Marília sempre esteve atrás.
Lembro que falavam nos anos 60 que a televisão já tinha chegado em Bauru e só depois de alguns anos chegou em Marília. Com menos canais, pois Bauru tinha mais antenas repetidoras...
Uma das primeiras vezes que lembro de ter ido a Bauru, anos 70, tive a forte impressão de estar em uma cidade "de filme americano", pois na Avenida Rodrigues Alves os carros estacionavam a 45 graus e havia parquímetros. E a fachada das lojas, mais bonitas, lembravam o "grande irmão do Norte".
Alguns anos depois ela, Bauru, talvez já no fim dos 70 ou começo dos anos 80, teve um calçadão no centro, depois teve um shopping center.
Baldado dizer que a minha pobre Marília só veio ter esses "progressos" muito depois da "grande Bauru".
E Bauru ainda tinha aqueles tanques enormes de diesel e gasolina, que por ramais ferroviários das distribuidoras de derivados de petróleo enchiam centenas de vagões que então caíam na calha da bitola estreita da EFNB, Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que com a Paulista e a Mogiana faziam de Bauru o maior entroncamento rodo ferroviário do Brasil de então, abastecendo o Mato Grosso, o Norte do Paraná, o Paraguai e a Bolívia.
Marília nunca teve aqueles tanques que pareciam de uma refinaria de petróleo. Se conformava então com os armazéns de café, como a remeter à escravidão (que pela juventude das cidades do oeste paulista ali não houve; mas teve muita opressão nas colônias de fazendas que conheci). E o Aeroporto de Bauru tinha os enormes aviões a jato (principalmente dos Correios) que deixavam a "acanhada Marília", com seu aeroporto de "teco-tecos" (muito depois um ou outro Bandeirante) no chinelo da "pujante Bauru".
E nem vamos falar do sanduíche que leva o nome da cidade desafeto da minha terra natal.
E para piorar, devo contar sobre aquele canal de televisão de São José do Rio Preto que pegava, "entrava", só de vez quando na tevê de casa. (Lembro de uns pornôs soft que rolavam nas madrugas de sexta ou sábado, quando ninguém disputava a tevê comigo, que delícia!). Depois ainda teve o canal de Bauru, com o Luiz Carlos Azenha, magrinho e recém formado, mas mandando notícias direto para a Capital...Os canais de tevê de Marília ainda hoje não produziram algo que seja relevante, suponho.
Marília sempre esteve atrás.
Atrás literalmente de Bauru, para quem como eu a olhava com olhar de meio caiçara, da Santos da minha mãe.
E hoje a vejo com um olhar meio de paulistano, como penso que sou agora.
Marília sempre esteve atrás de Ribeirão, de Araraquara, de São Carlos.
Sei lá, é um destino manifesto, uma coisa do visgo de jaca que amarra as pessoas ali ou as deixa lentas.
Nem a Faculdade de Medicina, a famosa Famema, nem a Unesp, meio coitadinha ali, vão azeitar e diluir esse visgo, e a Unimar e a Univem parece que produzem mais dele a cada dia, com o apoio luxuoso do Abelardo e do Vinícius Camarinha!
Ai que saudade do leite materno, do Yara e do Tênis, dos Bancários, da Máquina União, do Yarinha, do 515, do Institutão, do Amílcare e do Cristo Rei!
Nenhum comentário:
Postar um comentário