!
No final eram mais pesadas e em maior quantidade que o que eu tinha previsto. Não comprei urna nem nada. Vieste nas minhas costas, na mochilinha que levei prá isso, num saco de plástico identificado, numa sacola de papel branco que o crematório dá, com seu certificado de cremação (minha fama é talvez ruim, é melhor eu ter todos essas identificações do pacote para não acharem que burlei a família e peguei um saco com um pó semelhante qualquer para enganá-los).
Quando falei com a tua mãe, ela já imaginava que era isso...que eu tinha cumprido mais essa missão que abracei não com alegria, mas com abnegação.
Mas o principal, que já sabes, acho, pois se converso contigo você deve estar naquele umbral encantando, vendo tudo, tudo sabendo...
Vão dar teu nome para uma UBS de Jundiaí, num daqueles bairros bem pobres, onde lutaste para melhorar o atendimento público de saúde aos mais necessitados.
Boquirrotos falam que "nada do governo presta". Eles deviam dobrar a língua antes de falarem de mulheres como tu, minha irmã, nossas primas e tias, meu pai, etc. Funcionários públicos, mais que exemplares, indispensáveis! Valeu prima! Vamos "te espalhar", esse nadinha que deixaste no mundo material, pelos caminhos das catraias de Vicente de Carvalho, da Praia do Góis e da Pouca Farinha...Tuas idéias perdurarão!
Diário Esporádico: escrito por ROBERTO CORRÊA DE CERQUEIRA CÉSAR, um engenheiro escritor, taurino, pai de dois meninos (por quanto tempo ainda?), com cabelo embranquecendo e caindo, ficando cada dia mais cego!
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"Concreto"
Pedra, barro, massa Mão, calo, amassa! Levanta parede No ar D a hora Que se levante! Mora dentro F ora Vi...
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Catherine Deneuve faz 70 anos hoje
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Fer
Não há previsibilidade, aparentemente Deus joga dados.
"Todos" da Saúde de Jund estavam lá, nós também...
Suas cinzas vão ser espargidas em Santos.
Siga em paz, não se preocupe com o filho nem com a mãe.
Suas lições de compromisso e ética foram absorvidas.
Por mais tristes que estejamos pela tua falta, estaremos todos bem!
"Todos" da Saúde de Jund estavam lá, nós também...
Suas cinzas vão ser espargidas em Santos.
Siga em paz, não se preocupe com o filho nem com a mãe.
Suas lições de compromisso e ética foram absorvidas.
Por mais tristes que estejamos pela tua falta, estaremos todos bem!
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Eduardo Campos e Marina Silva
"Dudu Beleza" é o lixo final da cepa do Arraes.
Vem para, com a "voz maviosa" de Marina Silva (essa sim um esdrugum político que mistura AOG com huauasca) dar o alento necessário à direita (serrada por José Chirico e por "Aecinho do Pó").
Eu continuo dando seta prá esquerda.
Dilma neles!
Vem para, com a "voz maviosa" de Marina Silva (essa sim um esdrugum político que mistura AOG com huauasca) dar o alento necessário à direita (serrada por José Chirico e por "Aecinho do Pó").
Eu continuo dando seta prá esquerda.
Dilma neles!
Príncipe Herdeiro
O inglês me chamou.
Acertamos os ponteiros, que bom!
Dei meia volta lá depois de Trindade e voltei.
Amanhã no São Luiz, sétimo!
A cabala toda deve terminar me tirando do vale de lágrimas!
Quem duvidou que a vida recomeça aos 50?
Acertamos os ponteiros, que bom!
Dei meia volta lá depois de Trindade e voltei.
Amanhã no São Luiz, sétimo!
A cabala toda deve terminar me tirando do vale de lágrimas!
Quem duvidou que a vida recomeça aos 50?
domingo, 6 de outubro de 2013
Bernardo Paz do Inhotim e eu
A obra é deslumbrante. O ponto alto talvez tenha sido o Tunga, mas Cildo e Varejão rivalizam...
Os jardins? As galerias? Tudo deslumbrante!
Fomos almoçar no "Tamboril" e o "dono" estava lá, pensei que fosse o Osvaldo Montenegro (rsrsrs). Ele veio com sua barba e cabelos longos brancos e me cumprimentou como se fosse eu habituê e velho amigo!
Valeu Nhô Tim, valeu seu Bernardo Paz!
Os jardins? As galerias? Tudo deslumbrante!
Fomos almoçar no "Tamboril" e o "dono" estava lá, pensei que fosse o Osvaldo Montenegro (rsrsrs). Ele veio com sua barba e cabelos longos brancos e me cumprimentou como se fosse eu habituê e velho amigo!
Valeu Nhô Tim, valeu seu Bernardo Paz!
Dja e eu
Em BH na última sexta à noite no lindo e enorme Palácio das Artes (porque os idiotas só falam mal dos governos?!) teve o show do Djavan.
Ele está em ótima forma às vésperas de completar 65 anos (nasceu em 27 de janeiro de 1949).
E os músicos?! Carlos Bala (bateria), Glauton Campello (teclados), Jessé Sadoc (flügel horn e trompete), Marcelo Mariano (baixo), Marcelo Martins (flauta, saxofone), Paulo Calasans (teclados) e Torcuato Mariano (guitarras e violões), é a mesma banda que gravou o álbum "Rua dos Amores", está afinadíssima, posto que, além de feras, tocam com Djavan (com interrupções...) há 25 anos.
Numa fase mais avançada do show (que durou adoráveis duas horas!) quando todos mais próximos do palco (eram 1700 lugares lotados!) já estavam de pé dançando e cantando em coro ele se dispôs a ir até à beira do palco e pegou as mãos de cada um que as apresentava.
Quando chegou minha vez (sim, eu estava no gargarejo, os 200 mangos mais bem gastos da minha história recente) eu só disse olhando ele nos olhos: "Maravilhoso!".
O que mais se pode dizer de uma abrida de boca só?
Valeu Dja!
Ele está em ótima forma às vésperas de completar 65 anos (nasceu em 27 de janeiro de 1949).
E os músicos?! Carlos Bala (bateria), Glauton Campello (teclados), Jessé Sadoc (flügel horn e trompete), Marcelo Mariano (baixo), Marcelo Martins (flauta, saxofone), Paulo Calasans (teclados) e Torcuato Mariano (guitarras e violões), é a mesma banda que gravou o álbum "Rua dos Amores", está afinadíssima, posto que, além de feras, tocam com Djavan (com interrupções...) há 25 anos.
Numa fase mais avançada do show (que durou adoráveis duas horas!) quando todos mais próximos do palco (eram 1700 lugares lotados!) já estavam de pé dançando e cantando em coro ele se dispôs a ir até à beira do palco e pegou as mãos de cada um que as apresentava.
Quando chegou minha vez (sim, eu estava no gargarejo, os 200 mangos mais bem gastos da minha história recente) eu só disse olhando ele nos olhos: "Maravilhoso!".
O que mais se pode dizer de uma abrida de boca só?
Valeu Dja!
O Padre Wilson do Caraça e eu
Imaginem: 4 últimos velhos padres mantendo toda essa tradição já de 240 anos!
"Perdidos" aqui nesse Leste de Minas desde 1774... E o lobo guará, será que vem? Pois veio, mesmo se eu estava bêbado de pinga "Aroma do Caraça", fumando e jogando xadrez e damas com os moleques. Mas os mais de 100 meninos esperaram em um silêncio que nenhum dos professores e monitores podia crer! Como podiam ficar ali quietinhos? Coisa do clima de monastério?? Não era sua majestade o lobinho guará que viria e veio. Matreiro, só vem se e quando quer! Se eu o tivesse visto, bem. Como não vi, Amém!
"Perdidos" aqui nesse Leste de Minas desde 1774... E o lobo guará, será que vem? Pois veio, mesmo se eu estava bêbado de pinga "Aroma do Caraça", fumando e jogando xadrez e damas com os moleques. Mas os mais de 100 meninos esperaram em um silêncio que nenhum dos professores e monitores podia crer! Como podiam ficar ali quietinhos? Coisa do clima de monastério?? Não era sua majestade o lobinho guará que viria e veio. Matreiro, só vem se e quando quer! Se eu o tivesse visto, bem. Como não vi, Amém!
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Outros trens bons
Agora em Ouro Preto, ex Vila Rica...
Tomar cerveja e pinga locais e sofisticadas em bares chiques, fumar um cigarrinho, bater perna no sobe e desce ladeira no piso irregular dos "pés de moleques" dos leitos carroçáveis das ruas, algumas de inclinação impensável, Barroco & Barraco, mijar atrás do cemiteriozinho com portão de caveirinhas atrás da igreja com um lindo som de carrilhão na hora da Ave Maria, um pão de queijo com 50% de queijo canastra, esperar tudo isso acontecer, 29 anos após ter vindo e namorado, cansar, banhar, amar, jantar salada e filé alto e vermelho por dentro com molho grosso de pimenta verde e batatas coradas e couve, dormir como um anjo!
Sonhar problemas (um assalto) com o irmão e sobrinhos e, acordando, revelar que era só um pesadelo!
No dia seguinte se embrenhar no fundo da Mina da Passagem e bater perna em Mariana.
A vida é, por enquanto, maior que a morte.
Tomar cerveja e pinga locais e sofisticadas em bares chiques, fumar um cigarrinho, bater perna no sobe e desce ladeira no piso irregular dos "pés de moleques" dos leitos carroçáveis das ruas, algumas de inclinação impensável, Barroco & Barraco, mijar atrás do cemiteriozinho com portão de caveirinhas atrás da igreja com um lindo som de carrilhão na hora da Ave Maria, um pão de queijo com 50% de queijo canastra, esperar tudo isso acontecer, 29 anos após ter vindo e namorado, cansar, banhar, amar, jantar salada e filé alto e vermelho por dentro com molho grosso de pimenta verde e batatas coradas e couve, dormir como um anjo!
Sonhar problemas (um assalto) com o irmão e sobrinhos e, acordando, revelar que era só um pesadelo!
No dia seguinte se embrenhar no fundo da Mina da Passagem e bater perna em Mariana.
A vida é, por enquanto, maior que a morte.
Alvorada festiva
5 horas de uma manhã de segunda feira, último dia de setembro de 2013, vendo o dia nascer na frente da igreja de São Francisco e do pólo de engenharia da universidade federal de São Joâo del Rei...
Escuto a varrição de um gari e pássaros que se apresentam com as primeiras luzes.
O tempo perde sentido. Não importa mais que horas são. Fico ali parado, prestando atenção em tudo e em nada, como criança absorta.
As vozes, os galos, pernilongos, motores e trepidações de rodas nos parelelepípedos.
E sobretudo os pássaros! Psitacídeos mis; chilreios, pios e uns quase grasnados. E, de repente, uma badalada solitária e tímida. Seriam 5 e 15 ou 5 e meia?
Finalmente converso com as coisas, agora amigas. Para além de São Francisco de Assis que conversava com animais ou os sermões de Santo Antônio de Pádua e de Lisbôa aos peixes.
Agora eu era Zen. Zen nada na cabeça! Apenas uma dissolução do eu nas coisas daquela hora e lugar.
Um bentevi precipitou o vôo de um bando de maritacas ou outro papagaiozinho. Eu escrevia numa escrivaninha que invejava, apesar da machetaria grosseirona. Aquela dúzia ou mais de gavetinhas em arco, nichos abertos ou com portinhas, onde eu organizasse minhas coleções de inutilidades e uma ou outra necessidade. Uma chave, que nunca seria usada, para trancar o tampo de trabalho, que uma vez aberto se apoia em dois suportes retráteis.
A vida era essa escrivaninha da alma...
Escuto a varrição de um gari e pássaros que se apresentam com as primeiras luzes.
O tempo perde sentido. Não importa mais que horas são. Fico ali parado, prestando atenção em tudo e em nada, como criança absorta.
As vozes, os galos, pernilongos, motores e trepidações de rodas nos parelelepípedos.
E sobretudo os pássaros! Psitacídeos mis; chilreios, pios e uns quase grasnados. E, de repente, uma badalada solitária e tímida. Seriam 5 e 15 ou 5 e meia?
Finalmente converso com as coisas, agora amigas. Para além de São Francisco de Assis que conversava com animais ou os sermões de Santo Antônio de Pádua e de Lisbôa aos peixes.
Agora eu era Zen. Zen nada na cabeça! Apenas uma dissolução do eu nas coisas daquela hora e lugar.
Um bentevi precipitou o vôo de um bando de maritacas ou outro papagaiozinho. Eu escrevia numa escrivaninha que invejava, apesar da machetaria grosseirona. Aquela dúzia ou mais de gavetinhas em arco, nichos abertos ou com portinhas, onde eu organizasse minhas coleções de inutilidades e uma ou outra necessidade. Uma chave, que nunca seria usada, para trancar o tampo de trabalho, que uma vez aberto se apoia em dois suportes retráteis.
A vida era essa escrivaninha da alma...
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